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"O país investe pouco e também falta flexibilidade para facilitar as pesquisas. As leis brasileiras, em geral, colocam diversas amarras aos pesquisadores" | Marcelo Elias / Gazeta do Povo
"O país investe pouco e também falta flexibilidade para facilitar as pesquisas. As leis brasileiras, em geral, colocam diversas amarras aos pesquisadores"| Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo

O Brasil ainda é pobre em pesquisa e tecnologia, mas esse cenário pode mudar. Apostando nessa perspectiva, pró-reitores de instituições do Sul do país participaram na última semana em Curitiba de mais uma edição do Foprop, importante fórum sobre pesquisas acadêmicas, responsável pela busca de novas políticas públicas na área. Ideias para estimular a inovação não faltaram. Basta agora vontade política para colocá-las em prática. Confira entrevista com Sergio Scheer, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPR e atual coordenador do Fórum.

Qual é o panorama da pesquisa científica no Brasil?O país investe pouco e também falta flexibilidade para facilitar as pesquisas. As leis brasileiras, em geral, colocam diversas amarras aos pesquisadores. O governo federal tem tentado melhorar isso, mas ainda há fatos que nos frustram. O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), por exemplo, onde está o CNPq e a Finep, fez uma redução do orçamento no ano passado e neste ano novamente. Mas há pontos que estão melhorando. A Capes, vinculada ao Ministério da Educação, aumentou muito o tamanho de investimentos no último governo Lula.

E no Paraná? O Paraná é o quinto estado do Brasil em geração de riqueza, mas está muito atrás em ciência e tecnologia. Para entender melhor: enquanto a Fapesp, em São Paulo, tem um orçamento anual de R$ 1 bilhão, ou a Fapemig, em Minas Gerais, de R$ 300 milhões, a Fundação Araucária conta com recursos de apenas R$ 36 milhões anuais. Os números falam por si mesmos. Depois, ainda é preciso facilitar o trabalho de pesquisa. É necessário mudar, por exemplo, a forma de avaliar as contas dos pesquisadores feita pelo Tribunal de Contas do Estado. Hoje, no Paraná, um pesquisador em uma instituição estadual não pode comprar sem licitar. Diferentemente do que acontece em universidades de excelência no país, que compreendem que, muitas vezes, é preciso comprar um insumo ou reagente de uma determinada marca para não prejudicar todo um experimento.

No evento realizado pelo Foprop, foi discutida a importância de uma maior aproximação das universidades à iniciativa privada. Por que esse tema é importante? O papel da universidade é produzir conhecimento e formar pessoas. Quando as instituições desenvolvem ciência e tecnologia, colocando os resultados a serviço do setor produtivo, da sociedade em geral, conseguimos inovar e provocar o desenvolvimento do país. E temos visto avanços neste sentido. Na Agência de Inovação da UFPR, por exemplo, estamos desenvolvendo as áreas de proteção da propriedade intelectual e a área de transferência de tecnologia, além de empreendedorismo e incubação de empresas. A UFPR atingiu até agora o número de 200 patentes, um valor expressivo no Brasil, e, em transferência de tecnologia, já foram sete contratos assinados. Mais uma vez, no entanto, temos dificuldades no Paraná. Pela falta de uma lei de inovação, os pesquisadores de universidades estaduais não podem fazer parcerias de forma clara com empresas, pois no estado há entraves para que o inventor receba pelo seu invento. Nesse sentido, há um projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa que poderá solucionar esse problema, com aprovação esperada ainda para este ano.

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