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Estudantes franceses praticam de cursos com aulas em inglês na PUCPR, que mantém parceria com 50 instituições francesas. | Antonio More/Gazeta do Povo
Estudantes franceses praticam de cursos com aulas em inglês na PUCPR, que mantém parceria com 50 instituições francesas.| Foto: Antonio More/Gazeta do Povo

Unila e Unilab

Duas universidades brasileiras foram criadas em 2010 pensando na integração entre brasileiros e estrangeiros. A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) fica na cidade de Redenção, no Ceará. A outra é a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), com sede em Foz do Iguaçu, região oeste do estado. Ambas atendem estudantes brasileiros. A Unila tem como público-alvo estudantes de países latino-americanos e a Unilab é voltada para estrangeiros de nações que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os africanos.

15 mil...

...estudantes estrangeiros já participaram da graduação no Brasil pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). Em 2014, 570 alunos foram selecionados para estudar gratuitamente. Eles pagam passagens aéreas, moradia, transporte e alimentação.

Bem recebido mas longe da família

Apesar de ter sido muito bem recebido no Brasil, António Pedro Barbosa Cardoso (foto), 36 anos, diz que a vida tem sido uma luta diária por causa da saudade de casa. Ele chegou há três meses de Cabo Verde, deixando esposa e dois filhos para se dedicar ao doutorado em Políticas Educacionais na PUC-RS. "Gostaria de poder trazer minha família, mas com a bolsa que recebo da Capes, de R$ 2,2 mil por mês, não teria como sustentá-los aqui. Somente alguém que aceite sacrificar muita coisa consegue aventurar-se a se formar no exterior", conta. Ao retornar, Cardoso pretende trabalhar como consultor. "Estou direcionando minha formação para o tema de avaliação institucional, pois na minha terra não há especialistas no assunto", conta.

Os estrangeiros estão descobrindo o Brasil como destino de estudo e têm se matriculado cada vez mais em nossas universidades, segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Eles vêm atraídos pelas instituições públicas de qualidade e pela diversidade cultural de Norte a Sul.

Um bom acolhimento costuma ser encontrado por aqui, mas ainda há longo caminho para desenvolver a receptividade, segundo a coordenadora do Centro de Estudos em Educação Superior da PUCRS, Marília Costa Morosini. "Somos mais acolhedores, é diferente de quando vamos para o exterior. Nosso contato é mais interativo e talvez isso possa compensar a falta de estrutura que temos."

De acordo com a assessoria do MRE, as universidades têm autonomia para criar suas regras de aceitação de alunos estrangeiros e para decidir como atendê-los. "Enquanto algumas buscam o aluno no aeroporto e cedem moradia, outras não oferecem nada", diz um assessor.

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) tem 114 estudantes brasileiros em universidades de fora e sete estrangeiros no câmpus. Essa desproporção é um retrato nacional, segundo o professor Mário Luiz Neves de Azevedo, pós-doutor em Educação. "Enviamos muito mais alunos do que recebemos, principalmente para Estados Unidos e países da Europa. E recebemos pouco, mais da nossa vizinhança e continente africano", conta.

Na PUCPR a maioria dos estrangeiros passa um ou dois semestres no Brasil, principalmente nos cursos da Escola de Negócios. No momento há 125 deles em Curitiba. Mesmo sendo alunos com mais de 20 anos, às vezes se faz necessária uma orientação comportamental.

"Culturalmente somos vistos como país liberal. Isso tem lado positivo e negativo. Eles se encantam com nossa alegria de viver, mas acham que tudo é liberado. Aí entra nosso papel de aconselhamento, de mostrar que há regras também dentro da universidade. A maioria deles não está acostumada à lista de chamada e à obrigatoriedade de 75% de presença", conta Gabriela Boni Finch, que coordena a mobilidade internacional da graduação na PUCPR.

Parcerias entre universidades vão da graduação à pós

Muitas universidades brasileiras firmam convênios diretamente com instituições estrangeiras, facilitando a ida e vinda de estudantes universitários. Para quem quer fazer toda a faculdade no Brasil, é preciso observar que cada instituição tem sua forma de seleção, que pode ser a mesma usada para alunos brasileiros, ou um processo específico para estrangeiros.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (Capes) é uma das principais instituições federais que promovem essa cooperação internacional. Entre as parcerias firmadas entre instituições brasileiras e estrangeiras, a Capes promove acordos universitários bilaterais com programas de fomento a pesquisas conjuntas e também projetos multinacionais, como o Programa de Estudantes-Convênio Pós-Graduação (e PEC-PG) e o Programa Professor Visitante Estrangeiro (PVE). Já o programa de graduação (PEC-G) é uma parceria direta entre o MRE e as universidades.

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