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Aline Kleim e Amália Dornellas, ambas da primeira leva de formandos da PUCPR incluídos no ProUni | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Aline Kleim e Amália Dornellas, ambas da primeira leva de formandos da PUCPR incluídos no ProUni| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

Notas altas e evasão baixa

Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) os bolsistas do ProUni têm um desempenho acadêmico considerado superior em relação aos demais alunos. Uma das explicações está nas regras do programa: a reprovação pode resultar em perda parcial do benefício e a reincidência pode findá-lo. "Os estudantes sabem que conseguir uma nova oportunidade como essa é quase impossível", diz o diretor de assuntos acadêmicos, Maurício Ribeiro. Ele argumenta que a universidade já possuía um sistema de concessão de bolsas e que o ProUni foi responsável por fortalecê-lo. "Uma das finalidades das instituições de ensino é oportunizar o conhecimento para todo mundo, o que inclui os que não têm condições financeiras."

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As recém-formadas Aline Kleim e Amália Dornellas, ambas com 22 anos, conseguiram cursar uma universidade graças ao ProUni. Elas fazem parte da primeira turma do programa na PUCPR e estão entre os 90% que colaram grau. Aline se graduou ano passado em Design e já está trabalhando na área. "Mesmo que minha família fizesse um esforço enorme, não conseguiríamos pagar um curso superior. Foi uma oportunidade para conquistar um espaço melhor no mercado de trabalho".

Amália é bacharel em Jornalismo e também está trabalhando. A história é a mesma de Aline: sem o ProUni não conseguiria se tornar jornalista. Ambas contam que não tiveram problemas de adaptação nos cursos. "Era representante de turma e os colegas sempre me trataram com respeito e nunca com diferença em relação aos demais", diz Amália.

As duas novas profissionais também não sentiram nenhuma dificuldade em relação ao ensino. Contam que mesmo antes de chegar aos bancos universitários, já estudavam muito, pois sabiam que o caminho não seria fácil. "Não houve problemas de adaptação", garante Aline. A designer e a jornalista também programam continuar os estudos. Amália vai tentar entrar em um programa de mestrado. "Quero me especializar e me tornar uma excelente profissional", afirma a jornalista.

As famílias também ficaram muito orgulhosas. Os pais vêm na realização um feito que não poderiam custear. "Minha avó disse que quase teve um ataque do coração. Fui a primeira pessoa da família a ter um curso superior", festeja Amália. (PC)

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O ProUni – Programa Universidade para Todos – completou quatro anos em 2008 com um saldo positivo: o número total de bolsas de estudo saltou de 112 mil em 2005 para 225 mil, totalizando mais de 450 mil concessões. O programa do governo federal tem como objetivo repassar bolsas parciais e integrais para estudantes de baixa renda em universidades particulares. As instituições ganham em contrapartida a isenção de cinco impostos, entre eles o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

Apesar disso, o ProUni não é unanimidade entre os educadores. Há os que reclamam dos critérios de seleção. Os alunos devem ter renda per capita familiar máxima de três salários mínimos e serem egressos do ensino público, ou particular com bolsa integral. O argumento é que em muitos casos os estudantes fazem um esforço e unem a renda de toda a família para poder pagar um cursinho pré-vestibular ou ganham os estudos de algum padrinho. Mas não quer dizer que possam pagar uma universidade. Esses estudantes automaticamente ficam fora do programa.

Outra crítica é que o governo deveria investir na criação de vagas nas universidades públicas, que possuem maior investimento em setores como pesquisa e extensão. O governo diz que, por um lado, a criação de vagas exige mais verba, e que, por outro, o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (ReUni) vai sanar esse problemas nas universidades federais. Com o ProUni, o governo quase não tem gastos, apenas deixa de arrecadar impostos.

Os estudantes do programa são selecionados de acordo com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quem vai melhor tem a chance de ocupar as vagas nos cursos mais concorridos, como Medicina e Direito. Os alunos que atingem nota inferior a 45 estão fora. Como a disputa está acirrada, há casos em que o último colocado entra com nota 60 ou 70.

O objetivo do governo federal é tentar cumprir a principal meta do Plano Nacional de Educação quando o assunto é ensino superior: ter pelo menos 30% dos jovens com idade entre 18 e 24 anos nos bancos universitários até 2011. Hoje, esse índice é de 16%. De acordo com especialistas, para cumprir a meta o caminho será árduo.

Somente no Paraná, o número de bolsistas saltou de 9.483 para 14.042 em quatro anos. Em Curitiba, foram 3.500 no último semestre de 2008 em mais de 20 instituições. O estado que mais oferece bolsas é São Paulo, com mais de 60 mil. A maior parte dos estudantes é branca, do sexo masculino e estuda à noite.

Outra crítica ao programa é que quase 70% dos cursos que tiraram nota 1 – a mínima – no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) abrigavam estudantes do Prouni. A legislação que criou o programa prevê que a instituição que tenha mal desempenho duas vezes seguidas seja descredenciada, mas como a avaliação dos cursos ocorre de três em três anos, o processo é demorado. A preocupação do governo é que o ProUni não se torne uma forma de faculdades ou centros universitários de baixa qualidade continuarem abertas.

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