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Tiago de Oliveira teve de fazer o Enem pela segunda vez: “Não é certo ficar modificando toda hora” | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Tiago de Oliveira teve de fazer o Enem pela segunda vez: “Não é certo ficar modificando toda hora”| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Tira-dúvidas

O que o candidato precisa saber:

- Vagas – Somente no Paraná, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) vai oferecer 3.894 vagas distribuídas em três instituições do estado. Na UTFPR serão 3.150 e no Instituto Federal do Paraná (IFPR), 220. Ambas usam o sistema como única forma de ingresso para os cursos de graduação. Já a Universidade Federal do Paraná vai ofertar 524 vagas em 85 cursos da instituição, cerca de 10% do seu total de vagas.

- Como se inscrever – As inscrições estarão abertas entre este domingo e terça-feira, somente pela internet (http://sisu.mec.gov.br). O candidato deve fazer o cadastro com o número de inscrição e senha do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010. Caso tenha perdido esses dados, deve recuperá-los no site do exame. O candidato não é obrigado a criar uma nova senha para o Sisu, mas pode, se quiser. É possível se inscrever em até dois cursos e um deles deve ser marcado no sistema como primeira opção.

- Opção de curso – Durante o período de inscrições o estudante poderá alterar os cursos em que se inscreveu conforme as notas de corte divulgadas no início de cada dia. Será considerada válida apenas a última modificação feita.

- Cotas – Os candidatos que quiserem participar da seleção como cotistas sociais ou raciais devem informar a condição na hora da inscrição, marcando as opções de ações afirmativas e não as de concorrência ampla.

- Horário – As inscrições e modificações de curso só poderão ser feitas entre 6 horas e 23h59. No restante do dia, o sistema fica fechado para calcular as notas de corte conforme o número de candidatos inscritos por curso e os diferentes pesos dados pelas instituições para cada prova do Enem. A cada dia de inscrição, o processo se repete. O candidato deve acompanhar o sistema todos os dias, pois as notas de corte podem mudar.

- Seleção – Se o candidato for aprovado no curso marcado como primeira opção, ele tem o nome automaticamente retirado do sistema. Caso não faça a matrícula na instituição para a qual foi selecionado, perde a vaga. Se for selecionado para a segunda opção ou não atingir a nota mínima para nenhum dos cursos escolhidos, pode permanecer no sistema e ser convocado nas chamadas seguintes.

- Lista de aprovados – A primeira chamada será divulgada no próximo dia 22 e as matrículas serão de 25 a 27 de janeiro.

- Ao fim de três chamadas – a segunda será divulgada em 1º de fevereiro e a terceira no dia 10 de fevereiro –, caso ainda existam vagas, as instituições convocarão os candidatos a partir da lista de espera gerada pelo sistema. Para participar dela, o estudante deve obrigatoriamente preencher a declaração de interesse entre 11 e 15 de fevereiro.

As inscrições para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que neste ano classificará estudantes para 83.125 vagas em 83 instituições públicas de ensino superior de todo o país a partir da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), começam neste domingo, às 6 horas. Na primeira rodada de 2011 serão aceitas somente as notas obtidas no Enem 2010. Entretanto, quando o Ministério da Educação (MEC) anunciou que pretendia substituir, aos poucos, o vestibular tradicional pelo exame, a previsão era de que as notas obtidas no Enem poderiam ser usadas por três anos no Sisu. Esse "prazo de validade" traria vantagens, como permitir que candidatos aproveitassem a melhor das notas desse período e não precisassem refazer o exame todo ano, economizando tempo e dinheiro.

Assim, o previsto não se confirmou. Segundo o MEC, não seria possível usar a nota do Enem 2009 porque o exame de 2010 sofreu grande mudança, passando a cobrar conteúdos de língua estrangeira. Isso impediria a comparação, apesar de o método usado para a elaboração da prova ser o mesmo, chamado de Teoria de Resposta ao Item (TRI). Quanto à validade das notas do Enem 2010 e das futuras edições, o ministério afirmou que nada está definido. A prioridade, no momento, é o Sisu 2011, mas a validade "estendida" não está descartada, segundo a assessoria da pasta.

Constantes mudanças

Os estudantes Tiago de Oliveira, 19 anos, e Carolina Costa, 18 anos, estão entre os que fizeram o Enem 2009 para tentar uma vaga na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) por meio do Sisu. Sem sucesso, tiveram de fazer novamente o Enem no ano passado para concorrer no sistema. Apesar de não se sentirem prejudicados por isso, criticam o excesso de modificações conduzidas pelo MEC. "Não é certo ficar modificando toda hora. Tem muita gente que não tem o mesmo acesso à informação que a gente e vai sair prejudicado", afirma Oliveira. "Eu acho isso tudo uma grande confusão", completa Ca­­rolina.

Apesar das reclamações, o Enem é visto com bons olhos pelos especialistas e as mudanças, como necessárias. O exame está em evolução, na ótica do chefe do Departamento de Processos Seletivos da UTFPR, Jair Almeida. "O Enem está em construção. Pode ser que mude novamente para o ano que vem e invalide a utilização da nota do ano anterior. Mas são ajustes necessários", diz ele, que não encara o descarte da nota de 2009 como um problema. "Se o estudante não tirou uma nota suficiente para garantir uma vaga, ele vai querer refazer o Enem para ter uma nota melhor", afirma.

Planejamento

No entanto, o planejamento poderia ser melhor, afirma a educadora Maria Helena Guimarães de Castro, membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e do comitê técnico da ONG Todos pela Educação. Entre 1995 e 2001, ela presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pela elaboração do Enem. A própria Maria Helena foi uma das responsáveis pela elaboração do exame, lançado em 1998, em suas primeiras edições. "O novo Enem é importante e um caminho muito bom, que eu conceitualmente apoio. Mas ele foi lançado de uma forma muito apressada e está passando por uma série de ajustes."

Ela explica ainda que a inclusão de questões de língua estrangeira é uma modificação na matriz curricular, por isso impede a comparação das notas. "Deve-se trabalhar nessa perspectiva da validade da nota. É assim nos Estados Unidos e na Inglaterra, país no qual o certificado geral de final de curso pode ser usado até 10 anos depois." Maria Helena também diz que o excesso de modificações é ruim para os estudantes. "Entendo as dificuldades do MEC para fazer esses ajustes, mas os alunos não podem ser prejudicados. Eu espero que em 2011 o Enem possa se institucionalizar e ter regras definidas e de longo prazo", diz.

É o que também espera o diretor do curso Dom Bosco, Luiz Octávio Stocco, que, apesar de apoiar o exame, critica a falta de planejamento do MEC. "O Enem determina a vida de 5 milhões de estudantes e de vários setores da iniciativa pública e privada. É complicado não ter um planejamento claro logo no começo do ano", diz. Segundo ele, isso gera um efeito em cadeia, atrasando o planejamento das universidades e prejudicando os vestibulandos em um ano cheio de desafios. "O ano letivo vai começar daqui a um mês e todos já querem saber como a UFPR vai adotar o Enem no próximo vestibular, quais serão as diretrizes. O ideal era ter isso já definido", avalia.

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