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As estudantes Fernanda (à esquerda), Isabella (centro) e Sílvia combinaram de ir para a mesma escola na mudança para o ensino médio | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
As estudantes Fernanda (à esquerda), Isabella (centro) e Sílvia combinaram de ir para a mesma escola na mudança para o ensino médio| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Limites

Época de ser do contra

A tarefa dos pais – de acompanhar de perto os adolescentes – não é nada fácil. A transgressão é uma das características principais dessa fase, quando os ensinamentos familiares são colocados em xeque. "Eles precisam contrariar tudo para conseguir firmar suas opiniões. Não fazem isso para aborrecer, é uma fase importante, que define que adulto eles vão ser", explica a psicopedagoga Isabel Parolin.

O limite entre cuidar e controlar demais é tênue. "Eles precisam de espaço, mas é claro que deve ser um espaço supervisionado, com limites. O papel do adulto é ser um cuidador que olha, orienta e encaminha."

Segundo a psicopedagoga, o principal erro dos pais é tratar os filhos como crianças e esquecer que todas as atitudes deles servem de exemplo. "Eles aprendem muito mais com exemplos do que com lições. É como se eles tivessem, na adolescência, passando a limpo tudo o que aprenderam. Os valores dos pais e as atitudes serão questionados e os adultos, pais e professores, serão os principais modelos de comportamento."

No auge da adolescência, a entrada no ensino médio significa um ritual de passagem a um mundo de mais independência e, consequentemente, de mais responsabilidade. As novidades são tantas e as dúvidas não acabam mais: "Com que roupa eu vou? Quantos alunos vão ter na minha sala? Será que eles vão gostar de mim? Como vão ser os meus professores?", lembra Fernanda Becker, 14 anos, contando suas aflições pouco antes do seu primeiro dia de aula, na segunda-feira passada. Desde que se conhece por gente, Fernanda estuda na mesma escola, que só tem até a oitava série. A mudança de colégio coincidiu com a entrada no ensino médio, que normalmente já é motivo de sobra para deixar os pais preocupados. "É algo que os meninos e meninas esperam muito. Para eles, isso quer dizer que estão ficando mais moços", afirma Isabel Parolin, psicopedagoga clínica mestre em Edu­cação. E são muitas as mudanças. Se antes eles eram os mais velhos da escola, agora são os mais novos. Os uniformes, muitas vezes, são aposentados. As disciplinas aumentam e ficam mais específicas. O vestibular, que estava distante, já começa a aparecer nas discussões de intervalo. "O impacto é muito grande. Essas séries finais da educação básica são essenciais para a formação integral do aluno", explica o chefe do Departamento de Educação Básica (DEB), da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Mary Lane Hutner.

Teoricamente, tanto os adolescentes quanto as escolas devem estar preparadas para essa transformação, mas cada um vai encarar esse novo ciclo de um modo diferente. "Alguns se consideram mais crianças, outros mais adultos. Isso faz com que uns reajam melhor do que outros", afirma Isabel.

O indicado é que pais e professores façam tudo o que puderem para minimizar os impactos da nova fase. "Na oitava série, fazemos reuniões com os alunos mostrando como é o ensino médio. Para os pais, pedimos que eles acompanhem os filhos em tudo, na escolha da nova escola, nos primeiros dias de aula", diz Lenita Venantte, diretora pedagógica do Colégio Stella Maris.

Fernanda decidiu a escola que iria estudar no meio do ano passado. As amigas Isabella de Souza Pereira e Silvia Takahashi ajudaram na escolha. As três foram para o mesmo colégio. "É perto da nossa casa e é bom que não ficamos sozinhas. É uma coisa a menos para se preocupar", conta Isabella. A mãe de Fernanda aprova. "Conversa­mos bastante e ela foi conhecer o colégio antes de decidir. Acho que vai ser tranquilo, ela é uma boa aluna", diz Eloise Corrêa.

Novidades demais

"Eu não estava preocupada com as matérias, mas com quem seriam os meus novos colegas e como eles iriam me receber", diz Isabella. Fernanda também acha que o mais difícil não será o conteúdo das disciplinas, e sim as novas amizades. Para a educadora Mary, são tantas as novidades que os adolescentes podem esquecer o estudo, e isso é preocupante. "É lógico que o espaço e as relações interpessoais interferem diretamente no aprendizado. A primeira série do ensino médio é a que mais tem repetência ou desistência. Os conteúdos são mais complexos."

As três amigas sabem que talvez terão de estudar mais, principalmente porque elas querem prestar Medicina daqui dois anos. "Muitos alunos perguntaram já no primeiro dia sobre o vestibular. Tenho medo de não acompanhar o conteúdo, dizem que é difícil", conta Sílvia.

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