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Thiane Fagundes não teve problemas com a prova amarela do Enem, mas foi convocada por e-mail e telegrama para refazer o exame | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Thiane Fagundes não teve problemas com a prova amarela do Enem, mas foi convocada por e-mail e telegrama para refazer o exame| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Enem para detentos

Também nesta quarta-feira (15) começa a aplicação de provas do Enem para presidiários ou adolescentes que cumprem medidas socioeducativas privados de liberdade. No total, segundo o Inep, há 15 mil candidatos inscritos em cerca de 500 unidades prisionais. No ano passado, 10.698 presidiários fizeram o Enem. Hoje serão aplicadas as avaliações de Ciências Humanas e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Na quinta-feira (16) será a vez dos testes de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação e Matemática e suas Tecnologias. Os gabaritos das provas objetivas aplicadas nos presídios serão divulgados na página do Inep até dois dias úteis após a realização das provas.

Entenda o caso

O MEC decidiu reaplicar as provas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza depois de uma série de reclamações de alunos que fizeram o exame no dia 6 de novembro. Na versão amarela do caderno de provas havia erros de impressão, questões repetidas e fora da sequência. O ministério convocou apenas os candidatos que tiveram seus problemas registrados em ata pelos fiscais que aplicaram a prova. Para identificá-los, de acordo com o Inep, houve um levantamento nas atas de 116.626 locais de prova. Inicialmente, o ministério anunciou que somente 2.817 estudantes teriam direito ao novo exame. Os estudantes que solicitarem terão à disposição uma declaração de comparecimento para justificar a ausência ao trabalho, segundo o Inep.

Evasão marca prova do Enem no interior

As novas provas do Enem para os alunos que foram prejudicados em novembro tiveram índice considerável de evasão nas cidades do Centro-Sul do Paraná.

Dos 8 alunos convocados para o novo exame em Ponta Grossa, apenas metade compareceu. Em Guarapuava, dos 17 que receberam o comunicado, 11 fizeram a prova.

A aplicação do Enem nessas cidades transcorreu de forma tranquila e recebeu a aprovação dos alunos. "Dessa vez foi bem diferente da (prova) anterior; estava tudo de acordo e os gabaritos não estavam invertidos. Agora, com menos questões, até ficou um pouco mais fácil", conta Murilo Cesar Gomes Batista, que aos 26 anos pretende cursar Direito na Universidade Estadual de Ponta Grossa. (Ismael de Freitas, especial para a Gazeta do Povo)

  • Marcela Gayer fez o Enem graças a uma liminar expedida no final da tarde de terça-feira pela Justiça Federal do Paraná

Pelo menos três estudantes de Curitiba conseguiram na Justiça o direito de refazer as provas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza do Enem. O Exame Nacional do Ensino Médio foi reaplicado nesta quarta-feira (15) em 17 estados do país.

Nas Faculdades Integradas do Brasil (Unibrasil), no bairro Tarumã, a candidata Marcela Gayer, 18 anos, chegou acompanhada pela advogada Fernanda Vanini Ibrahin Penteado. A estudante apresentou uma liminar expedida no final da tarde de terça-feira (14) pela Justiça Federal do Paraná, além do comprovante de ensalamento do exame. Ela ingressou com uma Ação Ordinária com pedido de Tutela Antecipada e obteve decisão favorável da juíza Soraia Túlio, da 4ª Vara Federal.

Marcela recebeu a prova amarela com problemas no dia 6 de novembro, mas não teve o exame substituído e não foi convocada para refazer o Enem.

A decisão determinava que a estudante poderia se dirigir a qualquer um dos locais de aplicação da prova em Curitiba. "Como não sabíamos de nenhum local, porque o Inep não havia divulgado essa informação, estávamos em um impasse", explicou a advogada. Marcela disse que descobriu o endereço da prova na manhã desta quarta, quando entrou no site do Inep com o número do seu CPF e conseguiu imprimir o comprovante de ensalamento.

De acordo com um dos organizadores da prova na Unibrasil, os fiscais foram orientados a liberar a entrada de todos os estudantes com liminares, mesmo que eles estivessem sem o comprovante de ensalamento. O local foi um dos que recebeu o maior número de alunos em Curitiba, cerca de 1,2 mil.

Gui­lherme Augusto Traiano Rieth, 17 anos, também obteve uma liminar na Justiça. Ele recebeu a prova amarela com defeito e só no final do dia os fiscais trocaram o caderno. O rapaz, que conversou com a Gazeta do Povo na terça-feira, já havia começado a preencher o gabarito e foi prejudicado, mas seu nome não estava na ata dos fiscais. "Isso tudo é injusto. Eu contratei um advogado. E as pessoas que não tiveram esta oportunidade?", ques­­tionou a mãe do garoto, Jóylhiane Traiano, em entrevista ao jornal.

Atrasados

Pelo menos quatro alunos chegaram após o fechamento dos portões, às 13 horas, no Colégio Hildebrando de Araújo, no Jardim Botânico. Jennifer Rafaela de Oliveira, 16 anos, vestibulanda de Arquitetura, chegou três minutos atrasada, mas estava tranquila. "Eu achei que o colégio era mais para frente e acabamos nos perdendo. Agora não tem o que fazer".

