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Allan Augusto Nagata, primeiro em Odontologia na UFPR | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Allan Augusto Nagata, primeiro em Odontologia na UFPR| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Se passar no vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) não é para qualquer um, imagine passar em primeiro lugar no curso escolhido. Para saber qual é o segredo, o Vestibular da Gazeta do Povo conversou com alguns dos primeiros colocados em cada um dos 95 cursos. Entre eles, muitas histórias diferentes, mas uma certeza: para ser o melhor é preciso se dedicar. Os calouros contam sobre a sua rotina de estudos, a escolha do curso e dão dicas para quem quer passar e conquistar o topo da Federal.

Da decepção à glória

"Recomendo estudar como se isso fosse a única coisa do mundo. É só uma fase, depois tem a vida inteira para curtir."

Depois de bombar em seu primeiro vestibular, Ana Flávia Machado, 18 anos, não baixou a cabeça. Decidiu que passaria em Medicina, curso mais concorrido da Federal, e ponto. Afinal, salvar vidas já não era algo tão distante de sua realidade. "Ia fazer Engenharia Mecânica, mas no início de 2009 estava com minha mãe na praia quando uma vizinha teve um ataque cardíaco. Fiz massagem cardíaca nela até chegar ao hospital. Não sei se ajudou, mas ela sobreviveu", conta Ana Flávia.

Passado o trauma, a decisão estava tomada. Mas faltou maturidade no primeiro ano de preparação, reconhece. "Achei que era só estudar um pouco que estava dentro, mas vi que para entrar em Medicina vale mais o esforço que a inteligência".

E o esforço não foi pequeno. Ana deixou tudo de lado para se dedicar aos estudos. "Nem vi a Copa do Mundo, ficava sabendo dos gols do Brasil pelos foguetes. Faltei ao meu próprio aniversário", conta ela, que ia para o cursinho de manhã e depois estudava das 13h30 às 22 horas, além de bater ponto nas aulas de aprofundamento.

Até as provas na primeira fase, ela se dedicou a todas as disciplinas. "Fazia resumos de cada matéria, que ia lendo ao longo do ano." Isso garantiu 73 acertos das 80 questões. Só depois decidiu focar em Biologia e Química, as específicas de Medicina.

Mesmo com a certeza de que tinha ido bem, a comemoração só veio depois do resultado. "Ainda tinha dúvidas se iria passar. Em primeiro lugar, então, não imaginava."

Organização e tranquilidade

"Para quem vai tentar, é fundamental ter organização e tranquilidade. E não menosprezar a primeira fase."

A vontade de fazer Direito é tão antiga que Diogo Zelak Agottani, 17 anos, nem se lembra de quando ela surgiu. "Meu avô era advogado, da área cível, mas lá em casa só tem engenheiro", diz ele, que tem um irmão formado em engenharia elétrica e é filho de engenheiros.

Apesar de escolher uma profissão diferente da dos pais, o apoio da família sempre foi um estímulo, principalmente quando a rotina de estudos se tornava cada vez mais pesada. "Fiz o terceiro ano em um colégio e o superintensivo em outro. Estudava o dia todo: de manhã, de tarde e à noite. Dormia sempre depois da meia-noite e acordava às 6h30", conta.

Tanto estudo tinha um propósito: ser o melhor colocado entre os aprovados em Direito (Manhã). "Eu tinha certeza de que passaria, mas queria ser o primeiro", diz, sem falsa modéstia. Para isso, estudou todas as matérias da prova objetiva, priorizando Biologia, em que tinha mais dificuldade. Superada a primeira etapa – ele acertou 71 das 80 questões – focou em História, que junto com Filosofia compõe a segunda etapa específica da Federal.

Além disso, manter a tranquilidade também foi fundamental. "Estudar bastante me ajudou a afastar o medo de não passar", conta ele, que garante que em meio a tanto estudo sempre sobrava um tempinho para o lazer.

Equilíbrio acima de tudo

"Sugiro manter o equilíbrio entre estudo e lazer. Estudar é muito importante, mas nunca é bom exagerar."

O gosto pela Matemática foi o que guiou Gabriel Mantovani Czajkowski, 17 anos, para o curso de Ciências da Computação, mas a decisão só veio mesmo depois de muita pesquisa. "Conversei com os professores, peguei informações sobre o curso e falei com pessoas da área. Só depois decidi mesmo, um pouco antes da inscrição para o vestibular", conta.

Aluno do Terceirão, sua estratégia foi prestar muita atenção nas aulas, para depois não precisar perder muito tempo em cima das apostilas. "Ia para a aula de manhã. De tarde almoçava, descansava e estudava durante uma ou uma hora e meia. Nunca passava de duas horas", conta. Para otimizar o tempo, focava na resolução dos exercícios. "No começo até tentei estudar a teoria em casa, mas vi que era melhor fazer apenas os exercícios e me manter descansado para aprender o máximo da teoria em sala de aula."

