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Com 238 votos a favor da greve e 225 contra, as aulas continuam suspensas | Antônio More / Gazeta do Povo
Com 238 votos a favor da greve e 225 contra, as aulas continuam suspensas| Foto: Antônio More / Gazeta do Povo

Histórico da greve

A greve nacional dos professores de instituições federais de ensino começou em 17 de maio. A categoria rejeitou em 1º de agosto a proposta do governo de reajuste salarial de 25% a 40%, em três parcelas, até 2015. De acordo com os sindicatos, o aumento não garante que a reposição das perdas salariais com a inflação nos próximos três anos. Além disso, como não existe data-base para os servidores federais, caso a inflação do período seja maior, o sindicato teme não poder negociar até 2016. Os professores também querem que o governo reformule o plano de carreira – tornando mais fácil a progressão – e garanta melhores condições de trabalho.

A presidente do Andes-SN, Marinalva de Oliveira, protocolou, nos dias 23 e 24 de agosto, na Presidência da República e nos Ministérios do Planejamento e da Educação, uma contraproposta dos professores. O governo, no entanto, reafirmou ter encerrado as negociações com a categoria em 27 de agosto. O sindicato tenta agora parceria com senadores e deputados para a aprovação do projeto de lei 4368/2012, que faz alterações no plano de carreira dos docentes, e para convencer o governo a voltar a conversar com os docentes.

Até agora, professores de oito universidades que participaram da greve resolveram retornar às atividades: a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFSCPA) e Universidade Federal da Santa Catarina (UFSC).

Os professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiram nesta quarta-feira (5) manter a greve iniciada há 112 dias. A assembleia aconteceu no auditório da Administração do Centro Politécnico. Com a deliberação, foi suspensa a reunião do Conselho Universitário que iria decidir nesta quinta-feira sobre a reformulação do calendário prevendo uma possível volta às aulas.

A assembleia dos docentes foi tensa e tumultuada. Houve uma primeira votação, anulada após o pedido de recontagem de votos por alguns docentes, na qual a opção pela continuidade da greve venceu por 228 a 226. No segundo pleito, 238 dos presentes votaram a favor da paralisação e 225 contra. Terminada a votação, os professores descontentes esvaziaram a assembleia e não quiseram discutir os outros pontos da pauta.

Apesar do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, Andes-SN, ter indicado pela votação de uma possível suspensão unificada da greve, o tema nem entrou em discussão. "A possibilidade de suspensão não foi debatida porque a assembleia não quis", disse Luis Allan Künzle, presidente da Associação dos Professores da UFPR (Apufpr). "Mesmo assim, caso a maioria das assembleias nacionais decida pela suspensão unificada da greve, o Andes o indique ou os professores queiram discutir o assunto, o faremos nas próximas assembleias", continuou.

Na semana passada, o reitor da UFPR Zaki Akel Sobrinho tinha afirmado que se as aulas voltassem em setembro o calendário se estenderia até o final de março de 2013. Agora, com a permanência da paralisação, não há previsão de um novo calendário.

Polêmica

A divisão de opiniões da categoria sobre a greve ficou evidente no debate realizado antes da votação. Os docentes divergem principalmente sobre a proposta de reformulação do plano de carreira apresentado pelo Andes e a participação dos aposentados nas discussões.

"Durante a assembleia vimos que não há consenso entre os professores sobre o plano de carreira defendido pelo Andes. A proposta do sindicato não favorece a pesquisa nas universidades e, em alguns aspectos, a oferta do governo é melhor", afirmou a professora Maria Isabel Limongi, do departamento de Filosofia.

O professor José Ricardo Vargas de Faria, do departamento de transportes, por outro lado, não interpreta a questão da mesma maneira. "A proposta do Andes não deixa de exigir que os professores tenham titulação para subir de nível. O problema é que hoje os professores têm de transpor barreiras para progredir na carreira, mesmo tendo a titulação prevista para cada degrau", disse.

Para o professor Paulo Vieira Neto, também do departamento de Filosofia, o movimento grevista enfraqueceu por ser representado por vários sindicatos. "O Proifes, ao assinar a proposta do governo, inviabilizou a negociação por três anos. O Andes, por outro lado, erra ao permanecer em greve por muito tempo. Uma greve grande é fraca e ruim, o que desmoraliza a categoria", disse. Independentemente de como vai acabar, contudo, para o professor Luis Allan Künzle, presidente da Apufpr, a greve é forte. "Pelo tempo e pelo debate que está gerando", pontuou.

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