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Isabel se formou há pouco tempo e já tem dois empregos garantidos, como a maioria da sua turma. | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Isabel se formou há pouco tempo e já tem dois empregos garantidos, como a maioria da sua turma.| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Onde o profissional atua?

Segundo Ângela, a atuação da fonoaudiologia tem crescido na área hospitalar, em parte, graças à Lei do Teste da Orelhinha, que garante aos bebês nascidos em hospitais públicos o direito de fazer o teste gratuitamente. Com isso, muitos concursos públicos abrem vagas para fonoaudiólogos.

Muita gente não sabe, mas o o profissional também trata de problemas relacionados à comunicação escrita. O primeiro paciente de Isabel, ainda na clínica-escola, foi um menino de 9 anos com dificuldades de alfabetização. "Ele chegou sem ler nada e, depois de um ano de terapia chegou a escrever a um livrinho", lembra.

O campo de trabalho é amplo, além de clínicas, escolas e hospitais, passa pelos meios de comunicação e arte, para aperfeiçoar a comunicação dos profissionais dessas áreas, e vai até perícias técnicas em ações civis e criminais. Em estética, fonoaudiólogos criam exercícios para melhorar o tônus muscular da face, prevenindo rugas e sinais de envelhecimento.

Quem procurar um tratamento de fonoaudiologia em Curitiba pode ter uma surpresa: está faltando profisional no mercado. O principal motivo é que poucas faculdades oferecem o curso. No Paraná há apenas oito instituições e a única pública é a Unicentro, em Irati. Em Curitiba, desde o fechamento do curso da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, somente a Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) oferece. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) estuda a criação de novas turmas, mas não tem nada definido ainda.

Para a ex-diretora do curso de Fonoaudiologia da PUCPR Ana Maria de Barros o baixo interesse pelo curso justifica o fato de haver poucas ofertas. Ela acredita, inclusive, que o curso da UTP supre a demanda dos estudantes. "Essa é a tônica que deve ser discutida. O mercado precisa de fonoaudiólogos, mas a demanda de interessados no curso é muito pequena", explica. Segundo Ana Maria, a PUCPR está aberta a estudos e, caso haja uma resposta positiva do mercado, pode voltar a oferecer o curso.

Ângela Ribas, membro do Conselho Regional de Fonoaudiologia do Paraná, acredita que o motivo da baixa procura é econômico: "O curso é caro e o retorno financeiro não é imediato, como na maioria das profissões na área de saúde. Em outros estados, nos cursos públicos o número de alunos é interessante". A mensalidade na Tuiuti atualmente custa R$ 790, mas já chegou a passar de R$ 1 mil. De outro lado, apesar da perspectiva de melhora por parte do sindicato, os salários são pouco atraentes. No Paraná, o piso salarial é R$1,3 mil e a média salarial da categoria é de R$ 2,8 mil.

Falta aqui, sobra ali

Se os salários atualmente não são tão atraentes, a quase certeza de emprego é um fator que chama a atenção de quem se interessa pelo curso. Como são poucos os que entram no mercado, segundo Maria Regina Serrato, coordenadora do curso na UTP, quem se forma tem emprego garantido. "Agora o mercado está buscando o fonoaudiólogo. Os recém-formados estão podendo escolher onde trabalhar." É o caso de Isabel Zanatta, de 22 anos, que trabalha em duas clínicas. Segundo a recém-formada, seu caso não é uma exceção: "Entre os que se formaram comigo, a maioria tem dois ou três trabalhos diferentes. Apenas duas não têm mais de um emprego, porque passaram em concurso público", comenta.

Mas não adianta fazer o curso só porque há emprego de sobra. Quem quer ser fonoaudiólogo precisa, segundo Maria Regina, gostar de disciplinas de Ciências da Saúde, como Anatomia, Fisiologia, Genética, Neurologia, e também de Ciências Sociais, como So­­ciologia e Filosofia. Isabel ressalta que o fonoaudiólogo tem de gostar de lidar com o público. "A maior parte do nosso trabalho, principalmente para quem faz terapia, é em contato com o problema do outro. O fonoaudiólogo fica muito próximo da vida de outra pessoa."

Para a récem-formada, a falta de procura pelo curso deve-se à desinformação. Ela conta que quando começou a fazer o curso, nem ela sabia muito bem onde poderia atuar. "Eu só conhecia a área terapêutica, principalmente o tratamento de crianças com algum sintoma na área de linguagem. A área hospitalar, que antes eu nem imaginava em trabalhar, é a área que eu mais gosto". Embora hoje trabalhe só com terapia, a fonoaudióloga faz pós-graduação em Disfasia em Ambiente Hospitalar.

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