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| Foto: Felipe Lima / Ilustração

Ensino é falho desde o início da vida escolar

O domínio de inglês se mostra cada vez mais indispensável a quem procura boas oportunidades de carreira. Entre os universitários, mais do que um ponto positivo no currículo, o idioma estrangeiro pode significar a chance de participar de um programa de mobilidade acadêmica internacional.

A dificuldade de estudantes atenderem às exigências de programas como o Ciência sem Fronteiras deixa à vista de todos a falta de fluência em idiomas estrangeiros entre os brasileiros. Apesar de o Brasil ter em seu currículo da educação básica a disciplina de Inglês, o esforço é tímido e incapaz de aproximar os estudantes da proficiência.

Dentro das universidades, os centros de línguas não têm capacidade para atender todos. Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, por exemplo, o câmpus Curitiba têm cerca de 10 mil estudantes, mas o centro de idiomas atende apenas 350 alunos. Segundo a chefe do Departamento de Relação Interinstitucional, Eliane Regina Costa Oliveira, falta verba para aumentar as vagas.

Currículo

Na Universidade Estadual de Londrina, alguns colegiados de curso definiram o ensino do inglês como parte do currículo. Entre eles estão Ciências da Computação, Engenharia Elétrica e Biotecnologia. "O nível é básico, em uma abordagem instrumental. São trabalhadas necessidades específicas de cada profissão", afirma Telma Gimenez, chefe do Departamento de Letras Estrangeiras e Modernas. (AC)

A internacionalização está entre as metas prioritárias das universidades brasileiras. Como consequência desse cenário, a busca por convênios de intercâmbio acadêmico e científico para estudantes e docentes tem crescido. Esse tipo de iniciativa traz vantagens para todos os envolvidos, no entanto, na prática, a história se mostra mais complicada. A falta de domínio de uma língua estrangeira – principalmente o inglês – cria uma barreira para que esse tipo de experiência ocorra.

Trazer um professor estrangeiro para ministrar aulas e palestras para o público acadêmico no Brasil é praticamente impossível. Quando isso ocorre, apenas uma pequena parcela de alunos e docentes tira proveito da oportunidade. Uma das soluções encontradas para reverter esse quadro é encontrar docentes que dominem o português.

Enquanto o português é falado por cerca de 193 milhões de pessoas pelo mundo – 15 milhões fora dos países lusófonos –, o inglês soma 495 milhões de falantes e o espanhol, 389 milhões. As estimativas são da Ethnologue, publicação organizada pelo instituto SIL International, que estuda e propaga o desenvolvimento de idiomas.

Experiências

Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na maioria das vezes, os professores visitantes acabam dando aulas em português. "O idioma é um fator limitador. Seria desejado que os professores falassem em inglês e que os alunos entendessem. Assim como nossos professores também deveriam ter a proficiência para ministrar aulas em inglês", conta Claudia Hilsdorf Rocha, do Centro de Ensino de Línguas da Unicamp.

Segundo a pró-reitora da Universidade Positivo (UP), Márcia Sebastiani, vários professores da Europa e até da Índia têm sido trazidos para aulas na universidade. Mas a adesão dos alunos fica muito aquém do desejado. "Da graduação, poucos participam. No mestrado e doutorado, todos assistem. Talvez por terem um nível bom de inglês na pós-graduação", conta. Márcia diz que palestras são mais concorridas, mas a procura pelas disciplinas ministradas integralmente em inglês ainda é pequena.

Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a falta de domínio do inglês entre os universitários também têm limitado as trocas com especialistas estrangeiros. "Como os estudantes podem ter algum sucesso em cursos particulares de inglês, mas sofrem em situações reais de comunicação, aulas em inglês são mais complicadas. Às vezes usamos programas de tradução simultânea, mas o custo é muito elevado", diz a professora do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras, Adriana de Carvalho Küerten Dellagnelo.

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