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 | Felipe Mayerle / Ilustração / Gazeta do Povo
| Foto: Felipe Mayerle / Ilustração / Gazeta do Povo

Instituições devem saber mediar ações dos estudantes

Embora as instituições apostem no trote solidário, aquele em que alunos fazem algum tipo de ação social, como doação de sangue ou alimentos, muitos alunos gostam das brincadeiras dos trotes porque entendem que é uma forma de comemorar uma nova fase, a transição da vida escolar para a vida acadêmica. Outros se sentem seguros quando a instituição proíbe a prática por terem receio de negar as brincadeiras e serem marcados por isso para o resto do curso.

O pró-reitor Comunitário da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Másimo Della Justina, acredita que fazer brincadeiras agressivas e constrangedoras está relacionado à imaturidade de alguns estudantes e que é papel de cada instituição canalizar esse comportamento infantil para atividades que sejam divertidas, sem provocar constrangimento e humilhação.

"A instituição também precisa estar madura para permitir o trote, repeitar a liberdade dos estudantes, mas impedir que algo saia do controle", afirma.

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As aulas do primeiro semestre letivo de 2013 da Universidade Federal do Paraná (UFPR) começaram na semana passada com cinco dias de recepção aos calouros. Além das atividades programadas, como palestras com profissionais e apresentação de centros acadêmicos, o período também foi marcado por alguns trotes. A instituição permite que as brincadeiras sejam feitas desde que não causem constrangimento ou transtorno físico ao aluno.

Nessa discussão, existe um limite muito tênue entre o que é apenas um rito de passagem – muitas vezes até esperado pelos calouros – e o que pode se tornar ofensivo e preconceituoso, como casos que ocorreram em março na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e na Universidade de São Paulo (USP).

As duas situações vieram à tona depois que fotos foram colocadas em redes sociais e foram consideradas racistas, machistas e sexistas. Na universidade mineira, uma moça com o corpo pintado de preto carregava um cartaz que dizia "caloura Chica da Silva". As mãos estavam presas por uma corrente, que era segurada por um veterano. Na USP de São Carlos, o protesto de um grupo feminista contra o Miss Bixete, evento que promove um desfile de calouras, teve a reação de dois veteranos que ficaram pelados diante das manifestantes.

Para que o limite não seja excedido como nesses casos, a UFPR criou uma fórmula que tem funcionado bem na maioria dos cursos: a fiscalização foi descentralizada, ou seja, o controle é feito dentro de cada curso e não apenas pela Reitoria. Existem comissões formadas por coordenador de curso, centro acadêmico e diretor de setor que acompanham de perto o que é feito dentro dos câmpus. Alunos que articulam trotes sem envolvimento da comissão estão sujeitos a serem punidos.

Segundo a pró-reitora de Assuntos Estudantis, Rita de Cássia Lopes, isso tem funcionado bem e, até o fechamento desta edição, nenhum caso grave havia sido notificado.

Regra básica

A regra básica para que um trote seja positivo é não exigir a participação dos calouros. Eles devem ser livres para negar as brincadeiras, sem sofrer qualquer tipo de bullying ou represália. No curso de Comunicação Social, por exemplo, que faz o mesmo tipo de trote há mais de uma década, cerca de 90% dos estudantes concordam em participar, segundo a primeira-secretária do Centro Acadêmico, Maria Lúcia Wigger. As brincadeiras vão desde pintura com tinta até gincana com torta na cara e pedido de dinheiro nas ruas.

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