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A argentina Ana Selena fez toda a graduação de Agronomia na Universidade Federal do Paraná. Nesta ano, está fazendo especialização e mestrado na instituição | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
A argentina Ana Selena fez toda a graduação de Agronomia na Universidade Federal do Paraná. Nesta ano, está fazendo especialização e mestrado na instituição| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Desequilíbrio

Muitos saem, poucos chegam

De acordo com o assessor-adjunto de Relações Internacionais da UFPR, Alzir Felipe Buffara Antunes, a universidade envia 40% mais alunos do que recebe, provavelmente pelo alto custo de vida no Brasil e pela violência que está associada à imagem do país. "As pessoas não falam diretamente sobre isso, mas é o que observamos quando damos palestras no exterior. Os alunos nos perguntam se há muito crime no país e se há residência estudantil, alojamentos na universidade", afirma.

Segundo o coordenador do curso de Engenharia Elétrica da UFPR, Ewaldo Luiz de Mattos Mehl, a gradua­ção costuma receber estudantes de Angola, país africano de língua portuguesa que está em processo de recuperação após uma longa guerra civil. "Foi feito um convênio para ajudar o país a se reconstruir", diz. O estudante angolano Fábio Antunes conta que algumas cidades não foram afetadas pelo conflito e que há universidades, por exemplo, em Loanda, capital do país. Mas ele diz que não existe muita variedade de cursos e há problemas de infraestrutura.

Diferenças

Estudantes estranham o frio curitibano

O clima de Curitiba foi o que mais surpreendeu universitários que vieram de fora para estudar no Brasil. Recém-formado em Engenharia Elétrica pela UFPR, o angolano Fábio Manuel Baptista de Menezes Antunes, 23 anos, sempre ouviu que no Brasil fazia calor o ano inteiro. "Uma temperatura de 20 graus, para mim, significa frio e, para vocês, calor", diz.

O alemão Tony Hanseel estranhou também as mudanças bruscas de temperatura na capital paranaense. Outro aspecto que chamou a atenção do intercambista foi a variedade de alimentos nos restaurantes por quilo. "Aqui é mais barato comer em restaurante e a qualidade é melhor. Há legumes, frutas, carnes", conta.

Um pouco da Alemanha, da Argentina e da África, entre dezenas de outras regiões do globo, circula pelos corredores da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Só no segundo semestre deste ano, 34 estudantes estrangeiros ingressaram na instituição, dez somente nos cursos de engenharia. Ana Selena Fernadez, 25 anos, veio da Argentina para estudar Agronomia e se formou em dezembro de 2009. Este ano ela emendou uma especialização e um mestrado, também na UFPR. "Comecei a estudar português três anos antes de terminar o ensino médio. Não sabia nem que curso iria fazer, só que queria vir para o Brasil", conta ela, que fez a graduação inteira naUFPR. Segundo o assessor-adjunto de Relações Internacionais da UFPR, Alzir Felipe Buffara Antunes, cerca de 60 alunos de outros países estudam hoje na instituição. "A qualidade do ensino superior está muito relacionada à internacionalização, que promove a tolerância, a interculturalidade e a melhoria dos currículos", afirma. O tipo de intercâmbio depende da natureza do convênio firmado entre a UFPR e a instituição estrangeira. O estudante pode ficar apenas alguns meses no Brasil, validando em seu país de origem as disciplinas estudadas, ou cursar toda graduação na Federal. Outra possibilidade é fazer metade do curso no Brasil e obter um diploma com validade tanto aqui quanto no exterior.

Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), os estrangeiros também podem participar exclusivamente de programas de iniciação científica ou estágios. O número de intercambistas gira em torno de 50 por ano. Tony Hanseel, 23 anos, estuda Engenharia Biomédica na Alemanha e veio para o Brasil desenvolver pesquisas, no laboratório de instrumentação eletrônica da UTFPR, para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Ele desembarcou em Curi­tiba em agosto e pretende ficar até março de 2011. Apesar de estar há pouco tempo no Brasil, Tony conversou com o Vestibular em português e compreendeu boa parte das perguntas. "Eu fiz aulas durante meio ano na Alemanha para aprender a língua", diz. O aprendizado formal do idioma continua no Brasil. De acordo com a diretora de relações interinstitucionais da UTFPR, Maria Cristina de Souza, a universidade oferece curso de português para os intercambistas, que precisam chegar ao Brasil pelo menos com o conhecimento básico. Quando o português não é suficiente, conta Tony, colegas e professores dão um help. "Se eu não entendo o professor, uso o inglês ou alguns estudantes que falam alemão me ajudam", afirma.

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