Jéssica Ellen Cordeiro do Nacimento, 19 anos, chegou às 13h05 e ficou desesperada ao ver o portão fechado. Chorou muito enquanto falava no telefone com a mãe. Ela contou para a reportagem que pegou o ônibus para a direção errada e só conseguiu chegar com a ajuda do namorado, que passou as coordenadas pelo celular.

Jéssica não foi convocada para refazer a prova, apesar de ter recebido um exame "cheio de erros". Ela entrou com pedido de liminar na Justiça e obteve decisão favorável no início da semana, quando também recebeu o ensalamento. Jéssica reclamou que o local era muito distante da sua casa, localizada no bairro Santa Cândida, e lamentou o dinheiro gasto em um cursinho preparatório específico para o Enem. "Gastei R$ 2 mil. Fiquei o ano todo economizando, e agora acontece isso".

Josiane Duarte, 18 anos, se atrasou seis minutos. Ela cursa Estética na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), mas fez o Enem para conseguir desconto na mensalidade. "Estava com esperança de ir bem, minha outra prova estava cheia de problemas".

Por volta das 13h30, Alex Henrique Blenk e a irmã, a advogada Andressa Blenk, chegaram ao Colégio Hidelbrando de Araújo com uma determinação judicial expedida pela desembargadora Marga Inge Barth Tessler, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A decisão saiu às 12h46 desta quarta-feira e permitia que o estudante participasse das provas.

Eles entraram com a medida judicial na segunda-feira, mas ela foi indeferida. Após ingressarem com recurso às 20h de terça, a realização da prova foi autorizada. O estudante, porém, não conseguiu fazer o exame, porque chegou depois do horário de fechamento dos portões.

A fiscal que coordenava a aplicação dos testes no colégio, Talita Bontorin, reteve a liminar e disse que precisaria de uma confirmação nacional para saber se Alex poderia entrar ou não para fazer a prova. O estudante permaneceu no local até as 17h, quando desistiu e voltou para casa. "Agora temos de aguardar o julgamento do mérito do mandado de segurança. O caderno de provas que ele recebeu foi anexado à ação e é a Justiça que vai definir o que será feito", disse Andressa.

Segundo ela, a decisão judicial saiu muito tarde e o estudante se dirigiu ao primeiro local onde descobriu que haveria provas.

Se nem todos os candidatos que tiveram problemas com a prova amarela foram convocados, pelo menos uma estudante que não encontrou erros no Enem teve a chance de refazer o exame. Thiane Fagundes, 17 anos, recebeu um e-mail do MEC na semana passada e um telegrama nesta segunda-feira. "Vou tentar de novo, porque eu estava muito nervosa no dia da prova", contou.

Saída

Os estudantes que refizeram o Enem no Hidelbrando de Araújo começaram a sair das salas por volta das 15h30 e estavam divididos sobre o grau de dificuldade do teste. Jonathan Gomes, de 19 anos, fez a prova para ingressar no Prouni, e achou as questões mais fáceis de interpretar do que as da prova passada. Janaína Vieira dos Santos também disse que as questões estavam mais claras, mas considerou os temas mais difíceis. Ela tenta ingressar no curso superior de Tecnologia em Radiologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná(UTFPR).

Por volta das 17h20, praticamente todos os alunos já haviam deixado a escola. Um dos últimos alunos a sair, José Guilherme Augustinho, 18 anos, que pretende cursar Engenharia da Computação na UTFPR, achou que o Enem estava mais fácil, principalmente na parte de Química.

Jéssica Gabrieli Cardoso, 17, que fez a prova para ajudar na pontuação para o vestibular em Letras, achou mais difícil, por ter temas bastante diversos da prova anterior. Para ela, o tempo entre uma prova e outra deveria ter sido maior. "Por ter sido tão em cima da hora, poderiam ter esperado".

Enem em números

Segundo o Ministério da Educação, 2.620 estudantes foram convocados para fazer a prova em Curitiba, onde foram registrados 95% dos casos do Paraná. Em todo o estado, o MEC entrou em contato com 2.708 candidatos.

Dados preliminares do MEC apontam que o índice de comparecimento no Paraná foi de 60%. Além da capital, a nova prova foi aplicada em cinco municípios: Goioerê, Guarapuava, Pinhão, Pitanga e Ponta Grossa.

Paraná e Santa Catarina respondem por 60% dos mais de 9,5 mil estudantes convocados para refazer o Enem. Em Santa Catarina 3.477 estudantes de 42 municípios foram chamados para refazer a prova. A maior ocorrência foi na cidade de Chapecó, com 402 convocados.

Minas Gerais foi o terceiro estado em número de alunos, com 1.266 convocados em 54 municípios. Somente em Belo Horizonte, 636 estudantes deveriam fazer a prova. O Enem foi reaplicado em 218 cidades de 17 estados brasileiros.

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