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O procurador federal Oscar Filho quer a anulação de 14 questões do Enem para todos os 4 milhões de estudantes | Jarbas Oliveira/Ag.Estado
O procurador federal Oscar Filho quer a anulação de 14 questões do Enem para todos os 4 milhões de estudantes| Foto: Jarbas Oliveira/Ag.Estado

Pré-teste

Para entrar no Enem, as questões são testadas para que sejam avaliados seus graus de dificuldade

Como é

1) O Ministério da Educação (MEC) convida professores de todo o país a elaborarem exercícios para compor um banco de questões.

2) Colégios do país são sorteados para participar do pré-teste .

3) Os alunos respondem 16 cadernos, com 24 questões cada um (384 no total).

4) Todos os cadernos, após serem respondidos pelos estudantes, devem ser enviados ao MEC; o colégio não pode ficar com nenhum caderno de questão.

5) Corrigidas as questões, o MEC define quais estão aptas para compor o Enem.

Onde pode ter havido falhas

Durante a aplicação, alunos, fiscais ou professores podem ter copiado as questões em teste .

Fonte: Folhapress

Dúvidas

Após as explicações do colégio e a decisão do MEC, algumas perguntas permanecem sem resposta

1) Como o colégio conseguiu acertar 9 questões entre centenas que compõem o banco do Enem?

2) Se a falha foi mesmo no pré-teste, quem copiou as questões e repassou à escola? O colégio usava em seus simulados questões enviadas por alunos?

3) Estudantes de outros colégios podem ter tido acesso ao simulado com as questões antecipadas?

4) Houve falha no pré-teste em outras escolas?

Fonte: Folhapress e Redação

Um simples post no site de rede social Facebook e a aparente tranquilidade da edição 2011 do Exa­me Nacional do Ensino Médio (Enem) foi ontem por água abaixo. Um estudante do Ceará publicou no seu perfil fotos de questões de um simulado promovido pelo seu colégio, o Christus de For­ta­­leza, on­­de apareciam perguntas idênticas às que caíram no Enem. A in­­formação provocou uma reação em cadeia no próprio Fa­­cebook e em outras redes so­­ciais, como o Twitter, até chegar às autoridades e terminar no cancelamento das provas dos 639 alunos da instituição.

O primeiro a reagir oficialmente foi o procurador Oscar Costa Filho, do Minis­­tério Público Federal do Ceará. Na manhã de ontem ele disse que solicitaria a anulação do Enem em todo o Brasil. Depois, foi a vez do Ministério da Educação (MEC). No início da tarde, o MEC negou a possibilidade de vazamento de informações na aplicação do Enem e acionou a Polícia Federal para esclarecer como os alunos tiveram acesso às questões.

Na noite de quarta-feira, o ministério confirmou o cancelamento das provas dos 639 alunos do Colégio Christus por "quebra de isonomia", já que os alunos cearenses tiveram acesso a informações privilegiadas. O governo afirmou que um simulado feito pelo colégio, duas semanas antes do Enem, continha nove questões idênticas às do exame. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), os culpados pelo incidente serão processados civil e criminalmente. O Inep garantiu ainda que os alunos poderão refazer as provas nos próximos dias 28 e 29 de novembro.

Defesa

O diretor do colégio Christus, Da­­vid Rocha, divulgou nota ontem afirmando que as questões que causaram a confusão devem ter vazado pelos pré-testes realizados pelo Ministério da Educação entre 2009 e 2011. Segundo o colégio, as questões podem ter entrado em um banco de perguntas mantido pela instituição por sugestão de alunos que fizeram pré-testes, "sem o conhecimento da escola no que diz respeito à origem desses dados".

A cada ano, o Inep aplica provas para alunos de diferentes escolas do país para testar o nível de dificuldade dos itens do Enem. Essas questões, após serem testadas, podem fazer parte do banco de perguntas de onde saem os exercícios do Enem. O colégio Christus foi um dos selecionados para o pré-teste do Enem 2011.

Em entrevista, David reafirmou que o banco de questões da escola é alimentado por professores, alunos e ex-alunos do Christus. De acordo com Rocha, oito dessas questões são semelhantes a exercícios que caíram na prova do Enem e seis delas são absolutamente idênticas. O diretor afirma que não sabe como as perguntas do exame de 2011 foram parar no banco de dados, mas que tudo será rastreado.

De acordo com Nunzio Bri­gu­glio Filho, assessor especial do ministro Fernando Haddad, a versão segundo a qual o Colégio Chris­tus mantinha as questões num banco de perguntas é improvável. "Isso é tão provável quanto uma vaca voar para a Lua", compara.

Exame dos EUA também foi alvo de fraudes

Não é só o Brasil que tem problemas com exames de abrangência nacional. Nos Estados Unidos, o SAT, um exame similar ao Enem e que é usado como parte da seleção dos candidatos ao ensino superior, está provocando dores de cabeça nos órgãos de educação.

Nesta semana, o Comitê Nacional de Educação do país, órgão não governamental responsável pelo exame, anunciou a contratação de um ex-diretor do FBI para uma revisão ampla de todos os procedimentos de segurança. Essa operação "pente-fino" deve começar no próximo dia 5 de dezembro. O comitê quer prever e evitar todas as irregularidades e preparar melhor os fiscais das provas.

A medida foi tomada depois dos últimos escândalos envolvendo o SAT. Várias acusações criminais têm sido registradas contra estudantes que tentaram diversos tipos de fraudes para conseguir boa pontuação no exame. A última denúncia foi realizada pelo Ministério Públi­­co (MP) de Nassau Coun­try, no dia 27 de setembro, contra o estudante Eshaghoff Samuel, de 19 anos. Samuel teria se apresentado para fazer a prova no lugar de seis outros estudantes.

"Infelizmente, quem perde nesse processo são as pessoas honestas, trabalhadores e estudantes que seguem as regras", lamenta o senador Kenneth P. LaValle. A punição dos alunos suspeitos de fraudes, acrescentam as autoridades contrárias ao SAT, não é suficientemente severa. Hoje as notas dos envolvidos são canceladas, mas eles podem refazer o teste sem que as universidades saibam do histórico .

Esses problemas ocorrem também em outros países e são de conhecimento do ministro da Educação, Fernando Haddad. No início do mês, ele defendeu o Enem, mesmo recordando incidentes ocorridos em outros países. Na China, por exemplo, 62 pessoas foram presas por usar cola eletrônica na prova de admissão às universidades. "Não estou dizendo que vai acontecer alguma coisa [no Enem deste ano], mas é um grande problema fazer uma prova em um fim de semana para 5 milhões de pessoas", ressaltou, na época, destacando que o ministério está "somando inteligência ao processo, a cada edição". É o que os alunos esperam para os próximos anos.

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