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No câmpus

Tradição de festas passa de veteranos a calouros

Gustavo Loiola, formado em Publicidade, da UFPR, não se limita às festas do seu próprio curso. Na foto, ele participa da Costelada | Arquivo pessoal
Gustavo Loiola, formado em Publicidade, da UFPR, não se limita às festas do seu próprio curso. Na foto, ele participa da Costelada (Foto: Arquivo pessoal)

Logo que entram na faculdade, os calouros percebem que, além dos estudos, os anos seguintes serão repletos de festas, churrascos e confraternizações. Quase todos os cursos organizam recepções aos calouros, festas juninas e eventos para arrecadar dinheiro para a formatura. Mas alguns cultivam festas tradicionais que simbolizam a história e a identidade do curso. Esses eventos possuem características peculiares e são cercados por lendas e rituais que chegam a manter antigos alunos ligados à faculdade. Conheça algumas das principais festas acadêmicas tradicionais de Curitiba.

>>> Você conhece outras festas tradicionais que existem nos câmpus das universidades paranaenses além das que estão abaixo? Como elas são? Deixe o seu comentário!

Vinhada: do Turismo para a Comunicação

A festa que reúne alunos e ex-alunos do curso de Comunicação Social da UFPR é regada a muito vinho e música. O público é interno e não há intenção de ampliá-lo. Pessoas de fora não costumam ser bem-vindas. "Elas não zelam pelo câmpus, sujam, quebram", explica Guilherme Glir, organizador do último evento. Uma das confusões até virou caso de polícia, o que fez com que a promoção da festa no câmpus fosse proibida pelo departamento do curso.

A primeira edição da Vinhada ocorreu em 1986 e, para a surpresa das novas gerações de calouros, foi organizada pelo curso de Turismo, que dividia o Prédio Histórico com o pessoal da Comunicação. O nome da festa deriva dos garrafões de vinho que os alunos de Turismo conseguiam de brinde para outros eventos. O que sobrava passou a ser consumido nas Vinhadas, conta o turismólogo Pakho Cornelsen, um dos integrantes do Centro Acadêmico de Turismo na época.

A festa também contava com a presença massiva de alunos de direito, História e Psicologia. Contudo, os comunicadores incorporaram o espírito da Vinhada e quando o curso foi transferido para o câmpus do Juvevê, em 2001, a festa foi junto.

Churras de Medicina: confraternização de R$ 30 mil

Churrasco para os calouros tem em todo lugar. Mas é difícil encontrar um como o do curso de Medicina da PUCPR. Realizado desde 1999 com o intuito de integrar calouros e veteranos, o evento superou a fase da "linguiçada" faz tempo. Hoje, movimenta cerca de r$ 30 mil por edição e o público passa de mil pessoas. A festa, organizada pelos estudantes, ocorre duas vezes por ano. No menu, aperitivos, saladas, carnes e outros pratos.

A música também é variada: "Sempre tem duplas sertanejas, bandas de samba, DJs e um Mc para o funk", conta o estudante Attilio Galhardo, que participou da organização das duas últimas edições. Com seus gritos de guerra, marcam presença estudantes de Medicina de todas as instituições. A interação é uma espécie de preparação para os jogos universitários e ajuda a unir casais e amigos.

Costelada: costela de chão em ritmo sertanejo

É a costela de chão – que começa a ser preparada na noite anterior à festa – o chamariz para a Costelada de Agronomia da UFPR. A primeira edição da festa ocorreu em 2009 e contou com a presença de 500 pessoas. Depois do sucesso inicial, o evento continua crescendo. Neste ano, a última festa atraiu mais de 2 mil pessoas, segundo o presidente do centro acadêmico do curso, Thales Portugal. Promovida em chácaras, a festa tem atrações do universo country e a maioria dos frequentadores é ligada aos cursos de Agronomia, Zootecnia e Medicina Veterinária. "Tem música sertaneja, além de atrações como shots de tequila para as mulheres, touro mecânico com premiações e, no fim da noite, funk. o clima é sempre muito agradável e de muita diversão", conta o estudante Fernando Tosin, que participou das seis Costeladas feitas até o momento.

Triunviratum: noite de gala dos cursos de Direito

Enquanto a maioria dos universitários se contenta com carne, pão e bebida barata, os estudantes de direito têm um baile de gala. O Triunviratum – nome que deu sequência ao baile das Três balanças – é organizado pelos estudantes dos cursos da PUCPR, UFPR e UniCuritiba. Para compor o cenário, o baile ocorre no Castelo do Batel, com open bar de champagne e bombons refinados. "O baile já era tradicional. Esse é o perfil dos cursos de direito, que prezam pelo formalismo", diz Álvaro Rotunno, representante da UFPR na última organização. A festa é aberta e conta com cerca de 1,4 mil ingressos, vendidos por mais de R$ 60. O prestígio do evento levou a festa à Justiça. A briga pela marca envolve Marcelo Veneri, presidente do Centro Acadêmico de Direito da PUCPR em 2007, e os centros acadêmicos. Veneri alega ser o titular do nome, já os centros tentam registrá-lo.

