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 | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

A oferta de atividades extracurriculares é um dos dez fatores determinantes do sucesso das escolas, segundo a pesquisa Redes de Aprendizagem, feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), publicada no ano passado e que destaca boas práticas de aprendizagem. Especialistas confirmam a importância deste tipo de trabalho, geralmente comum nas escolas particulares, mas que também pode ser encontrado em algumas públicas.

As atividades que envolvem exercícios físicos têm um papel importante para o crescimento da criança, além de contribuir para a prevenção de vários problemas de saúde, como depressão, colesterol alto e obesidade infantil. Mas os benefícios não são apenas para a saúde. "Quem pratica atividade física melhora o rendimento escolar e tem maior aproveitamento de notas", resume o cardiologista Icanor Ribeiro, de Londrina.

Já exercícios que envolvem música e teatro ajudam na construção de outras habilidades. Segundo a doutora em Educação Evelise Maria Labatut Portilho, professora de Pedagogia e do mestrado em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), as pessoas aprendem de diversas maneiras. "Algumas aprendem melhor lendo, outras ouvindo e outras com dramatização. É importante fazer aulas diferentes, que estimulem o desenvolvimento de outras características, de outros canais de inteligência. O canal de inteligência da arte é um deles", diz.

De acordo com Evelise, a oferta de atividades extraclasse aumentou nas escolas desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). A Lei número 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabeleceu que os chamados temas transversais oferecessem novas formas de aprender. Somada à questão da legislação, o ensino integral e a preocupação de famílias em ocupar o tempo de crianças e adolescentes, fora o horário normal de aula, aumentou a oferta de "aulas diferenciadas" nas escolas. "É preciso ter um equilíbrio. Não é porque tem tempo disponível que a família vai encher a criança de atividades. Assim, nada sairá benfeito. É importante reservar tempo para o lazer e para fazer as atividades da própria escola", diz.

Fora do tradicional

Natação, judô, balé e artes são as atividades mais comuns nas escolas, mas há algumas que inovam em suas opções. Em Londrina, o Colégio Pontual oferece aulas de circo. Ao som da patota de Chico Buarque e Os Trapalhões – "Uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravo! Superpiruetas, ultrapiruetas, bravo, bravo!" –, as crianças desenvolvem atividades circenses após as aulas. Entre malabarismos, acrobacias, equilibrismo, exercícios de solo e tecido, os alunos são estimulados a desenvolver força, concentração e equilíbrio.

O professor Luiz Henrique Silva, que dá aulas para um grupo de 14 crianças, diz que os exercícios aplicados durante as aulas de circo ajudam a ultrapassar limites, como a timidez, e estimulam a autoconfiança. Foi o que ocorreu com Eduardo Azalim Ligmanovski, de 9 anos, depois de iniciar a atividade em março deste ano. A mãe dele, Denise Ligmanovski, conta que o garoto passou a ser mais extrovertido. "Ele ficou mais expansivo e está mais alegre. O Eduardo chega em casa extremamente empolgado e quer mostrar o que aprendeu. Eu já tive de agachar e abrir os braços para fazer o que o professor ensinou", disse.

Além disso, os exercícios circenses podem contribuir para melhorar o desempenho em sala de aula. "O circo exige muita disciplina para se chegar a um resultado. Tem de treinar e ensaiar muito", observa o professor. A disciplina, conforme ele, também segue na hora dos estudos. "A criança começa a ter mais atenção", destaca.

No Colégio Bom Jesus, em Curitiba, oficinas circenses também integram o rol de atividades extracurriculares oferecidas nas sedes Divina Providência e Nossa Senhora de Lourdes. Já o Bom Jesus Internacional aposta nas aulas de cricket, um esporte essencialmente inglês. Os alunos já contam com um time oficial, que participará de uma competição em julho.

Nas escolas Dom Bosco, o tênis de campo é um dos diferenciais das atividades extracurriculares oferecidas, além das modalidades coletivas, como capoeira, judô e ginástica artística. De acordo com o coordenador de esportes, Danilo Schier da Cruz, a intenção é trabalhar com o desenvolvimento de diferentes habilidades. "Já na aulas de Educação Física procuramos fazer com que os alunos aprendam os mais diferentes movimentos, como exercícios de ginástica e luta greco- romana. Nem todos conseguem um bom desempenho só nas modalidades coletivas", diz.

Foi observando o desejo das crianças que a ideia de levar o circo à escola ganhou corpo no Colégio Pontual, em Londrina. A coordenadora de atividades extras do colégio, Marianna Portugal Pozzato, explica que o interesse das crianças começou logo após a apresentação feita durante uma homenagem no Dia das Mães. "Convidamos uma bailarina para fazer a apresentação no tecido. As crianças pediram o exercício na escola", afirma.

Para o professor do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Danislei Bertoni, o grau de afinidade entre interesse dos alunos e o tipo de atividade a ser desenvolvido pela escola é fundamental para o seu sucesso. Um dos exemplos é do programa Vida Escola, implantado pela Secretaria Estadual de Educação, nos colégios da rede pública estadual. No horário contrário ao normal de aulas, os professores montam as oficinas de acordo com o desejo do próprio aluno. As atividades podem ser esportivas, culturais e até mesmo de investigação em uma determinada disciplina. "O aluno tem outra motivação e consegue desenvolver situações – problemas com outras perspectivas. Dificilmente isso ocorre dentro da sala de aula", diz.

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