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Marina Legroski recebe bolsas há cinco anos. Se precisasse trabalhar, ela diz que não daria conta dos estudos. | Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
Marina Legroski recebe bolsas há cinco anos. Se precisasse trabalhar, ela diz que não daria conta dos estudos.| Foto: Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

Interior

Se na capital o valor de uma bolsa é insuficiente, no interior, essa é, muitas vezes, a melhor opção de renda de um recém-formado. "Existe uma diferença grande no custo de vida. Sem contar que nem sempre há boas ofertas de empregos nas cidades menores", explica o diretor de Pós-Graduação da UTFPR, Luiz Nacamura Júnior. Ele conta que os estudantes de Curitiba costumam reclamar dos valores das bolsas e a cidade está com o mercado de engenharia aquecido, o que torna mais difícil um recém-formado deixar de ganhar bem no mercado de trabalho para viver com uma bolsa de pós-graduação.

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7.546 bolsas

foram concedidas pela Capes e pelo CNPq em 2012 e 2013. Enquanto a Capes financiou 5.554 bolsas de mestrado, doutorado e mestrado profissional, o CNPq bancou 1.992 auxílios de mestrado, doutorado e pós-doutorado.

A partir de R$ 1,5 mil

Desde abril deste ano, Capes e CNPq reajustaram suas bolsas. Os novos valores ficaram em R$ 1,5 mil (mestrado), R$ 2,2 mil (doutorado) e R$ 4,1 mil (pós-doutorado).

Ganhar uma bolsa para dar continuidade aos estudos – seja mestrado, doutorado ou pós-doutorado – parece bem atraente. O estudante pode usar todo o tempo para se dedicar a leituras e trabalhos acadêmicos, sem deixar de receber dinheiro na conta no final do mês. Porém, nem sempre o valor pago pelas financiadoras de pesquisa, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) ou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é suficiente. Aquilo que era para facilitar a vida do aluno acaba atrapalhando, pois ele precisa arrumar "bicos" para se manter.

Ednei Leal, 34 anos, é mestrando em Letras na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele está no último ano e ganha bolsa desde o início do curso. Porém, com o valor que recebe – R$ 1,5 mil, valor atualizado pela Capes desde abril – não consegue pagar as despesas que tem com os dois filhos, mesmo tendo a renda complementada com o salário da esposa.

Para contornar essa situação, ele dá aulas particulares para estudantes dos ensinos fundamental e médio, além de preparar candidatos para concursos. "Não tem como sobreviver apenas com o que a bolsa paga. Todo mundo que eu conheço na pós-graduação acaba trabalhando de alguma forma", conta Leal.

Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

O mestrando Ednei Leal dá aulas particulares a alunos da educação básica para aumentar a renda da família.

A mestranda de História Flora Morena Martini de Araújo, 27 anos, também enfrenta problemas para sustentar a família com a bolsa que recebe. No início da pós, ela era solteira e morava com os pais, o que permitia que ela sobrevivesse com o valor recebido. Casada, agora Flora sente as dificuldades para manter uma casa. "Meu marido também é bolsista, mas ele dá aulas em um colégio. É essencialmente com esse salário que nos sustentamos."

Dedicação

O valor da bolsa de doutorado é um pouco maior: R$ 2,2 mil. Mesmo assim, não livra o doutorando de buscar outras atividades remuneradas para bancar as despesas. Marina Legroski, 27 anos, está no penúltimo ano do doutorado em Linguística e recebe bolsa há cinco anos, desde que iniciou o mestrado. No começo, ela dava aula como professora substituta na universidade. "Fiz isso enquanto cursava as disciplinas do meu programa. Não foi fácil", conta.

Existe ainda a possibilidade de o estudante não se candidatar à bolsa e trabalhar. Porém, se os "bicos" – que são esporádicos – já reduzem o tempo de dedicação aos estudos, um trabalho registrado – que tem uma carga horária de 30 a 40 horas por semana – pode atrapalhar ainda mais. "Se eu trabalhasse 8 horas por dia, certamente não daria conta [dos estudos]", comenta Marina.

Capes e CNPq não permitem vínculo empregatício

Bolsas de pós-graduação têm a finalidade de auxiliar os estudantes a bancarem os estudos, como comprar livros, pagar refeições e ir a congressos. A intenção não é servir como um salário, até porque o bolsista não tem direito a férias ou 13.º salário. Na prática, a remuneração de muitos alunos fica restrita ao valor da bolsa, já que não contam com a ajuda financeira da família e não podem estar empregados.

Para conceder o auxílio, Capes e CNPq não permitem que o candidato tenha vínculo empregatício. Desde 2011, em alguns casos, o aluno pode trabalhar em algo que tenha relação com a sua área de pesquisa, desde que a carga horária seja baixa e o orientador tenha autorizado.

As bolsas da Capes e do CNPq são destinadas preferencialmente a alunos de instituições públicas. Nas particulares, as bolsas costumam vir pelo Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (Prosup). As bolsas são concedidas a partir da análise do projeto do aluno.

Além dessas agências de fomento, há outras financiadoras com regras diferentes. A Fundação Araucária, por exemplo, concede o benefício por meio de editais. Quando eles são abertos, o programa de pós-graduação pode concorrer a uma bolsa. Os valores variam conforme cada edital. A Capes e o CNPq foram procurados para esclarecer os critérios de definição dos valores, mas não deram resposta.

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