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Professores têm razão

Antônio More / Gazeta do Povo

O barbeiro Claude Araújo (foto), proprietário do Salão Orleans, que atende há 50 anos um público exclusivamente masculino, diz que não está fácil passar por esse período de paralisação. Metade da clientela é formada por alunos e professores da UTFPR. "Eles somem, mas, infelizmente, as despesas continuam. Queremos que as aulas voltem, mas sabemos que os professores estão certos em fazer greve. Nosso governo investe bilhões em Copa do Mundo, mas não quer investir em educação", comenta.

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Sem volta às aulas

Antônio More / Gazeta do Povo

A balconista Lilian Rodrigues de Lima conta que dos 100 clientes que costumava atender diariamente, agora restaram uns 40. Ela trabalha na Papelaria Universidade, ao lado da Reitoria da UFPR. Segundo o proprietário, Winderson Nelsen (na foto, à esquerda), geralmente, a volta às aulas faz com que este seja um dos períodos de maior número de vendas. "a gente se prepara para isso com estoque, funcionários, mas, com a greve, as vendas ficam bem abaixo do esperado", diz. o horário de funcionamento só não mudou para não comprometer a jornada dos funcionários, conta Nelsen.

Com grande parte da clientela formada por alunos e professores das universidades federais em greve, comerciantes do entorno das instituições amargam prejuízos que acompanham a paralisação, que chega hoje ao 74º dia. Enquanto professores de todo o país avaliam a contraproposta apresentada na semana passada pelo governo federal, a Gazeta do Povo percorreu a vizinhança da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do câmpus Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) para ver o quanto a greve tem afetado o comércio

>>> Fechamento antecipado

Durante a semana, Mariluz Batista de Jesus costumava fechar as portas da sua copiadora, a Green House, às 21h30. Depois que a greve começou, todos os funcionários têm ido embora antes das 19 horas. "Movimento? Nem tem. Não compensa ficar aberto. Não entra ninguém", comenta. No dia 21, um sábado, a caixa registradora, que costumava receber cerca de R$ 100 em um dia como aquele, guardava apenas três notas de R$ 2. "Quando não temos cliente de empresa, não temos quem atender. resta fazer faxina e organizar os materiais", conta.

>>> Diferente das outras

Giltamar Cardoso trabalha há 16 anos na livraria do Chain, vizinha à reitoria da UFPR. Nesse tempo, ele conta que já presenciou muitas greves, mas esta é a que teve maior impacto sobre as vendas. "Assim como aconteceu com outros comércios da região, fomos prejudicados com a greve. A diminuição do movimento foi de mais de 50%", diz. Mesmo com o sumiço dos clientes de rua, Giltamar diz que o amparo ao negócio vem dos atendimentos externos, para escolas e outras faculdades.

>>> Freguesia incerta

Estão em stand-by as vendas do X-Montanha, prato mais famoso da lanchonete Montesquieu, próxima à UTFPR. Desde 1978, quando foi inaugurado, a maior clientela do estabelecimento é formada por estudantes. Às 10h30, horário em que a reportagem visitou a lanchonete, todos os banquinhos estavam vazios. Segundo o proprietário, Hiroyuki Ota, normalmente esse seria o horário de receber dezenas de estudantes famintos, que apareceriam durante o intervalo das aulas. "Quando tem aula, a freguesia é certa. Agora tem dia que quase não tem freguês", diz Ota.

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