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Prata da casa

Paranaenses também são reconhecidos

Um projeto desenvolvido nas escolas municipais de Curitiba recebeu menção honrosa na etapa nacional do Prêmio Educadores Inovadores de 2009. Os selecionados nessa fase vão para a etapa latino-americana e depois para a mundial. Coordenado pela pedagoga Leila Márcia da Silva e promovido pela organização sem fins lucrativos First do Brasil, o projeto "Ética e Cidadania com Robótica" é realizado com estudantes de 5ª a 8ª séries desde 2005. Os alunos selecionados estudam robótica fora do horário normal das aulas e criam um robô que deve executar missões pré-estabelecidas. Ao final, participam de um campeonato internacional na área. Além desse projeto, mais duas iniciativas paranaenses receberam menção honrosa na etapa nacional: "Imagem e poesia: reflexão e ação", da Escola Estadual Souza Naves, de Rolândia; e "Inserção pedagógica da TV Pendrive na escola", do Colégio Estadual Padre Arnaldo Janse, de São José dos Pinhais.

"Quando se fala que um professor tem dez anos de experiência ,vale se perguntar se ele tem dez anos de experiência ou um ano de experiência repetido dez vezes". Dita há mais de meio século pelo pedagogo norte-americano John Dewey (1859-1952), a frase alerta para a necessidade de inovação em sala de aula e parece ganhar importância especial no mundo de hoje, quando as mudanças rápidas trazidas com as novas tecnologias da informação nem sempre são acompanhadas pela escola.

Segundo o consultor Eduardo Chaves, especialista na área de educação e tecnologia, é preciso rever o papel do professor. "A escola gasta 75% do seu tempo dando informações que os alunos podem encontrar com facilidade na internet. Pre­cisamos ter treinadores e não entregadores de conteúdos", afirma.

Foi justamente a preocupação em transformar o velho estilo de lidar com os estudantes que levou centenas de educadores de 60 países a se reunirem, de 3 a 6 de no­­vembro, em Salvador (BA), durante o Fórum Mundial Educadores Inovadores 2009, promovido pela Microsoft. Ao longo do evento também foi realizado o julgamento do Prêmio Mundial Educador Inovador, voltado para professores da rede pública que se destacaram no uso criativo da tecnologia. Dos 69 projetos finalistas, quatro são brasileiros e foram desenvolvidos no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Tocantins e Bahia.

O prêmio existe desde 2003 e está dividido em quatro categorias: Inovação em Comunidade, Ino­­va­ção em Colaboração, Inovação em Conteúdo e Educador Inovador.

A escolha feita pelos jurados mostrou que nem sempre é preciso utilizar tecnologias sofisticadas para motivar os estudantes e facilitar a aprendizagem. No projeto carioca "Fractal Multimídia", que ficou entre os 69 finalistas, alunos de ensino médio desenvolvem animações e jogos virtuais educativos, com tecnologias bastante inovadoras. Dentro do projeto gaúcho "A construção do conhecimento em ambiente digital", a tecnologia é utilizada em questões bem menos complexas, como a realização de pesquisas pela internet e para a divulgação dos trabalhos de alunas de um curso de ensino médio para a formação de professores. "Algumas estudantes nunca tinham mexido em um mouse. Agora terão o domínio das tecnologias para aplicá-las nos laboratórios com os seus alunos", explica a idealizadora do projeto, Terezinha Bernadette Motter.

Distantes, mas conectados

O projeto "Barreiro", da Escola-Fa­zenda Fundação Bradesco Canuanã, do município de Formoso do Ara­guaia (TO), ficou em terceiro lugar na categoria Comunidade, com um programa para solucionar o problema do lixo nas propriedades rurais onde vivem as famílias dos alunos. Em valas, são alternadas camadas de lixo e terra e, por fim, uma de compostagem. Sobre elas são plantadas bananeiras. "O lixo se transforma em adubo e as pessoas po­­dem ter frutas em casa", conta Ricardo Figueiredo, diretor da escola. O projeto utiliza a tecnologia para desenvolver materiais e divulgá-los para a população local.

Aplicação do conhecimento

O projeto "Fontes de Energia", terceiro colocado mundial na categoria Conteúdo, é desenvolvido no Co­­lé­gio Estadual Luiz Pinto de Car­valho, de Salvador (BA). Os alunos do terceiro ano do ensino médio pro­­põem alternativas de fornecimento de energia para um condomínio residencial fictício. As soluções são discutidas com professores de diferentes disciplinas, como Física, Biologia e Matemática. Ao fim das atividades, uma maquete é construída e as experiências são divulgadas na internet. O computador está presente no momento das pesquisas.

