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 | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Do outro lado do Oceano Atlântico, Kpanou Floriane sonhava com um Brasil cheio de praias ensolaradas. Mas foi só chegar ao país para o clima paradisíaco desaparecer da mente. Há dois anos, aos 19, ela desembarcou em São Paulo vinda do país africano Benin, cujo idioma oficial é o francês. Arriscando no inglês a menina não conseguiu se comunicar e por pouco não perdeu o último voo para Curitiba. Antes de ingressar no curso de Engenharia Eletrônica na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Floriane passou oito meses estudando português.

A solidão pesava e nesse período ela se via isolada e tinha vontade de desistir. Ela também enfrentou a falta de apoio. Teve de passar seus primeiros dias em um hotel, depois pulou de pensionato em pensionato, até que, no início deste ano, conseguiu alugar uma quitinete. "Graças a Deus, tratei diretamente com o dono e ele me aceitou. Mas antes disso foi muito difícil, pediam sempre fiador e eu não tinha ninguém aqui", lembra. Com o início da faculdade, acabou se enturmando e o desafio passou a ser menos doloroso.

Aluna do 3.º período da graduação, garante boas notas e há um mês começou a receber do governo brasileiro uma bolsa-auxílio no valor de um salário mínimo. Uma ajuda para a mãe, que sustenta outros dois filhos na África. Aplicada, não costuma usar os 20 minutos de intervalo para jantar no restaurante universitário, pois as filas a fariam perder o início da aula. Carrega uma fruta de casa e procura estar sempre em sala antes da chegada do professor. Quando partir, vai levar conhecimento e experiência, mas deixará o bom exemplo para os colegas.

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