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Encontros têm eixos temáticos para levar conteúdos específicos que possam despertar o interesse dos alunos. | Divulgação.
Encontros têm eixos temáticos para levar conteúdos específicos que possam despertar o interesse dos alunos.| Foto: Divulgação.

O biólogo Sam Adam Hoffmann Conceição sempre se incomodou com a falta de experiências práticas nas aulas de ciências da escola pública. Foi assim que em 2010 ele criou o site Ciência Curiosa, um portal de divulgação científica que agrupa vídeos de experiências filmadas, produzidos especialmente para uso em aulas de educação básica.

Anos depois, com o objetivo de divulgar a ciência e despertar o interesse dos estudantes, o projeto cresceu e se transformou na Iniciativa Divulgadores, que realiza eventos científicos em escolas, especialmente por meio da promoção de clubes de ciências.

Os clubes funcionam com encontros que procuram levar aos estudantes aulas com qualidades técnicas de nível de graduação, mas com linguagem e conteúdos adaptados para o Ensino Fundamental e Médio. Os encontros têm eixos temáticos para levar conteúdos específicos que possam despertar o interesse dos alunos. 

“No ano passado, o foco foi Anatomia Animal Comparada, o que acabou sendo muito interessante tendo em vista o número de alunos interessados em seguir uma carreira nas áreas de biologia e medicina veterinária”, diz Sam.

O projeto desenvolvido no ano letivo de 2017 atendeu cerca de 500 alunos de escolas públicas, levando aos estudantes aulas práticas sobre anatomia animal. “Os alunos puderam vivenciar uma experiência diferenciada de aula, puderam tocar em órgãos e estruturas anatômicas, coisa que muito dificilmente aconteceria nestas escolas, por serem de regiões bem carentes”, explica Hoffmann. 

Evolução natural

Segundo Hoffmann, o Ciência Curiosa surgiu ao perceber a lacuna de professores de ciências que não faziam experimentos na escola por falta de estrutura.[2] Com a Iniciativa Divulgadores, o aparato e as oportunidades de aprendizagem são levado até as escolas. 

“Os alunos que querem se tornar atletas, buscam seu sonho em escolinhas de futebol, academias de karatê, judô, tae kwon do, vôlei, e outros, não nas aulas de educação física da escola. Os que querem se tornar artistas buscam aulas de música, desenho, teatro, também fora da escola. Agora, aqueles alunos que têm interesse em entender o universo, os animais, ou que querem descobrir mais sobre máquinas, inteligência artificial, enfim, os fanáticos por ciência e tecnologia, estão reféns das aulas de física, química e biologia do currículo escolar, em escolas que em grande parte nem possuem um laboratório. Para estes alunos que a Iniciativa Divulgadores foi criada”, destaca.

2018: “Planejamos atender pelo menos 500 alunos”, diz Hoffmann. Divulgação.

Diferencial

O projeto começou a ser desenvolvido por Hoffman durante o seu mestrado em Ensino de Ciências e Tecnologia, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). 

No primeiro ano letivo de desenvolvimento, a iniciativa contou com o apoio de entidades como o Museu de História Natural do Capão da Imbuia, que emprestou materiais para a realização das atividades. Isso possibilitou aos alunos um contato com recursos físicos que não fazem parte do cotidiano das escolas públicas. 

“O grande diferencial foi que os alunos puderam aprender de maneira prática, tocando e sentindo os órgãos. O ponto alto de todos os encontros, tanto para alunos do Ensino Médio como para os do Fundamental, foi o momento de falar sobre o sistema nervoso, no qual eles puderam tocar em um cérebro de verdade”, destaca Hoffmann. 

Para o próximo ano letivo, a expectativa é buscar parcerias que possibilitem aumentar o número de alunos atendidos. 

“Planejamos atender pelo menos 500 alunos”, diz Hoffmann. “Em vez de fazer um único encontro expositivo, como foi no último ano, pretendemos trabalhar em 20 encontros, quinzenalmente. Estes eventos serão intercalados entre momentos de experiências sobre ciência e tecnologia e momentos de produção e pesquisa de conhecimento para algo que seja relevante nas comunidades em que os alunos estejam inseridos.” 

A mudança de formato do projeto pretende fomentar a criação de clubes de ciência que façam parte, de fato, da aprendizagem em longo prazo. “A ideia é realmente formar um clube de ciência que esteja ao alcance do aluno ao longo do ano letivo inteiro, no qual ele possa desenvolver seu potencial científico e tecnológico.”

Criatividade e engajamento de professores e diretores conseguem fazer diferença na vida dos alunos. 👏👏👏

Publicado por Gazeta do Povo em Segunda, 25 de dezembro de 2017
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