• Carregando...
Luiz Fernando Pereira Bispo vai para a Austrália em agosto e está por dentro das regras que deve seguir | Arquivo Pessoal
Luiz Fernando Pereira Bispo vai para a Austrália em agosto e está por dentro das regras que deve seguir| Foto: Arquivo Pessoal

Reclamação

Quem recebe bolsa do Ciência sem Fronteiras deve se dedicar integralmente aos estudos, sem voltar ao Brasil antes de o programa terminar. Essa regra traz muitas reclamações de estudantes que querem voltar alguns dias para casa a fim de matar a saudade da família. Como protesto, há uma petição on-line com cerca de 500 assinaturas.

Outra queixa refere-se às disciplinas cursadas no exterior. Em muitos cursos, os alunos só podem fazer disciplinas básicas, já cursadas no Brasil.

A Capes desconsidera essas reclamações pelo fato de o contrato prever tais situações. As disciplinas no exterior dependem da universidade de destino e viagens ao Brasil são liberadas apenas em casos de doença ou morte.(AC)

 |

Colher de chá

Arquivo pessoal

Todos os alunos da Sheffield Hallam University, na Inglaterra, cumprem as mesmas normas e exigências. Esse é o princípio de todas as universidades parceiras do Brasil no Ciência sem Fronteiras: o estudante brasileiro segue as regras da instituição de destino. No caso da Sheffield, a única regalia aos estrangeiros é a possibilidade de usar dicionário nas provas. Problemas com termos técnicos são relevados apenas nos primeiros meses de aula. O estudante Rubens Rosário Fernandes (foto), 22 anos, estuda Engenharia Automotiva por lá e diz que a adaptação aos métodos de ensino não é tão simples. "Senti um pouco de dificuldade na hora de fazer as provas de algumas matérias, que exigiam respostas descritivas em vez de cálculos. Eu perdi muito tempo tentando encontrar as palavras e expressões corretas em inglês", conta. Aluno do 5.º ano de Engenharia Mecânica na UTFPR, Fernandes diz que, provavelmente, as disciplinas que cursar na Inglaterra entrarão em seu currículo como matérias optativas. (AC)

***** INTERATIVIDADE E aí?

Já garantiu uma bolsa? Como tem sido o acompanhamento por parte das instituições? Deixe seu comentário abaixo.

Detalhes Saiba mais sobre o Ciência sem Fronteiras:

Pré-requisitos

Ter completado ao menos 20% do currículo em um dos cursos de graduação das áreas prioritárias do programa e ter sido classificado com pelo menos 600 pontos no Enem. Alunos com títulos em olimpíada de Ciências e bolsistas de programas de iniciação científica do CNPq ou da Capes têm preferência.

Benefícios

O programa arca com as taxas da universidade, passagem aérea, seguro-saúde e oferece bolsa mensal de US$ 300 a US$ 870, dependendo do que é oferecido pela universidade de destino. O valor varia conforme a moeda do país.

Duração da bolsa

De seis a 12 meses, podendo estender-se até 15 meses, se incluir curso de idioma.

Atenção à chamada

Estão abertos editais com 13.480 vagas para 18 áreas do conhecimento na Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, Finlândia, Hungria, Japão e Reino Unido. Os interessados devem procurar as informações específicas da instituição que desejam, pois a data final da inscrição depende do país de destino.

Mais informações

Acesse www.cienciasemfronteiras.gov.br.

Passar uma temporada no exterior com as despesas pagas e estudar em uma universidade estrangeira renomada é o sonho de quem disputa uma vaga no programa federal Ciência sem Fronteiras (CsF), que está com editais abertos para preencher mais de 13 mil vagas em nove países. Entretanto, o que os candidatos também precisam saber é que o privilégio vem acompanhado de muitas regras e responsabilidades.

Quem descumprir as normas do programa corre o risco de perder a bolsa, ser obrigado a voltar ao Brasil e ressarcir a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – valor que pode somar os recursos investidos e uma multa moratória de 10%.

Entre os já selecionados, Luiz Fernando Pereira Bispo, 21 anos, vai para a Austrália em agosto. Aluno do 5.º período de Engenharia Florestal na Universidade de São Paulo (USP), Bispo tem consciência da responsabilidade que terá após o embarque. "Caso eu não cumpra as regras, sei que perco a bolsa e retorno para o Brasil", conta. Entre as obrigações está a dedicação integral e exclusiva às atividades relacionadas ao intercâmbio e a proibição de acumular outra bolsa ou receber salário.

Sem ocorrências

A Capes informa que desde o início do programa, em 2011, não houve casos de cancelamento de bolsas por descumprimento de contrato. Não há um controle rígido do governo brasileiro ou das universidades de origem sobre o desempenho dos estudantes em outros países, ficando o acompanhamento das atividades acadêmicas a cargo das universidades estrangeiras.

Para reforçar o controle, está sendo desenvolvido um sistema de acompanhamento acadêmico individual dos estudantes "para tornar o monitoramento ainda mais transparente e efetivo", segundo a Capes.

Atualmente, além do termo de compromisso que deve ser assinado pelos bolsistas, são marcados eventos esporádicos para esclarecer dúvidas dos estudantes sobre obtenção de visto, cotidiano, acomodação, pagamento de benefícios e obrigações.Bagagem

Aluno deve estar preparado para o choque cultural

Viajar para outro país significa conviver com novos costumes. Quem vai para a Austrália, por exemplo, deve estranhar as regras das bibliotecas universitárias. Os livros só podem ser emprestados por algumas horas, o que aumenta a circulação dos exemplares. Nos Estados Unidos, trabalhos extras são constantes e nem sempre valem nota.

"Lá, eles têm o costume de fazer as atividades independentemente de nota. Orientamos os alunos a fazerem tudo, pois não é a nota que se busca, mas o conhecimento", diz a psicóloga Maria Isabel Dittert, gerente do programa Bom Aluno, que mantém contato com sete estudantes do projeto que têm bolsa do Ciência sem Fronteiras.

Iniciativa

Para amenizar o choque cultural e comportamentos inadequados, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) planeja para este ano um curso com 30 horas de duração com palestras sobre costumes de diferentes países. Para o assessor de Relações Internacionais da instituição, Carlos José Mesquita Siqueira, as universidades de origem também devem preparar seus alunos, já que grande parte é muito jovem e, por vezes, imatura.

A diretora de Relações Interinstitucionais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Maria Cristina de Souza, concorda e lembra que alguns alunos têm dificuldades de adaptação, o que reforça a importância de prepará-los para a nova experiência – inclusive com informações sobre como cuidar dos pertences e documentos.

Normas

Confira algumas regras previstas no termo de compromisso assinado pelo estudante de graduação-sanduíche pelo CsF:

>> Dedicar-se integral e exclusivamente ao desenvolvimento do plano de atividades no exterior.

>> Não interromper ou desistir do programa sem fornecer as justificativas para a análise do caso.

>> Obedecer às normas e às regras de conduta do país de destino, sendo responsável por quaisquer atos ilícitos ou condutas que comprometam a boa convivência.

>> Portar drogas ou arma de fogo leva ao imediato cancelamento da bolsa, com ressarcimento total do investimento aos cofres públicos.

>> Retornar ao Brasil em até 30 dias após o término do programa com a conclusão das atividades e trabalhos propostos inicialmente.

>> Em até dois meses após o fim da bolsa, é necessário apresentar relatório sobre as atividades desenvolvidas com os resultados alcançados.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]