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Arqueólogos procuram artefatos em área que será alagada pela hidrelétrica de Mauá | Divulgação
Arqueólogos procuram artefatos em área que será alagada pela hidrelétrica de Mauá| Foto: Divulgação
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Profissão exige coragem e paciência

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No detalhe, uma peça de cerâmica encontrada na região de Mauá

Coragem de desbravar lugares hostis e paciência com a burocracia. Essa é a recomendação da arqueóloga Cláudia Inês Parellada, do Museu Paranaense, aos interessados em ingressar na carreira. "Tem muita gente que começa e não aguenta. É preciso enfrentar longas viagens, suportar todas as condições de tempo imagináveis e, principalmente, saber trabalhar em equipe", salienta.

Autorização

Ela conta ainda que, para se fazer pesquisas de campo no Brasil, é preciso ter autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). "O projeto tem de ser minucioso e os trâmites podem ser demorados", avisa. Ela também alerta que a profissão ainda não é regulamentada. "É um trabalho que exige paixão pelo que se faz", finaliza.

Embora a Arqueologia remeta a outras eras e pareça estar estagnada na Antiguidade, ela é uma ciência situada no cruzamento entre a redescoberta do passado das populações e o desenvolvimento econômico futuro. Prova disso é o número crescente de oportunidades de emprego para arqueólogos do lado de fora das universidades e dos museus.

Grandes empreendimentos, como a Usina Hidrelétrica de Mauá – que está sendo construída em Ortigueira, na Região dos Campos Gerais –, precisam fazer o resgate de objetos de interesse arqueológico antes de obterem o licenciamento ambiental. É aí que entram as empresas de consultoria na área.

No caso da usina paranaense, a empresa contratada foi a Habitus, do Rio Grande do Sul. O diretor da consultoria, Everson Paulo Fogolari, afirma que as pesquisas de campo em Ortigueira já estão sendo finalizadas. "Foram recolhidas pontas de flecha, pedaços de cerâmica, restos de urnas funerárias", conta. Em uma próxima etapa, esses objetos seguem para análise laboratorial. "Eles vão nos ajudar a desvendar o passado das populações que habitaram essa região entre 500 até 2 mil anos atrás", afirma Fogolari.

A Habitus conta hoje com uma equipe de dez arqueólogos que trabalham em projetos no Brasil inteiro. "Hoje, no país, existem cerca de cem empresas de consultoria especializadas em Arqueologia que empregam, aproximadamente, 400 arqueólogos. Em média, o salário fica entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil, mas isso vai depender da qualidade da formação e da produção científica [artigos e pesquisas publicados] do pretendente", ressalta.

Formação

Atualmente, existem 14 cursos de graduação em Arqueologia no Brasil – a maioria em universidades federais. No Paraná, ainda não há graduação específica na área, mas o curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) oferece uma opção de habilitação em Antropologia e Arqueologia. A instituição oferta também o mestrado em Antropologia Social, que tem uma linha de pesquisa em Arqueologia.

O gaúcho Maurício Hepp é um dos alunos do mestrado da UFPR. Ele integra a equipe de Fogolari e está envolvido nas pesquisas na Usina de Mauá. "Meu interesse pela Arqueologia surgiu ainda no ensino médio. Como quase não havia graduação específica na época, optei por cursar História para depois me especializar", conta. A maioria dos alunos que procuram especialização na área provém dos cursos de História, Geografia, Ciências Biológicas e Ciências Sociais.

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