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A exigência de escrever uma proposta de intervenção na redação do Enem é uma dificuldade que atinge candidatos de todo País, mas são os alunos de escola pública os que mais sofrem. A média na competência que avalia a intervenção é quase 22 pontos mais baixa na rede pública, na comparação com as particulares. Nos outros quatro critérios, essa diferença média é 18,56%.

No Enem de 2011, os alunos de escola pública tiveram uma nota média de 521,53 - na competência 5 a média foi de 76,43. Na rede particular, a nota geral foi de 617,51 e na competência citada, de 98,14.

A diferença também é visível quando se analisa as notas de cada Estado. Os alunos de escolas estaduais, municipais e federais de Alagoas, por exemplo, conseguiram uma nota média de 71,85 pontos na competência que avalia a intervenção - em uma escala de 200. A nota é pelo menos 30 pontos abaixo do registrado nas outras competências.

Apesar de, na avaliação dos corretores, os estudantes alagoanos não atingirem sequer uma intervenção de "forma precária", o Estado não têm a menor média na redação. As escolas públicas de Alagoas tiveram média 500,08 - enquanto o Estado com a nota mais baixa, o Piauí, a média geral foi de 497,47.

Segundo a consultora em educação Ilona Becskeházy, os dados da diferença entre as redes públicas e privada especificamente nessa competência reforçam a "injustiça" que o critério impõe na correção. "Esse quesito depende muito da exposição cultural. É óbvio que alguém que teve mais oportunidades, visitou outros países, tem mais acesso, vai melhor", diz. "Quem é mais pobre, vai ter menos referência. E quem tem acesso a treinamento à redação, em cursinhos e colégios de ponta, vai aprender a escrever o que o corretor quer ler. Ao contrário de ser criativo", completa.

Em uma prova que seleciona para praticamente todas as universidades federais do País, qualquer ponto é importante para o candidato. E pode definir quem entra na universidade.

Critérios

Na parte objetiva do Enem, o conjunto matemático da Teoria de Resposta ao Item (TRI) tenta garantir discriminar até alunos que teriam acertado mais questões no chute. No modelo adotado em 2009, quando o Enem tornou-se vestibular, o número de acertos não é definitivo para a nota. Quais questões foram acertadas também influenciam na nota, uma vez que todos os itens são pré-testados e calibrados. Mas o exame ainda combina a nota das questões com a da redação, parte mais suscetível à subjetividade dos corretores.

Ilona lembra que as mudanças nos critérios de correção e a publicação do Guia de Redação, feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas educacionais (Inesp), representaram avanços. Mas ela indica que seria ideal melhorar em outros pontos. "Cada critério deveria ter uma grade numérica de erros. Seria mais objetivo e educativo para quem está se preparando."

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