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| Foto: Marcos de Lima/Gazeta do Povo

A vida social também é importante

Levar a universidade a sério é fundamental para ser um profissional competente, mas esse período da vida não é apenas para se profissionalizar. É importante também para amadurecer, fazer novas amizades e namorar.

A psicóloga da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luciana Albanese Valore explica que a vida social que a universidade oferece pode ser novidade para alguns – que até a adolescência não iam a muitas festas – e comum para outros, mas que nos dois casos ela é fundamental para a formação pessoal do estudante. "O isolamento não é positivo. Ele pode desestimular o aluno e até fazê-lo desistir do curso. Ter essas experiências de lazer faz parte da juventude".

Quanto aos namoros, muito comuns entre colegas de faculdade, Luciana acredita que são saudáveis e que em raros casos po­dem ser prejudiciais ao estudo. "Saber lidar com o relacionamento em público até em caso de rompimento faz parte do amadurecimento. E se é no meio acadêmico que o aluno fica maior parte do tempo, é lá que esse amadurecimento vai acontecer".

Bruna Carolina Tavares, que está no terceiro ano de Tecnologia em Produção Cênica na UFPR, conta que não tem como não estreitar laços de amizades com os colegas do seu ou de outros períodos e que faz muita coisa com eles fora da universidade, seja em festas, viagens ou passeios. "A gente se apega com quem estuda, não tem como não ser assim. Eles passam a fazer parte da nossa vida de forma geral, não dá para separar. Para mim é muito positivo, é o jeito que encontro para extravasar."

Mas alguns perigos estão presentes nas festas e churrascos e por isso Luciana recomenda que todos fiquem sempre atentos. "Geralmente o uso de álcool e de drogas começa em festas", alerta. Por isso fica a dica: curtir, sim, mas com responsabilidade.

O á-bê-cê da universidade

DependênciaÉ quando um aluno reprova em uma disciplina e tem de cursá-la novamente para conseguir fazer as próximas.

EquivalênciaÉ o termo para a dispensa de disciplina cursada em outra instituição de ensino ou outro curso que pode ser revalidada e aproveitada no seu currículo.

FinalÉ a prova que o aluno faz ao final do semestre quando não alcança a média 7 em todas as avaliações regulares. É como uma prova de recuperação.

Histórico EscolarÉ um documento semelhante ao boletim escolar. Nele constam as notas de cada disciplina assim como a frequência nas aulas, que por lei deve ser no mínimo de 75%.

Índice de Rendimento Acadêmico (IRA)É a soma de notas e faltas de cada semestre. Esse valor é usado para ter prioridade na escolha dos horários das disciplinas ou para tentar estágios dentro da própria instituição.

Obrigatórias x optativasAs disciplinas obrigatórias são aquelas que o aluno deve cursar para se formar. As optativas são as que ele escolhe dentre as opções que o curso oferece. Geralmente tem uma quantidade mínima a ser cursada em cada curso.

Registro acadêmicoÉ o número que vai acompanhar o estudante durante toda a vida acadêmica. É como se fosse o RG do aluno dentro da universidade.

Todo ano, milhares de estudantes deixam de ser vestibas e viram calouros. Passada a festa da aprovação, chegam as aulas e começa uma nova etapa: a de universitário.

Está enganado quem pensa que com a vaga na faculdade a vida está resolvida. Os desafios estão apenas começando e o ritmo de estudos pode ser tão intenso (ou até mais) que o dos tempos de cursinho. Sem falar na organização da vida estudantil. A grade horária muda, é preciso correr atrás do conhecimento sozinho, garantir horas de atividades complementares e pensar no trabalho de conclusão de curso. Está surpreso? Você não é o único.

Para saber quais são as principais dúvidas, convidamos cinco calouros. Para respondê-las, cinco veteranos, além de professores e coordenadores de diferentes instituições de ensino superior. O resultado você confere abaixo:

Correr atrás é o lema

Veteranos e professores são unânimes em dizer que na graduação o conteúdo não é mastigado como no ensino médio. O aluno tem de correr atrás e ir além do que é dado em sala de aula. "O professor não detalha tanto, temos de pesquisar mais, buscar outros autores além dos indicados. Não dá para ir à aula e achar que vai sair dali sabendo o suficiente", diz o estudante do terceiro ano de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Juliano de Mattos Oliveira.

Mas na hora de buscar os livros os calouros podem se assustar com o tamanho e a quantidade de conteúdo, sem falar no grau de dificuldade das leituras, que geralmente requerem esforço e horas de estudo. Segundo o professor dos cursos de Medicina e Enfermagem da Faculdade Evangélica do Paraná (Fepar) Kleber Tuletzki, é um processo complicado para o estudante sair de um método de repetição e reprodução da educação básica para aprender a pensar, pesquisar e fazer conexões entre os conteúdos. Por isso o primeiro ano é um pouco sofrido.

Um bom auxílio nesta tarefa são as anotações de aula, já que geralmente o que o professor diz é o que considera mais importante. Mas Tuletzki avisa que não necessariamente quem copia e anota tudo terá um desempenho excelente. É preciso usar as anotações como guia e não como única fonte.

