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Debate

FHC, Lula e o relativismo em sala de aula

Discutir temas políticos na universidade com imparcialidade é praticamente impossível

Feitos de Lula e FHC geram debates acalorados nas aulas. O melhor caminho para interagir é aprender a dialogar e buscar mais informações | Cristiano Mariz / O Brito News
Feitos de Lula e FHC geram debates acalorados nas aulas. O melhor caminho para interagir é aprender a dialogar e buscar mais informações (Foto: Cristiano Mariz / O Brito News)

Início de aula. O tema? Política ou economia nos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. O professor entra em sala e vem o discurso. Se for esquerdista "xiita", o governo de FHC será traçado como o causador de quase todos os males da humanidade. Por outro lado, se flertar com a direita, dificilmente reconhecerá os acertos de Lula. Tanto um como o outro terminará a aula com uma frase do gênero: "Esses são os fatos".

Exagero? Quem estudou nos últimos dez anos na área de Humanas em grandes universidades brasileiras sabe que não. Essa parcialidade é inofensiva quando os alunos possuem conhecimentos e recursos críticos para avaliar as informações dadas pelo professor, que sabe conviver com interpretações diferentes da sua. Torna-se negativa, no entanto, quando a aula se transforma em um palanque político e os estudantes não têm espaço para dar opinião.

"Não é possível ser totalmente imparcial em sala de aula. Os fatos políticos são os mesmos, mas abrem brecha para interpretações bem diferentes", avalia o sociólogo Valeriano Mendes Ferreira Costa, professor da Unicamp. Costa insiste, no entanto, que o professor tem de procurar abordar os temas cientificamente e não de acordo com suas opiniões pessoais. "O professor precisa estar preparado para apresentar pelo menos três ou quatro das principais interpretações mais fortes e comuns de um determinado assunto, mesmo que não concorde com algumas delas", alerta.

Análise

No caso da análise dos governos FHC e Lula, a dificuldade aumenta por ser um período histórico recente, complexo, sobre o qual ainda faltam pesquisas minuciosas. "Além disso, estudos têm mostrado que os dois governos se parecem cada vez mais. Não dá para ser radical nem de um lado e nem do outro", acrescenta Antoninho Caron, coordenador do curso de Administração da FAE Centro Universitário.

Para os alunos, o melhor é fugir de dois extremos: aceitar qualquer posicionamento sem questionar ou criticar tudo. "Alguns universitários são apáticos e apenas repetem as opiniões dos pais, dos amigos. Dessa forma, eles não adquirem o senso crítico necessário para ter uma opinião própria. O caminho para reverter essa situação é o diálogo e a busca de conhecimento", sugere Ricardo Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná.

E você, também enfrenta debates polêmicos em sala de aula? Dê o seu depoimento!

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