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Mayara Bastos quase ficou sem bolsa de estudos quando teve de mudar de faculdade. | Antonio More / Gazeta do Povo
Mayara Bastos quase ficou sem bolsa de estudos quando teve de mudar de faculdade.| Foto: Antonio More / Gazeta do Povo

Mudança Opet anuncia fim de curso presencial de Pedagogia

Jorge Olavo

No dia 5 de junho, cerca de cem alunos de Pedagogia das Faculdades Opet, em Curitiba, foram surpreendidos com a notícia de que a graduação presencial acabaria a partir do próximo semestre. Aos estudantes, foram dadas as opções de migrarem para a modalidade a distância ou serem transferidos para outra instituição.

A mudança gerou um mal-estar entre alguns alunos e a faculdade. "Estamos em contato com quatro instituições e damos toda assistência aos alunos. A opção será deles. Vamos deixar de ofertar o vestibular, mas o curso continua reconhecido", afirma a diretora do câmpus Centro Cívico, Andréia Caldoni.

Em resposta enviada por e-mail, o Ministério da Educação explica que cada modalidade de ensino tem registros diferentes na pasta e diz ainda que, "como toda faculdade, a Opet não tem autonomia para criar ou extinguir cursos, isso depende de autorização do MEC, mas tem autonomia para definir sua proposta pedagógica". Segundo o ministério, os alunos que se sentirem lesados podem procurar órgãos de defesa do consumidor e fazer queixa pelo 0800 616161.

Instituições de ensino superior, em geral as particulares, estão sujeitas a regras do mercado em relação à oferta e à demanda por cursos ou à disputa com concorrentes. Quando algo dá errado financeiramente, manter a faculdade pode se tornar inviável e a instituição fecha as portas. Se para o proprietário a situação é dramática, para os alunos sobram dúvidas e apreensão. Aqueles que decidem seguir o curso em outro lugar enfrentam uma verdadeira maratona burocrática e de negociações.

Geralmente, casos de falência ocorrem depois de vários sinais negativos, como a falta de manutenção da infraestrutura, atraso no pagamento de professores ou mudança de sede para um local mais modesto.

Em Curitiba, alunos da Faculdade Eseei enfrentaram uma situação dessas em agosto de 2012, quando a instituição encerrou as atividades. Segundo o Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região, embora não tenha sido decretada a falência da instituição, ela teve de parar de funcionar por falhas na administração. "Estamos tendo muita dificuldade em cobrar os salários atrasados dos professores", diz Valdir Perrini, vice-presidente do sindicato.

Logo que dispensou os alunos, a instituição anunciou um acordo com a Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), que, depois de uma análise curricular dos cursos, aceitou receber os estudantes. Os alunos contam, no entanto, que suas finanças foram afetadas pela diferença de valor nas mensalidades e a transferência exigiu a apresentação de vários documentos obtidos, quase sempre, mediante pagamento de taxas.

Bolsas

O estudante de Jornalismo Elias Lechewitz, 21 anos, é bolsista pelo Programa Universidade para Todos (Prouni). Mesmo com a bolsa, ele teve de controlar gastos para pagar o novo valor. "Alguns colegas tinham bolsas negociadas direto com a faculdade. Esses não conseguiram transferir o benefício", conta. Mayara Bastos, 20 anos, conseguiu migrar a bolsa três dias antes do fim do prazo estipulado pelo MEC. "Meu nome chegou a aparecer numa lista de bolsas que seriam canceladas", lembra.

Além da mudança de instituição, professores, metodologia e mensalidade, os alunos costumam levar mais tempo para se formar. Mayara e Lechewitz terão de cursar disciplinas que não estavam previstas na antiga faculdade e ficarão ao menos um semestre a mais na graduação.

Uma representante da Faculdade Eseei se limitou a informar, por e-mail, que os diplomas de ex-alunos estão sendo protocolados, registrados e retirados sob demanda.

Mau desempenho

O fim de uma instituição de ensino não vem apenas por causa de uma crise financeira. Desempenho ruim no Conceito Preliminar de Cursos (CPC) também coloca a faculdade na mira de fiscalizações do Ministério da Educação e força a instituição a fazer ajustes. Quando o mau resultado se repete, a entidade é obrigada a suspender o vestibular. Com a reincidência, vem o fechamento de cursos e até o descredenciamento do ministério, tornando inválido o diploma concedido pela faculdade.

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