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Universidades federais

Alunos de baixa renda ocupam 43% das vagas

Pesquisa nacional revela perfil dos universitários. Bolsas de estudo e outros benefícios são o caminho para diminuir a evasão no ensino superior

As universidades do Sul, como a UFPR, são as que têm menos alunos de baixa renda | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
As universidades do Sul, como a UFPR, são as que têm menos alunos de baixa renda (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

As universidades federais do Sul concentram o menor índice de alunos de classes C, D e E do Brasil. São apenas 33% dos estudantes. No outro lado, as regiões Norte e Nordeste registram os maiores porcentuais nacionais, 69% e 52%, respectivamente. A média nacional fica em torno de 43%. Os dados fazem parte de um estudo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Fe­­derais de Ensino Superior (An­­difes), lançado ontem, sobre o perfil dos universitários das instituições federais.Para a Andifes, o resultado do estudo, que teve como base 22 mil alunos de cursos presenciais, desmistifica a ideia da maciça presença de estudantes de famílias ricas nas universidades federais. Entretanto, os dados mostram que o porcentual de alunos das classes mais baixas permaneceu estável em relação a outras pesquisas feitas em 1997 e 2003.

Segundo o presidente da Andifes, João Luiz Martins, se não houvesse políticas afirmativas e a expansão das vagas nas universidades, o atendimento aos alunos de baixa renda nessas instituições teria diminuído no período. Ele destaca que, dentro desse público, 67% são estudantes com renda familiar até cinco salários mínimos (R$ 2.550).

Assistência estudantil

Esse é o público que deveria ser atendido – em menor ou maior grau – por políticas de assistência estudantil. A Andifes defende um aumento dos recursos para garantir a permanência do aluno de baixa renda na universidade. "Em uma família com renda até cinco salários mínimos, com três ou quatro dependentes, a fixação do estudante na universidade é um problema sério", disse Martins à Agência Brasil.

Para 2012, a Andifes reivindicou ao Ministério da Educação (MEC) que dobre os recursos destinados à assistência estudantil. A previsão é que a verba seja am­­pliada dos atuais R$ 413 milhões para R$ 520 milhões, segundo a entidade.

Vânia Silva, 26 anos, formada em Pedagogia pela Universidade de Brasília (UnB), contou, ao longo de toda a graduação, com bolsas e outros tipos de auxílio. No primeiro semestre, a ajuda era de R$ 130, insuficiente para os gastos com alimentação, transporte e materiais. Ela participou de projetos de pesquisa e extensão na universidade para aumentar o benefício e conseguiu moradia na Casa do Estudante. Mas viu colegas desistirem do curso porque não ti­­nham condições de se manter.

Os reitores destacam que a inclusão dos estudantes das fa­­mílias mais pobres não é a mesma em todos os cursos. Áreas mais concorridas como Me­­dicina, Direito e as engenharias ainda recebem poucos alunos com esse perfil. Cerca de 12% das matrículas nas federais são trancadas pelos alunos e, para a associação, a evasão está relacionada em grande parte à questão financeira.

"Em outras partes do mundo, a preocupação do reitor é com a qualidade do ensino e com a pesquisa. Mas aqui, além de se preocupar com um bom ensino, ele também tem que se preocupar com a questão social", compara Álvaro Prata, reitor da Uni­ver­sidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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