A jornalista viajou a convite do evento.

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Veja os projetos brasileiros que ficaram entre os finalistas:

Projeto: Barreiro

Escola: Escola-Fazenda Fundação Bradesco Canuanã

Local: Área rural do município de Formoso do Araguaia (TO).

Educador: Lucrécio Filho de Oliveira.

Categoria em que foi finalista: Inovação em Comunidade.

Não há coleta de lixo na zona rural do município de Formoso do Araguaia e a escola percebeu que os pequenos agricultores da região (pais dos estudantes matriculados na escola) davam um destino inadequado aos dejetos que produziam. Algumas famílias ateavam fogo ao lixo, outras acumulavam os detritos em um buraco e apenas esperavam pela decomposição. Foi então que o professor de Educação Ambiental Lucrécio Filho de Oliveira decidiu iniciar um projeto para envolver os alunos e a comunidade na destinação ecologicamente correta dos dejetos. De forma geral, funciona assim: em buracos, são alternadas camadas de lixo e de terra. Por fim, planta-se uma bananeira. O lixo vira adubo e facilita o crescimento da planta. Enquanto os alunos de ensino fundamental cavam os buracos e fazem pesquisas na internet sobre o problema do lixo, os estudantes de ensino médio orientam o plantio das bananeiras. Além de ajudar nas pesquisas, os computadores são usados para produzir materiais sobre o projeto e divulgá-los à população local. A iniciativa foi considerada inovadora pela Microsoft por ter conseguido mudar a postura dos participantes em relação aos problemas ambientais da região.

Projeto: Fractal Multimídia

Escola: Colégio Estadual Embaixador José Bonifácio.

Local: Petrópolis (RJ).

Educadores: Guilherme Erwing Hartung e Alexandre Becker de Castro

Categoria em que foi finalista: Inovação em Colaboração.

Os professores Guilherme Erwing Hartung e Alexandre Becker de Castro criaram uma empresa fictícia, a Fractal Multimídia, que desenvolve animações interativas e jogos educativos para serem utilizados em sala de aula, facilitando a aprendizagem. Qualquer professor da escola pode encomendar produtos para a empresa, que conta com a colaboração de designers, artistas de som, programadores e publicitários. Estudantes do ensino médio também ajudam a programar os jogos eletrônicos, a partir de programas de computador intuitivos e fáceis de usar. As atividades com os alunos são realizadas duas vezes por semana, com encontros de quatro horas de duração, fora do horário normal das aulas. Todas as produções da empresa estão no endereço eletrônico do projeto (www.fractalmultimidia.blogspot.com/).

Projeto: Fontes de Energia

Escola: Colégio Estadual Luiz Pinto de Carvalho.

Local: Salvador (BA)

Educador: Alex Vieira dos Santos

Categoria em que foi finalista: Inovação em Conteúdo.

Esse projeto mostra como os conteúdos estudados em sala de aula podem ser aplicados em problemas reais do dia a dia e como é possível relacionar o que se aprende em disciplinas diferentes. Os estudantes do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Luiz Pinto de Carvalho precisam apresentar uma solução para o fornecimento de energia elétrica a um condomínio residencial fictício. Eles são divididos em equipes e cada uma recebe como missão pesquisar uma fonte de energia, que pode ser renovável ou não-renovável. O projeto foi idealizado pelo professor de Física Alex Vieira dos Santos, mas envolve educadores de diferentes disciplinas, como Matemática, Química e Biologia. Ao fim das pesquisas, feitas com a ajuda do computador, cada grupo monta uma maquete e publica os resultados dos estudos na internet, em blogs.

Projeto: A Construção do Conhecimento em Ambiente Digital

Escola: Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendonça.

Localização: Caxias do Sul (RS).

Educador: Teresinha Bernadette Motter.

Categoria em que foi finalista: Educador Inovador.

Esse projeto é desenvolvido com estudantes do curso normal de nível médio do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendonça. O curso normal forma professores para a educação infantil e as quatro primeiras séries do ensino fundamental. O objetivo do projeto é incentivar as alunas a construírem o seu próprio conhecimento e usar o computador em sala de aula. A iniciativa é desenvolvida em dois momentos. No primeiro, as estudantes do curso normal fazem pesquisas sobre algum assunto de seu interesse, como reforma ortográfica, histórias em quadrinhos ou bullying, e divulgam os resultados na internet. Em um segundo momento, elas compartilham o que descobriram com as crianças matriculadas no Instituto Cristóvão de Mendonça.

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