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Encruzilhada

O melhor caminho para mudar de ares

Graduados insatisfeitos precisam identificar os aspectos que realmente os incomodam antes de optar por cursar uma especialização ou uma nova graduação

Formada em Pedagogia, Ana Cristina Poli abandonou a docência após fazer uma especialização. | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Formada em Pedagogia, Ana Cristina Poli abandonou a docência após fazer uma especialização. (Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo)

Há mais de uma saída para quem está insatisfeito com a formação obtida na graduação, mas uma decisão acertada depende de critérios claros que ajudem na construção de uma carreira. O dilema é enfrentado com frequência por recém-formados que não conseguem uma boa colocação no mercado de trabalho ou mesmo por profissionais desiludidos com a rotina, por vezes bastante diferente do que supunham encontrar enquanto estavam na faculdade.

Quando surge uma crise dessas, mudar radicalmente de área e partir para outra graduação é uma alternativa cogitada espontaneamente, mas há setores em que uma especialização causa mudanças significativas no campo de trabalho do profissional, mesmo sem sair completamente da área. Confira os prós e contras de cada opção, segundo estudantes que já passaram por esse tipo de situação e especialistas em formação acadêmica.

Outro diploma para uma guinada total

André Rodrigues / Gazeta do Povo

Cursar outra faculdade é sem dúvida o caminho mais seguro para quem almeja uma mudança de rumo drástica na vida profissional, mas, para muitos, cobra um preço alto demais. Um bacharelado, por exemplo, ocupa no mínimo quatro anos de aulas, todos os dias da semana, sem contar o tempo destinado a trabalhos acadêmicos feitos em casa.

Embora essa rotina seja encarada com normalidade por estudantes que deixaram o ensino médio há pouco tempo, para profissionais formados, já atuantes no mercado de trabalho e, às vezes, até com família constituída, todo esse tempo de dedicação parece muito mais custoso. Soma-se a isso a necessidade de voltar a estudar conteúdos do ensino médio para obter aprovação em um vestibular ou uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

"Eu diria que a mudança de graduação é para aqueles que não apenas têm dificuldade de encontrar uma boa colocação no mercado, mas principalmente não se sentem realizados com a formação que obtiveram", diz Inge Suhr, coordenadora pedagógica do Grupo Uninter.

A opinião é compartilhada pelo estudante de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fulvio Leonardo Picoloto (foto), 25 anos. Formado em Gestão Financeira e especializado em Controladoria, ele resolveu voltar aos estudos e encarar mais cinco anos de graduação para iniciar uma carreira totalmente nova na área jurídica.

Para manter uma rotina compatível com os rigores da vida universitária, ele trocou o trabalho anterior, de 44 horas semanais na área financeira, por um emprego de meio período no setor público. "Podemos até optar pela primeira graduação de modo emocional, mas a segunda deve ser escolhida com mais cautela, aproveitando um pouco da maturidade que a primeira faculdade lhe deu", recomenda o estudante.

Reviravolta profissional com a especialização

Em tese, os cursos de especialização existem para aperfeiçoar conhecimentos e habilidades específicas dentro de determinada área, mas, na prática, em alguns setores, a formação adicional pode proporcionar a reviravolta profissional buscada por graduados insatisfeitos.

No entanto, essa opção tem limites. É impossível para um engenheiro atuar na área médica apenas com uma especialização, por exemplo. Muitas vezes, contudo, uma mudança de ares mais simples pode resolver o problema, diz a professora Inge Suhr. "Um curso de Pedagogia forma professores e gestores educacionais, mas, se você faz uma especialização em Pedagogia Corporativa, o público com o qual trabalhará é totalmente diferente", exemplifica.

Além disso, especializações normalmente não exigem uma formação anterior na mesma área. Foi graças a essa flexibilidade que a pedagoga Ana Cristina Poli, 31 anos, cursou Gestão em Mercado Financeiro, o que possibilitou a ela a passagem das salas de educação infantil para um escritório administrativo.

"Não me adaptei ao trabalho com crianças pequenas e a especialização foi excelente naquele momento para me ajudar a entender o que eu estava procurando", afirma Ana. Apesar de gostar da área administrativa, hoje ela cursa uma segunda graduação – Matemática, na UFPR –, mas por razões bem diferentes daquelas que a separaram da Pedagogia. "Busco uma carga horária menor para cuidar do filho que quero ter e dar aulas em apenas um período para o ensino médio, por exemplo, pode me proporcionar isso", explica.

Aceitação

Segundo o professor Armindo Angerer, diretor-geral do Grupo Expoente, o mercado aceita bem aqueles profissionais qualificados apenas com a especialização para atuar em determinado ramo. "Especializações, assim como os cursos técnicos, são muito mais focados do que as graduações e é isso o que boa parte do mercado busca", diz o professor. Ele cita como exemplo o grande número de engenheiros que vão para a área de negócios sem grandes dificuldades, apenas com uma pós-graduação lato sensu.

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