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Escalada de erros

Além das complicações desta edição do Enem, há outras avaliações problemáticas realizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Confira:

Vazamento

Em outubro do ano passado, jornalistas tiveram acesso à prova do Enem dois dias antes da aplicação, o que levou ao cancelamento do exame. Investigações mostraram que o documento foi furtado de dentro da gráfica onde era realizada a impressão.

Exclusão

Muitas universidades desistiram de usar a nota do Enem como parte do processo seletivo em função do atraso para a realização do exame e a divulgação das notas. Em 2009 também houve a divulgação de um gabarito errado e problemas com o Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Insegurança

Em agosto deste ano foi descoberto o vazamento de dados de inscritos no Enem nos anos de 2007, 2008 e 2009. No período foi possível acessar os números do CPF e do RG, além do nome da mãe do candidato. A Polícia Federal temia que isso facilitasse a atuação de criminosos e fraudadores.

Questões anuladas

Em 2009 o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), criado para avaliar o ensino superior, teve 54 questões anuladas, representando 7% do total. Na aplicação das provas da área de Comunicação Social, estudantes e coordenadores de cursos de Curitiba afirmaram que houve uma orientação errada, para não preencher 15 das 40 questões, o que prejudicou o desempenho final das instituições.

Reitores de instituições de ensino superior, representantes do movimento estudantil e educadores reconhecem os problemas operacionais que envolveram a segunda edição do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas ainda saem em defesa da sua continuidade. Para o reitor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Carlos Eduardo Cantarelli, a insatisfação dos candidatos é natural, pois a entrada numa universidade representa um período de definição de suas vidas. "Mas temos de lembrar que os vestibulares também apresentaram problemas que foram corrigidos ao longo de 40 anos", afirma.

De acordo com Cantarellli, o Enem é uma inovação para o Brasil. "É um mecanismo adequado não só para o acesso ao ensino superior como para o direcionamento dos conteúdos da educação básica. Os vestibulares tornaram o currículo do ensino médio impraticável e extremamente conteudista", diz.

O Enem ainda representa uma alternativa ao vestibular tradicional e é socialmente mais inclusivo, na opinião do reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Targino de Araújo Filho, que também é vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). "Eu separararia o caso do ano passado, que foi de polícia. Os erros deste ano foram lamentáveis, mas isso faz parte da aprendizagem na aplicação de um processo de uma dimensão tão grande", diz.

Na opinião do presidente do movimento Todos Pela Edu­ca­ção, Mozart Neves Ramos, mem­­bro do Conselho Nacional da Educação (CNE), a parte operacional e a parte pedagógica do Enem devem ser avaliadas separadamente. "A prova é correta, bem elaborada e a metodologia utilizada [Teoria de Resposta ao Item – TRI] permite que um exame de mesma complexidade seja aplicado inúmeras vezes", avalia. Na opinião dele, o problema está na forma centralizada de aplicar o Enem e talvez uma saída seja aplicar as provas regionalmente, com a organização das universidades que participam do processo. "Para isso seria necessário um investimento maciço na criação de um banco de itens. Ainda não há um número suficiente de questões para que o Enem seja feito de maneira descentralizada", diz.

O presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Paulo Moreira da Rosa Júnior, afirma que as entidades do movimento estudantil têm evitado o discurso contra o Enem, que na opinião dele é oportunista. "É um exame que está servindo para a democratização do acesso ao ensino superior. O que precisa melhorar é sua aplicação logística", diz.

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