Frangada: várias origens

Depois de mais de 20 anos de existência, é difícil precisar como a festa de Design surgiu. Há quem defenda que o nome Frangada tem origem no preço da carne do frango – por ser mais barata, foi escolhida para o churrasco. Outros dizem que é a primeira oportunidade do ano para os alunos extravasarem as energias. Também circula a teoria de que o nome da festa chamava atenção para o curso. "Um frango simbolizava a necessidade de evidenciar os feitos do próprio curso", conta Naotake Fukushima, formado em design pela UFPR em 1992.

"Tradicionalmente ocorre em abril e é feita para todo mundo soltar a franga", defende Carolina Pizatto, uma das organizadoras da edição de 2011. A festa é promovida pelos alunos do 2º ano do curso da Federal, mas é aberta a todos os designers e simpatizantes de outras instituições. O público é do tipo alternativo e descolado. Para agradá-lo, a trilha sonora fica por conta de bandas de rock indie, convidadas a tocar em troca de muito frango, tietes e doses de chapolin – a bebida da festa.

Chopada da Integrada

O último período do curso de Odontologia da UFPR é a Clínica Integrada: quem chega lá tem motivos de sobra para comemorar. E é isso que os veteranos fazem, em clima de esquenta para a formatura. O dinheiro vem do bolso dos próprios alunos e também de alguns professores e eles não economizam para garantir a diversão. "Para qualquer aluno do curso – seja ele formado ou não – tudo é liberado, de graça", diz Cerilho Stopassolli, organizador da última chopada.

A despedida da faculdade é realizada em uma chácara e o som é eclético: a última teve DJ, e banda de pagode, sertanejo e de samba rock. Mas quem costuma fazer sucesso são os próprios estudantes. "Vira e mexe a galera ocupa o lugar da banda para tocar uma música", conta Stopassolli. Tanta regalia é limitada. Apenas namorados ou amigos muito próximos dos estudantes são aceitos, a Chopada da Integrada é para, no máximo, 200 pessoas.

Junção Carnal

Open bar de vodka, refrigerante, água, cachaça e cerveja. Banda de pagode, hip hop e funk. Carne. Muita gente bonita. Esses são os elementos que fizeram do churrasco de Comunicação da PUCPR uma festa para a cidade toda. "Quando entrei na faculdade, em 2006, era só para o curso, a festa reunia cerca de 600 pessoas. Atualmente elas juntam mais de 2 mil pessoas", conta o relações públicas Tiago Magalhães Gaepmayer, organizador de alguns junções.

O nome lembra uma expressão bíblica, mas a única coisa que ocorre religiosamente é a união entre churrasco e paquera – entre pessoas de carne e osso (daí o título da festa). Cerilho não conta qual é o tamanho do lucro gerado pela festa, que ocorre duas vezes por ano, mas o dinheiro fica com o centro acadêmico e é utilizado pelos alunos. "Fizemos uma visita aos estúdios da Rede Globo no Rio de Janeiro, reformamos o centro acadêmico e compramos computadores", diz Gaepmayer.

Cervejada do C7

Quem ainda não se convenceu de que a união faz a força, não conhece os estudantes do setor de tecnologia da UFPR. Em 2006, visando fortalecer a entidade estudantil e melhorar o envolvimento com a Universidade, foi formado o Conselho dos Estudantes do Setor de Tecnologia (CESETE, ou, simplesmente, C7), que é a união do curso de Arquitetura e Urbanismo com as engenharias Ambiental; Civil; Elétrica; Mecânica; Química; de Produção; de Bioprocessos e Biotecnologia.

Além de agir em favor dos interesses acadêmicos dos estudantes, o C7 também organizam a Festa de Recepção dos Estudantes do Setor de Tecnologia: a Cervejada do C7. E a união da organização se reflete no público que comparece em peso: a festa chega a juntar mais de 5 mil pessoas. "A repercussão da festa é tanta que em algumas edições o publicou foi quase três vezes o esperado, sendo necessário ir ao hipermercado próximo ao campus e comprar todas as cervejas do estoque", conta Fabianno Cavalheiro, um dos organizadores da última edição da festa.

A cervejada é a única festa de grande porte realizada dentro do Campus Universitário da UFPR com venda de bebidas alcoólicas. Os recursos vêm dos oito centro acadêmicos que compõe o C7. A organização é feita 100% por alunos e os preparativos começam cedo, com aproximadamente três meses de antecedência – para a Cervejada do próximo semestre, toda a documentação e alvarás já foram solicitados.

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