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Opinião

Cognate is in the eyes of the beholder

Rangel Peruchi, é professor de Inglês do Centro de Línguas e Interculturalidade (Celin) da UFPR.

O trocadilho com a célebre frase de Shakespeare "a beleza está nos olhos de quem vê" não existe à toa. Ao iniciar a aprendizagem de uma língua adicional, como a língua inglesa, nos deparamos com uma série de palavras que apresentam grafia e sentidos semelhantes na língua portuguesa. Chamamos essas palavras de cognatos e sua aprendizagem requer menos esforço, já que, de certa maneira, nós as dominamos.

Temos uma forte tendência em acreditar que uma língua irá compartilhar poucas palavras com a nossa, mas isso não é uma verdade. Ao ouvir ou ler um termo que se assemelhe a uma palavra em nossa língua, precisamos acreditar que ela é aquilo que achamos ser. Essa é sempre a melhor estratégia. Em alguns casos essa estratégia não funcionará, é verdade, mas em muitos outros sim, e, por isso, o risco sempre valerá a pena.

O personagem "seu Creyson", do extinto programa de tevê Casseta & Planeta, apesar de risível, não estava tão equivocado assim, já que em seu "embromation" ele utilizava uma estratégia riquíssima para a ampliação vocabular que é a sufixação. Palavras como incarnation, transformation, mobilization e tantas outras, podem levar o aprendiz a se arriscar na língua inglesa. E mesmo que ele cometa alguns exageros, disso não duvido, ele estará tentando se comunicar.

Já os falsos cognatos não serão reconhecidos tão facilmente, uma vez que num primeiro momento seremos guiados ao erro. Quem não se lembra da confusão causada pelo PUSH nas portas de várias lojas? Felizmente, o uso do termo em inglês está caindo em desuso e não vemos mais com tanta frequência clientes desavisados puxando a porta em vez de empurrá-la. Coragem para arriscar e cautela para utilizar aquilo que parece ser é a melhor saída para quem pretende falar outra língua, posto que aprendemos a falar falando.

Arte da fala

Três dicas ajudam a evitar gafes na hora de se comunicar com estrangeiros durante a Copa do Mundo. A primeira é conduzir a conversa com perguntas; a segunda, usar frases curtas e das quais tenha total domínio; por fim, não usar frases complexas. Quanto mais simples a oração, menor a margem de erro.

A Copa do Mundo está quase aí e Curitiba receberá milhares de turistas de várias partes do mundo para os jogos. Na hora de se comunicar com os estrangeiros, o inglês e o espanhol são os idiomas mais usados, mas é preciso ter muito cuidado para não cair em armadilhas e cometer gafes. Nas duas línguas existem os chamados falsos cognatos. "São os falsos amigos, palavras com uma grafia muito parecida com o nosso idioma que causam a falsa impressão de que o significado é o mesmo", explica Leonardo Paixão, um dos sócios da escola de idiomas inFlux.

A professora universitária Carla Rizzoto conta que já caiu em uma das pegadinhas dos falsos cognatos. Quando morava em Barcelona, na Espanha, ela levou seu cão, um galgo italiano, para passear no parque e ficou surpresa ao ser questionada se o animal era um "cachorro". "Achei muito esquisita aquela pergunta, afinal, ele é esquisitinho, mas claro que é um cachorro", lembra Carla. Ela diz que só foi entender a confusão quando comentou o episódio com alguns amigos e descobriu que "cachorro" é um falso cognato que em espanhol quer dizer "filhote", de qualquer animal.

Sílaba tônica

A professora de Espanhol Sheila Maria Roppel lembra que, além dos falsos cognatos, a língua espanhola também tem heterotônicos e os heterogenéricos. "Heterotônicos são palavras com grafia e significado igual ao português, mas com sílaba tônica diferente", explica. Alguns exemplos são academia, terapia e democracia. Já os heterogenéricos são palavras que possuem gêneros diferentes em português e espanhol. Árvore, por exemplo, é um substantivo feminino em português, mas em espanhol é masculino: el arbol.

Para tentar fugir dos falsos cognatos, não há muito o que fazer. "Tem que conhecer e estudar o idioma", explica Paixão. Ele dá algumas dicas para evitar saias-justas. "Uma forma de evitar gafes é tentar fazer perguntas. Assim você joga a bola para o outro lado e fica na parte passiva da conversa", aconselha. Ele diz que os erros com o espanhol são ainda mais comuns. "Todo brasileiro acha que sabe falar espanhol e geralmente o ‘portunhol’ acaba provocando muitos erros", conta.

Falsos amigos

Cognatos são palavras parecidas na fonética e na ortografia, mas com significados diferentes entre os idiomas. Tendem a induzir o falante a erro. Confira alguns exemplos.

Inglês – português

Actually: na verdade

Application: inscrição

Argument: debate

College: faculdade

Costume: fantasia

Cup: xícara

Deception: fraude

Exquisite: requintado

Injury: lesão

Lunch: almoço

Legend: lenda

Pretend: fingir

Push: empurrar

Realize: perceber

Tax: imposto

Espanhol – português

Apellido: sobrenome

Berro: agrião

Botiqín: caixa de primeiros socorros

Brincar: faltar, pular

Cena: jantar

Cola: fila

Embarazada: grávida

Exquisito: delicioso

Legenda: lenda

Pelado: careca

Pelo: cabelo

Propina: gorjeta

Rato: momento

Sobrenombre: apelido

Tapa: tira gosto

Heterotônicos

Muitos termos espanhóis têm sílaba tônica diferente do português. Veja alguns exemplos:

Academia (sílaba tônica em "de")

Alergia (sílaba tônica em "ler")

Alguem (sílaba tônica em "al")

Democracia (sílaba tônica em "cra")

Fobia (sílaba tônica em "fo")

Hemorragia (sílaba tônica em "rra")

Límite (sílaba tônica em "lí")

Periferia (sílaba tônica em "fe")

Síntoma (sílaba tônica em "sín")

Terapia (sílaba tônica em "ra")

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