Em relação às matérias, não descuidou de nenhuma, mas sua atenção se voltou mais para Física e Matemática. "Por duas razões: a primeira porque gosto mais destas disciplinas. Segundo porque eram as específicas da segunda fase." O resultado está aí, para todos verem. "Não tinha certeza de que passaria, mas estava confiante", diz.

Ritmo e foco nas específicas

"É preciso manter o foco e o ritmo de estudos até o fim. Não precisa o tempo todo, é preciso ter um tempo para relaxar. Mas é importante estudar todos os dias."

Na primeira vez que tentou vaga na Universidade Federal do Paraná, Allan Gustavo Nagata, de 17 anos, queria Medicina. A aprovação não veio, mas a decisão de mudar a opção de curso, sim. "Meu pais é dentista. Depois de analisar melhor, decidi fazer Odontologia", afirma ele, que tinha certeza de que ia passar, mas não em primeiro lugar.

Para garantir a aprovação, Allan resolveu adaptar sua rotina ao seu ritmo. "Acho que funciono melhor à noite. Por isso ia para o cursinho à noite e pegava no estudo quando chegava em casa. Ia dormir às 5 horas da manhã e só acordava ao meio-dia", conta ele, que reservava as tardes para o lazer e para as aulas de inglês. Na hora de estudar, o foco foi a segunda fase. "Dei mais importância às específicas, Biologia e Química, já que tenho facilidade e conseguia pegar bem a matéria das outras disciplinas durante as aulas.

"A estratégia rendeu 59 pontos na primeira fase, mas foi a calma na hora de fazer as provas o fundamental para a provação, segundo ele. "Todos estavam bem nervosos na sala de provas. Eu decidi relaxar, conversar com as outras pessoas. E isso ajudou bastante", diz, certo de que manter um tempo reservado para o lazer também foi importante.

Rotina e planejamento

"A chave é manter a rotina definida e deixar a matéria em dia. Um semestre de esforço não mata ninguém."

Decidido a fazer Medicina, a mudança e a escolha pelo curso de Administração foi tomada por Estevão Smach, 18 anos, na hora de fazer a inscrição para o vestibular da Federal. "Percebi que não era a minha vocação, não me via como médico a vida toda", diz.

Se a opção pelo curso foi assim, em cima da hora, o planejamento dos estudos começou bem antes, em 2009. "Fiz o ensino médio técnico em Gestão Empresarial na UTFPR [Universidade Tecnológica Federal do Paraná]. Ao invés de fazer em quatro anos, me programei para terminar em três anos e meio e desde 2009 fui eliminando as matérias", explica. Com o fim das aulas na Tecnológica, Estevão começou o semiextensivo, mantendo a rotina rígida de estudos. "Ia para a aula à tarde. Chegava em casa às 19h15, jantava e estudava até umas 22 horas. Quando tinha disciplinas mais pesadas, como Física e Matemática, estudava até umas 23 horas", conta.

O foco foi a primeira fase, no começo, mas depois das provas da etapa inicial, deu um gás para dar conta das específicas. E deu certo. "Gabaritei em Matemática, na segunda fase", diz ele, que se considera perfeccionista e dá a fórmula do seu sucesso. "Dedicação, foco e humildade. Por mais que eu soubesse que ia passar, sabia também que sempre podia fazer mais e melhor."

Pressão para chegar na frente

"A dica é estudar, não tem milagre. Enquanto está todo mundo saindo, você está estudanto, mas é assim mesmo."

A pressão sempre foi grande na casa de Renata Tempski Fiedler, 17 anos, aprovada em Engenharia de Produção. Apesar de seu curso não fazer parte da lista dos mais concorridos, os pais não aliviavam quando o assunto era vestibular. "Minha mãe passou em Medicina e meu pai foi aprovado em primeiro lugar em Engenharia Mecânica na Federal. Eles sempre me ensinaram fazer o melhor possível", conta.

Com a certeza de que ia passar, restava saber se ia ser em primeiro lugar. "Já tinha passado em primeiro na PUC [Pontifícia Universidade Católica do Paraná], mas na Federal não tinha certeza de que ficaria em primeiro. Achei que ficaria em segundo ou terceiro." Para o bom desempenho, foram fundamentais a persistência e a rotina. Ela ia para a aula pela manhã, depois estudava em casa das 15h30 às 21 horas. No fim de semana, depois das aulas de sábado, sempre sobrava tempo para o namorado e as amigas. "Mas nada de balada, só jantares e um barzinho de vez em quando."

O foco eram as matérias em que tinha mais dificuldade, dando importância para a primeira fase. "Tem gente que estuda só para a segunda fase, mas nem chega a passar na primeira. Tem de ter noção de tudo, senão a chance de cair algo que não se sabe é bem maior."

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