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Apesar de ser considerada fonte confiável, Vitória sabe que seu caderno não salva ninguém que não tenha prestado atenção nas aulas | Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
Apesar de ser considerada fonte confiável, Vitória sabe que seu caderno não salva ninguém que não tenha prestado atenção nas aulas| Foto: Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
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Anotações ganham auxílio da tecnologia

Daniel Caron/ Gazeta do Povo

À medida que o tempo passa, o caderno tradicional – com páginas de papel – vai perdendo lugar para as novas ferramentas. Registros manuscritos com grafite e canetas coloridas tornam-se cada vez mais arcaicos. As novas gerações estão mais acostumadas a digitar e compartilhar as anotações pela internet, seja por e-mail, mídias sociais ou grupos de discussão formados em ambiente virtual. Entretanto, ainda há muita gente que alia o papel à tecnologia.

Vinícius Maurício (foto), 23 anos, cursa pós-graduação em Antropologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e estuda para entrar no mestrado de Comunicação ou de Divulgação de Ciência. Ele diz que na sua turma tem gente com tablet e computador, mas ele ainda prefere o caderno. Depois, todos compartilham informações pela internet.

Dúvidas

"Em uma metade [do caderno] anoto informações da especialização e na outra metade escrevo sobre os livros que leio para o mestrado", conta Maurício. Se a anotação distraí-lo e levá-lo à perda de alguma explicação, Vinícius diz que não se acanha. "Se é algo importante, tem de perguntar para o professor. Não tenho medo de ser chato."

O estudante organiza seu material com flechas, sinais, subtópicos e asteriscos, mas conta que apenas isso não é o suficiente para fixar o conteúdo. "Se você anota e aquilo fica parado ali, a informação se perde. Eu uso [o que foi anotado] para ler depois e para tirar alguma dúvida de compreensão dos textos de referência passados pelo professor", diz.

Em uma turma de universidade, assim como na escola, cada aluno desenvolve um método próprio de estudo para aproveitar melhor as aulas, absorver os ensinamentos do professor e garantir resultados satisfatórios nas provas. Deixando de lado aqueles que dormem, ficam entretidos com o celular e estão mais preocupados em trocar mensagens com os colegas, há quem mantenha a atenção no que o professor diz, interaja durante as aulas e se empenhe em registrar tudo o que está sendo passado.

As anotações dos alunos mais aplicados e solidários com os colegas acabam se pulverizando pela turma, ajudando aqueles que perderam uma aula e até mesmo alguns acomodados que sabem a quem recorrer para ter o conteúdo que será cobrado no próximo exame. Diante disso, há quem jure só ter se formado com a ajuda dos escritos de um colega específico, o proprietário do "caderno da turma" .

Não é difícil encontrar esse material à disposição para ser fotocopiado em papelarias próximas das faculdades – ou dentro dos câmpus –, em pastas próprias e acessíveis a todos os alunos. Além de ser um conteúdo que passa por várias turmas (às vezes, durante vários anos consecutivos), os apontamentos alheios acabam sendo a forma mais cômoda de estudo para muitos universitários. Uma atitude comum no meio acadêmico, mas perigosa.

"Xerocar o que o outro anotou não é a mesma coisa que fazer a própria anotação, pois quem escreveu fez a tradução do conteúdo para ele, uma anotação rápida para ajudar a própria memória", diz a pedagoga Ermelina Thomacheski, professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O ideal seria usar o caderno de terceiros apenas como complemento.

Registro feito

Diante disso, seja qual for o método ou meio de anotação, o dono "legítimo" do caderno da turma acaba saindo na frente do restante dos colegas. O estudante que escreve o que é passado durante as aulas organiza o conteúdo, marca pontos importantes e contribui com a memória, que vai agradecer quando a avaliação estiver se aproximando.

O colega que empresta o caderno de Vitória Peluso da Silva, 19 anos, tem acesso a todas as informações importantes passadas pelos professores de Jornalismo da Universidade Positivo. O problema é entender a "péssima" grafia – admite ela. "Digitar não adianta. Muitas vezes eu não entendo o que escrevi, mas acabo decifrando. Tenho esse costume desde o ensino médio. Eu refazia os rascunhos e na hora da prova lembrava até em que lugar eu tinha escrito", afirma.

Apesar de ser considerada fonte confiável pelos colegas, ela sabe que seu santo caderninho não salva ninguém que não tenha prestado atenção nas aulas. "Eu não sei se tem alguém que tenha um caderno como o meu, mas na minha sala tem um monte de gente que não anota nada, aí depois não sabe por que está com nota baixa", diz.

Depender de material comunitário prejudica o aprendizado

A camaradagem do empréstimo de cadernos pode ser legal para a socialização, mas, considerando a aprendizagem de cada aluno, o melhor lema é o de cada um por si. Mesmo quem nunca teve o costume de tomar nota do que é passado nas aulas pode adquirir o hábito. Ninguém aprende só de ouvir, é preciso agir sobre o conteúdo. Cada estudante deve encontrar o melhor jeito de fazer isso, defende a pedagoga Ermelina Thomacheski.

"Anotar contribui para a organização do pensamento, mas não é preciso registrar todo o conteúdo. É bom investir em palavras-chave usadas como mapa conceitual ou que trazem os conceitos básicos", diz Ermelina. O uso de símbolos também pode otimizar a organização, ligando palavras e conceitos. O processo pode ser aprimorado ao longo dos semestres. Para isso, deve-se comparar o caderno com o dos colegas e voltar às anotações após as provas para avaliar o que ficou de fora e o que recebeu o devido destaque.

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Vida e Cidadania | 7:33

Com a quantidade de conteúdo que os universitários recebem dos professores, ter um caderno ou arquivo digital com os tópicos mais importantes da matéria é fundamental.

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