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 | Marcos de Mello / Gazeta do Povo
| Foto: Marcos de Mello / Gazeta do Povo

O outro lado

Os professores também têm as suas estratégias

Embora os professores saibam que a cola é comum, não acham que seja fácil descobri-la. Por isso, a maioria adota medidas para evitá-la, como andar pela sala durante a prova ou ficar em um ponto que dê para ver os estudantes de costas. "Hoje os alunos usam principalmente as mensagens de celular", conta o professor da pós-graduação da Faculdade Evangélica do Paraná (Fepar) Cleiton Treml.

Além disso, os docentes lembram que a velha olhadinha para o lado, para a prova do colega, também é muito usada. Para driblá-la, os professores fazem provas discursivas – que dificultam a cópia do texto – ou de múltipla escolha – pois permitem que a ordem dos itens seja invertida e, assim, prejudicam quem tentou copiar.

As mais usadas

Saiba quais são as colas preferidas dos estudantes:

>> Cópia reduzida da matéria grudada embaixo da carteira.

>> Mensagem pelo celular.

>> Copiar as respostas ou até trocar de prova.

>> Escrever a lápis na carteira ou em algum lugar da sala onde o professor não perceba, como cartazes ou o próprio quadro-negro.

>> Colocar a cola dentro de uma caneta de tubo transparente.

>> Grudar cola na aba do boné.

>> Deixar uma cópia no banheiro e pedir para usá-lo durante a avaliação.

Contrariando o ditado popular, quem não cola pode até sair da escola, mas perde alguns momentos considerados por muitos alunos como divertidos e de adrenalina, como driblar o professor para dar aquela "espiadinha" nas anotações e evitar uma nota baixa nas provas.

Prática comum entre os estudantes, a cola é – obviamente – proibida nas universidades, mas, segundo professores e os próprios universitários, é difícil uma turma que não tenha pelo menos um caso no semestre. Geralmente, não existe uma punição fixa estabelecida pela instituição. Fica ao professor a incumbência de definir o que ocorrerá com o aluno: perderá a prova e tirará zero ou ganhará mais uma chance.

O critério da professora de Fisioterapia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) Renata Rothenbuhler é o horário em que ela percebe a cola. Se for no começo da avaliação, ela chama a atenção, tira a cola e deixa o aluno com a prova. Caso perceba só no final, dá zero e anexa a cola à prova. "Só chego ao extremo quando existem provas concretas da tentativa de fraude. Caso contrário, não", conta.

Entre as "artimanhas" mais curiosas que viu, está a de um estudante que colocou muitas anotações dentro da jaqueta e, para disfarçar, mexia as pernas com frequência para que Renata imaginasse que a cola estava lá. Ela caiu na estratégia, mandou que o jovem mudasse de lugar e então ele parou de fazer o movimento para que ela imaginasse que tinha parado de colar. Só alguns anos depois, já formado, é que o estudante revelou a sua técnica.

Engana-se quem pensa que a criatividade para por aí. As estratégias de cola são tão diversificadas que servem para só um aluno ou para uma turma inteira. Uma secretária executiva formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e que não quis ser identificada conseguiu, junto com as colegas, uma boa nota na disciplina de Economia graças a uma cola que, segundo ela, é inesquecível.

Elas fizeram uma pequena apostila com os assuntos da prova, encadernaram e colocaram sob o lixo do banheiro. Durante a avaliação, pediam para usá-lo, consultavam o material e voltavam para resolver as questões. "O professor não notou, mas acho que é preciso ter habilidade para fazer esse tipo de coisa sem ser visto", comenta.

Vantagens

Para a surpresa dos alunos, os professores apontam uma vantagem na cola. Enquanto o aluno a faz, consegue memorizar ou até aprender o conteúdo. "É muito comum o estudante nem usá-la, mas a faz para se sentir seguro caso dê um branco", comenta o professor da pós-graduação da Faculdade Evangélica do Paraná (Fepar) Cleiton Treml.

>>> Você já colou durante uma prova? O que você acha disso? Deixe seu comentário!

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