
Depois de comemorar a aprovação na primeira fase do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), quem passou pelo funil número um do concurso precisa continuar os estudos, de olho nas provas discursivas dos dias 5 e 6 de dezembro. Da segunda e última etapa do processo seletivo sairão apenas 5.016 estudantes, o que representa 11,44% do total de 43.839 inscritos no vestibular.
No primeiro dia da segunda fase, todos os candidatos fazem a prova de Produção e Compreensão de Textos, que vale 60 pontos e traz até sete questões discursivas de pesos diferentes. No segundo dia, haverá provas específicas, de acordo com o curso escolhido pelo estudante. São dez questões discursivas, valendo quatro pontos cada uma. Para ajudar os estudantes na preparação, o Vestibular perguntou a professores de cursinhos pré-vestibulares quais conteúdos têm mais chances de aparecer no exame. Confira na sequência as suas apostas para este ano e veja exemplos de questões simuladas.
Biologia
Alguns temas clássicos no vestibular da UFPR que não foram contemplados na prova da primeira fase são apostas para a segunda, afirma o professor Marcos Crozetta, do Curso Dom Bosco. Entre eles estão zoologia, biologia molecular e origem da vida. Questões de fisiologia (sistema digestivo e excretor) e genética também devem ser cobradas, embora tenham marcado presença nas provas objetivas.
A ecologia também apareceu na primeira fase, mas pode ser cobrada de novo, em questões sobre fotossíntese e sequestro de carbono. "A parte de ecologia pode vir relacionada a questões da atualidade. Por isso, a recomendação é olhar o que saiu na imprensa", recomenda. De acordo com Crozetta, as provas da primeira e da segunda fase são feitas independentemente umas da outras: o que não caiu nas objetivas não necessariamente vai aparecer nas discursivas. "O que existe são temas clássicos de vestibular, que, por mais que tenham aparecido na primeira, aparecem de novo na segunda."
Física
O professor de Física Jeferson Luiz Appel, do Curso Apogeu, aposta em questões de termodinâmica e termologia. "A prova pode cobrar transformações energéticas, em dispositivos que transformam movimento em calor. Sem falar que a primeira fase não cobrou nada sobre economia de energia elétrica e sobre fontes alternativas de energia, o que está em evidência atualmente", afirma. Eletricidade e óptica (aqui incluída a forma de projeção em 3D) são outros dois assuntos quentes para as discursivas.
O professor ressalta que a UFPR costuma relacionar ramos diferentes da física (mecânica, eletricidade e termologia) a partir de um mesmo conceito, como o de energia. "É importante cobrar dessa maneira, porque a prova contextualiza melhor os assuntos. Este é um grande avanço em relação ao vestibular que eu fiz. Hoje em dia, o conceito físico não fica mais esquecido", explica.
Química
O professor do Curso Dom BoscoLuiz Roberto de Lima evita apontar os tópicos mais prováveis para as questões discursivas e prefere dizer quais são os assuntos que gostaria de encontrar na segunda fase. "Questões relacionadas a biocombustíveis, termoquímica, energia e eletroquímica", afirma. Em termoquímica, o professor lembra que podem ser cobradas ligações químicas. Lima também gostaria que a prova trouxesse uma questão sobre energia nuclear. Para estudar para as provas discursivas, ele ressalta que é importante revisar antes e teoria e só depois partir para a resolução de exercícios. "Se o estudante for logo para a resolução de testes, ele tecniza o estudo e não desenvolve raciocínio", diz.
Matemática
O professor Eduardo Rocha, do Apogeu, considera que as questões da segunda fase devem vir de forma contextualizada. Como não são todos os conteúdos que permitem esse tipo de relação, alguns têm poucas chances de aparecer. "A segunda fase da UFPR acontece desde 2005 e analisando as provas desde esta época percebe-se uma predominância nos conteúdos de geometria espacial, plana e analítica, análise combinatória e probabilidade, funções logarítmicas e exponenciais e matrizes, determinantes e sistemas lineares. Portanto, esses conteúdos, até pela sua importância e pela facilidade de contextualização, têm as maiores chances de cair na segunda fase", afirma
História
Para o professor Renato Mocellin, do Curso Positivo, nada impede que um tema cobrado na primeira fase caia novamente na segunda, de forma mais aprofundada. Entre os temas quentes para as discursivas está a Grécia Antiga, que há dois anos não aparece nessa etapa do concurso. "Esse é um assunto relevante e o interesse do aluno sobre o tema pode diminuir se ele não cair no vestibular", avalia. Também é provável que a prova cobre os acontecimentos mais marcantes dos séculos 19 e 20: consequências da Revolução Industrial; surgimento de propostas para a criação de sociedades mais justas, do socialismo utópico ao socialismo científico; regimes totalitários; globalização; neoliberalismo; ditaduras na América Latina; guerras mundiais e crise de 29. "É possível estabelecer paralelos entre as sucessivas crises do sistema capitalista e o mundo marcado por fundamentalismos", diz.
Em relação ao Brasil, as apostas são o governo de Getúlio Vargas, o período democrático e a participação da mulher na história geral e do país. "Quando a prova foi elaborada, já tínhamos a certeza de que duas mulheres iriam concorrer à Presidência, uma delas com chances de ganhar, algo inédito no Brasil."
Geografia
As questões de Geografia da UFPR apostam na contextualização, estabelecendo relações entre conhecimento teórico e prática, explica o professor Hamilton Bettes Junior, do Curso Positivo. Segundo ele, a Federal costuma dar ênfase a aspectos urbanos populacionais e à interpretação de tabelas. "As provas da UFPR se preocupam com o aspecto da hierarquia urbana e exigem que o candidato saiba o que é uma metrópole ou uma capital regional, temas que podem ser facilmente discorridos em questões discursivas", afirma. Outro assunto importante é a globalização, com seus aspectos positivos e negativos e a marginalização dos países que não conseguem acompanhar a integração econômica, social, cultural e política entre as nações. Ainda sobre esse tema é importante estudar as relações de megablocos como a União Europeia e o Mercosul.
Sociologia
Na segunda fase, apenas os candidatos de Ciências Sociais resolvem questões de Sociologia. Assim como a prova de Filosofia, a de Sociologia cobra questões relacionadas a uma lista de livros. Mas as obras trazem interpretações feitas por sociólogos brasileiros a respeito de teorias sociais, políticas e antropológicas de autores como Karl Marx e Augusto Comte, enquanto a prova de Filosofia cobra a leitura de textos originais escritos por grandes filósofos.
Para o professor de Filosofia e Sociologia Paulo Sérgio Vieira, do Curso Dynâmico, a UFPR deve dar ênfase ao marxismo e seus herdeiros, discutindo a superação do consumismo e do regime capitalista. "Também é preciso saber o que vem a ser trabalho para Marx e questões sobre a força de trabalho e o valor do trabalhador", afirma. A teoria de Rousseau sobre a origem das desigualdades entre os homens e as discussões feitas por Augusto Comte sobre a razão também podem cair. Vieira ressalta que os candidatos devem saber relacionar o que leram com a realidade atual.
Filosofia
As questões de Filosofia serão baseadas em quatro livros: O Discurso do Método, de Descartes; A República (Livro X), de Platão; Einstein e a crise da razão, de Merleau-Ponty; e Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens, de Rousseau. Confira as resenhas de cada obra no site do Vestibular da Gazeta do Povo (www.gazetadopovo.com.br/vestibular)
Confira o simulado especial da 2ª fase da UFPR:



