Ramiro Gonçalez, Engenheiro de produção e mestre em Ciências da Comunicação, conta um poico mais sobre a Batalha de Conceitos. Confira:
A sua experiência profissional se deu em empresas com inovação fechada, o que o despertou para inovação aberta?
Toda minha formação profissional (e acadêmica) foi baseada num sistema de inovação fechada, hierárquica e pouco colaborativa. Nos últimos cinco anos comecei a perceber que isso não funcionava mais. As estruturas grandes e hierárquicas não traziam soluções a contento.A evidência final foi perceber que nenhuma (absolutamente nenhuma) inovação relacionada as redes sociais surgiu na academia. Mas não fazia a mínima ideia de qual seria a alternativa até conhecer a inovação aberta.
Como avalia a Inovação Aberta?
A constatação que os resultados eram piores em organizações fechadas, me fez repensar e perceber que algo estava errado. Trabalhei 22 anos em grandes multinacionais, com uma passagem por Londres. Vi organizações cansadas, repetitivas e que repetiam jargões sobre inovação e qualidade, mas não os praticavam. Deveria existir um nova metodologia para inovação que fugisse do modelo de inovação fechada.
Quais resultados práticos vê na inovação aberta?
Por curiosidade comecei a avaliar modelos de Inovação Aberta. Fiquei surpreso com resultados práticos que traz. Os velhos modelos do tipo gerente-de-novos-produtos-que-cria-conceitos-para-serem-testados-em-grupos-qualitativos não traziam respostas tão eficazes quanto o novo modelo entregar-um-problema-para-jovens (em rede) tentarem-desenvolver-soluções. É um processo que cria inúmeras sinergias e ajuda os gestores tradicionais a resolver problemas que muitas vezes não têm solução dentro de casa.
Mas isso não é uma fonte de potencial conflitos? Gestores tradicionais interagindo com jovens em rede?
Ao contrário do que se pensa o jovem busca na experiência dos gestores mais velhos e tradicionais apoio para entender o problema. E vai além: propõe soluções que evitam a politicagem das grandes corporações. Gestores que querem efetivamente resolver um problema, ficam felizes ao ver jovens sem experiência (mas com criatividade e motivados) ajudaram funcionários experientes e responsáveis (mas que estão cansados e não conseguem ver a solução por outros ângulos) O processo é saudável ao integrar a equipe "de dentro" com a equipe "de fora" das organizações.
Como você vê o Brasil na inovação aberta?
Verifiquei que inovação aberta encontrará terreno fértil no Brasil: culturalmente o brasileiro adora trabalhar em rede,a legislação é favorável, existem incentivos fiscais, as universidades são de boa qualidade e já há empresas que partilham seus projetos de inovação com parceiros externos. É um processo de ganhos múltiplos. Todos os agentes têm ganhos efetivos: empresas: trazem ar renovado aos velhos mecanismos de inovação internos; universidades criam um propósito no aprendizado (evitando o desgastado relacionamento com o "aluno-cliente"); e estudantes criam redes de conhecimento e relacionamento, desenvolvem projeto, melhoram empregabilidade e ainda podem ganhar um dinheiro com seus projetos. A inovação aberta não é um modismo. Se bem aplicada ela traz benefícios reais a todos os participantes.
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