A pesquisa como opção e complemento

Produção de pesquisa é um dos papéis fundamentais da universidade. Além do conhecimento produzido, os professores estão em constante busca por novas informações e descobertas científicas e tecnológicas. O acadêmico não é obrigado a participar de pesquisa, que é indicada para os alunos de pós-graduação, como mestrado e doutorado. Mas para o estudante que pretende se dedicar a esse ramo depois de formado, começar cedo é o ideal.

O professor Renato Pucci, que pesquisa a área de rádio e televisão na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), conta que é comum que o professor perceba qual estudante tem perfil para pesquisa e o convide para começar, mesmo os que estão nos primeiros anos do curso. "Vejo pela participação em sala se tem curiosidade e faz muitas perguntas, se nas provas demonstra que tem boa capacidade de leitura e escrita. Nota alta também é importante, mas não determinante." Entre as vantagens de pesquisar na graduação estão as bolsas remuneradas, que podem ser dadas pela instituição ou pelos programas como Capes e CNPq.

As horas gastas durante a pequisa contam como atividades de extensão nos cursos que as exigem, experiência curricular para ingressar em pós-graduação e reforço e aprofundamento do conhecimento que é dado em sala.

Básicas x Específicas

Todos os cursos têm um ciclo de disciplinas básicas e um de específicas. O primeiro engloba assuntos que podem ser os mesmos para cursos semelhantes, como Medicina, Odontologia e Farmácia. Essas disciplinas são lecionadas nos primeiros anos e só depois começam as disciplinas profissionalizantes. O professor Kleber Tuletzki, da Fepar, recomenda que o aluno tenha paciência e que não deixe de aprender bem as básicas, porque é a partir delas que irá compreender as demais. "Alguns pensam em desistir do curso nessa fase, pois não enxergam a conexão com o resto. Mas é preciso ter paciência e saber que lá na frente tudo fará sentido."

Livro ou fotocópias?

No primeiro ano, os calouros se perguntam se devem comprar todos os livros que os professores indicam ou como selecionar, saber o que é mais importante. A resposta é simples: as bibliotecas das instituições têm grande parte dos livros indicados e, mesmo que não sejam suficientes para todos, é comum na universidade que os professores deixem fotocópias com os capítulos.

"No meu curso, e acredito que nos outros também, o aluno compra os livros dos assuntos que quer se aprofundar depois, que acha que vai usar sempre e não só para aquela disciplina. Não é necessário comprar tudo", diz Gustavo Andrade Cortes, estudante do segundo ano de Geografia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).

Muitas atividades, pouco tempo

Embora seja uma das épocas mais felizes da vida, a vida universitária é também um período de ralar muito. O aluno não é universitário apenas quando está no câmpus, mas 24 horas por dia. Estágio, pesquisa, cursos – inclusive de línguas – congressos, palestras e até viagens contribui em para a formação. Gustavo (foto acima) estuda à noite, mas durante o dia trabalha como professor em escola pública e duas vezes por semana está à tarde na universidade porque faz parte de um grupo de pesquisa em Geografia Aplicada. "Até nas férias eu me envolvo com meu curso, pois aproveito o tempo livre para colocar em dia as leituras que não fiz durante o ano", conta.

O jeito é se enturmar

Qual calouro nunca teve um certo medo dos veteranos na primeira semana de aula? O receio de levar trote e ser feito de bobo é comum, mas a experiência dos estudantes diz que isso ocorre no início das aulas. Depois o melhor é fazer amizade e aproveitar a vivência de quem está há mais tempo na universidade.

Além de ajudar com fotocópias de livros, dicas de provas e de como estudar em cada disciplina, os veteranos também são boas fontes de estágio e emprego. "O aluno que não se enturma sai prejudicado. Eu soube do estágio que faço hoje, em um portal cultural, com um colega. Claro que ninguém é obrigado a participar de todas as festas, churrascos e encontros, mas viver isolado sempre, achando que só basta estudar não dá", conta Juliano Oliveira, aluno de Jornalismo da PUCPR.

Na práticaPara as graduações que exigem estágio, ele geralmente é feito no último ano. Para as que não exigem, o estudante pode buscar por conta, mas os professores advertem: é preciso ter uma boa base teórica. A estudante do terceiro ano de Tecnologia em Produção Cênica da UFPR Bruna Carolina Tavares começou como bolsista do próprio curso e hoje faz estágio em um teatro. Ela acredita que no seu curso a prática é essencial desde cedo, mas faz um alerta. "Nem sempre há tempo para tudo, ir à aula em um turno, estagiar no outro e ainda estudar em casa. Cada um tem de decidir o que é prioridade na sua formação."

Vale lembrar que o estágio pode garantir o emprego no futuro. "Os empregadores se interessam pelo aluno que busca a prática", explica o pró-reitor acadêmico da PUCPR, Eduardo Damião. Outra forma de ter contato com a prática são as atividades de extensão. Elas variam de acordo com o curso, mas a ideia é que o aluno faça desde cedo trabalho voluntário – na PUC, por exemplo, ele é obrigatório –, participe de viagens, projetos culturais e de pesquisa. "As empresas também querem jovens que se preocupem com aspectos sociais e que tenham vivência no assunto", diz Damião.

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