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 | Gilberto Yamamoto
| Foto: Gilberto Yamamoto

Os românticos

Na Europa, as universidades italianas estão entre as que mais participam do correio elegante virtual. Por lá, é o romantismo que impera. "Na maior parte das vezes não ficamos sabendo se as pessoas que se encontraram por causa da página viraram realmente um casal, mas sabemos que muitos realmente chegam a sair juntos", diz a administradora da página na Universidade de Bolonha. Na da Universidade de Veneza, três casais já se assumiram publicamente.

Estratégia

Para divulgar a Spotted sem comprometer a identidade dos moderadores, perfis falsos foram criados no Facebook para controlar a página da Universidade Federal de Juiz de Fora . "Foi a saída para iniciar a divulgação. Sabíamos que, assim que iniciasse, a própria página se divulgaria sozinha e cresceria rapidamente", conta o administrador, que em três semanas já alcançou quase 2 mil curtidas.

Nova utilidade

Enquanto a maior parte dos usuários sonha encontrar a cara-metade com a ajuda da internet, já há quem veja outras utilidades para as páginas Spotted. "Por juntarmos milhares de alunos da faculdade em uma página, ela vem sendo útil também como uma espécie de achados e perdidos de gente que achou algo nas dependências da faculdade e não sabe como achar o dono", conta o administrador da página da Universidade Federal do Ceará, que tem quase 8 mil seguidores.

Do virtual ao cara a cara

A PUC do Rio de Janeiro foi uma das primeiras universidades a ter a página Spotted no Brasil. Hoje, cerca de 12,6 mil alunos participam da comunidade. Para sair do ambiente virtual, os administradores da página organizaram neste mês um encontro real entre os usuários do serviço.

Na contramão

Cansado de ver tantas declarações açucaradas, um estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul criou uma página que, em vez de comentários amorosos, manda as pessoas plantar batatas ou algo no gênero. São quase 5 mil participantes com comentários ácidos a todos os lados. Segundo o administrador, o objetivo é a "zueira". "Acho os Spotteds tradicionais muito chatos, cheios de mimimis. Quando alguma discussão tem potencial, a gente puxa um banquinho, come umas balas e fica rindo das pessoas que não entendem que a última coisa que vão encontrar aqui é seriedade", diz.

"Sempre achei um menino de Engenharia muito lindo e paquerei ele descaradamente na página. Um dia ele me respondeu, nos apresentamos e conversamos por um tempo, mas ele era mais interessante quando não sabia quem eu era."

Administradora anônima da Universidade Federal da Paraíba.

Bastou uma intensa troca de olhares entre dois universitários. A experiência foi tão instigante que, semanas depois, aquela paquera descompromissada em frente da biblioteca levou à criação das páginas Spotted – uma verdadeira febre em centenas de universidades pelo mundo e que dia após dia ganha mais seguidores nas instituições brasileiras. O serviço associado ao Facebook tem a dinâmica do tradicional correio elegante, em que pessoas podem trocar mensagens apaixonadas – ou nem tanto – sem serem identificadas.

A proliferação começou há cerca de três meses no Brasil, mas as primeiras páginas surgiram no final de 2012, na Europa, onde já há mais de 1 milhão de usuários. A pioneira teria sido a criada pelo alemão Nick Myftari, 28 anos, cujo caso de amor abriu esta matéria. Na biblioteca da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, o estudante de Economia se encantou por uma estudante desconhecida. Myftari tentou encontrá-la pelo Facebook com a mensagem: "Menina com doces olhos castanhos e casaco cinzento que cruzou comigo na biblioteca, por onde anda?".

A busca deu certo e hoje Myftari namora a moça, a alemã Fiona Rudi, 24 anos, estudante de Política. A experiência também levou o rapaz a criar a empresa Bibflirt, que tem faturado alto com a administração de páginas Spotted em mais de 300 universidades europeias. As mensagens enviadas pelos usuários são filtradas e tornam-se anônimas ao serem publicadas.

Arquivo pessoal

Os estudantes alemães Nick Myftari e Fiona Rudi começaram a namorar com a ajuda do Facebook. O romance deu início a uma empresa que administra páginas Spotted (www.spotted-university.com).

Cultura

A portuguesa Patrícia Neves dos Santos, funcionária da Bibflirt, conta que a interação com as páginas é diferente em cada país. "À exceção de Portugal, todos levam a página com alguma seriedade. O público português leva as coisas mais a brincar, mas isso também se deve à cultura", diz.

No Brasil, o uso vai pelo mesmo caminho, mas, em vez de administradas por uma empresa, as páginas Spotted são moderadas pelos próprios estudantes. Na prática, não há segredo. Um administrador cria uma página e publica anonimamente as mensagens recebidas.

As cantadas são anônimas e, geralmente, trazem apenas algumas pistas sobre o alvo da paquera. Ao desconfiar, amigos da pessoa descrita atuam como cupidos e direcionam a publicação. A graça é adivinhar quem é o emissor e quem é o alvo da declaração e, claro, ver se acaba rolando algo mais sério a partir da brincadeira.

Administradores ocultos

Quem cria uma página Spotted também assume o posto de anônimo. Inicialmente, a ideia costuma partir de um único estudante e a tendência é de que a página acabe tendo um grupo de administradores para dar conta de todas as mensagens recebidas em um dia. O anonimato dos administradores é mantido para não desencorajar as cantadas. "Se as pessoas soubessem nossa identidade, por que elas confiariam a nós seus segredos?", diz a administradora da página da Universidade de Bolonha, na Itália.

Curitibanos em ação

As páginas também se multiplicaram rapidamente em Curitiba. Apaixonados da UFPR, PUCPR e Positivo foram os primeiros a usar o meio virtual para as cantadas e somam 18 mil estudantes. A UTFPR tem uma página para cada câmpus e a FAE, última a entrar na brincadeira, conseguiu mais de 500 curtidas em duas semanas de existência.

INTERATIVIDADEE você?! Você usa alguma página Spotted? O que você acha do serviço? Deixe seu comentário abaixo.

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