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Alckmin e Lula.
Alckmin e Lula.| Foto: Ricardo Stuckert/PT

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB-SP) vai começar nos próximos dias uma série de agendas com diversos setores da sociedade civil e do empresariado para ampliar a base de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Indicado como vice na chapa do petista, Alckmin também vai reforçar em discursos e entrevistas acenos para diferentes grupos, buscando atrair o eleitor do que a campanha petista chama de "direita moderada".

Nesta segunda-feira (23), por exemplo, Alckmin e Lula se reunirão pela primeira vez com o chamado grupo de coordenação-geral da campanha. O objetivo, segundo líderes petistas, é alinhar o discurso de toda a pré-campanha como forma de evitar possíveis desgastes com declarações de improviso de Lula e Alckmin.

Na composição do grupo, Alckmin será responsável por indicar ao menos cinco integrantes para debater o plano de governo da chapa e a coordenação da campanha. Além do ex-governador, para reforçar o simbolismo de uma inflexão ao centro, a direção petista quer ainda atrair nomes históricos do PSDB, como o ex-senador Aluysio Nunes, que já declarou apoio a Lula na eleição presidencial.

"Além de pedirmos sugestões a Alckmin, que será uma liderança fundamental para derrotarmos os retrocessos de Bolsonaro, destaques importantes foram apresentados pelo ex-governador, como a necessidade de reconstruirmos o pacto federativo e o pacto republicano", afirmou, em nota, o ex-ministro Aluízio Mercadante, que tem coordenado as discussões do plano de governo do PT.

Na estratégia, Alckmin vem sendo orientado para usar seus discursos para marcar diferenças entre ele e Lula, mas afirmando que essas diferenças são menores perto do objetivo de ambos que é enfrentar o "autoritarismo e combater o bolsonarismo". O primeiro gesto nesse sentido foi dado no lançamento da pré-candidatura de Lula, no começo do mês, quando o ex-governador aproveitou para saudar movimentos religiosos e a sociedade civil organizada, insinuando uma abertura para o diálogo com setores mais avessos ao petismo.

Alckmin vai com Lula ao Rio Grande do Sul costurar aliança entre PSB e PT 

Lula e Alckmin pretendem viajar juntos para o Rio Grande do Sul na primeira semana de junho. Ambos pretendem se reunir com lideranças do PT e PSB no intuito de fechar um acordo sobre para as candidaturas ao governo gaúcho.

A disputa local no campo da esquerda e centro-esquerda ocorre porque o PT gaúcho quer emplacar o nome do deputado estadual Edegar Pretto ao governo. Já o PSB insiste na candidatura do ex-deputado Beto Albuquerque. A expectativa é de que Lula e Alckmin costurem uma saída para que o impasse não se torne um constrangimento para a chapa majoritária.

Após a agenda no Rio Grande do Sul, Lula e Alckmin deve viajar ainda ao Pará e Amazonas. O objetivo é consolidar alianças em regiões onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) é popular. "A ideia é que ele tenha uma participação ativa no processo de campanha, mas não é só visitando todas as agendas que Lula está. Ele tem papel importante e terá que fazer algumas visitas sozinho. Já tem uma demanda. Estados do Sul querem muito a presença do Alckmin”, destacou Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.

Ex-governador busca recomposição de Lula com lideranças religiosas  

Em outra frente, Alckmin foi escalado pelo PT para assumir a articulação da campanha com evangélicos. A agenda vem sendo desenhada pelo pastor Paulo Marcelo Schallenberger, conselheiro de Lula na comunicação com os religiosos. Com a sinalização de que o presidente Bolsonaro terá o apoio das principais denominações evangélicas, a ideia é que Alckmin participe de conversas com pastores de igrejas menores e dispersas pelo país. A primeira rodada será pelo interior de São Paulo, onde Alckmin já conta com uma base de aliados.

Apontado como um católico "fervoroso" Alckmin tem um histórico de relação com o meio religioso. Durante todo o período em que esteve à frente do governo paulista, Alckmin estabeleceu uma relação bastante próxima com o comando das principais igrejas no estado de São Paulo. Durante suas campanhas eleitorais, o ex-governador sempre estabelecia um grupo de trabalho específico para a relação com o eleitorado cristão.

Além dos religiosos, Alckmin, que é médico, também prepara uma agenda voltada para os profissionais da saúde. De acordo com aliados do PT, a relação do partido com o setor ficou esgarçada após a implantação do programa Mais Médicos, no governo do ex-presidente Dilma Rousseff. A categoria se ressentiu da vinda médicos estrangeiros para o país, entre eles os cubanos, e adotou uma postura de rejeição à petista.

Alckmin faz acenos para o mercado financeiro e agronegócio 

Paralelamente, Alckmin também foi escalado para cumprir uma série de agendas com segmentos do mercado financeiro e do agronegócio. Dentro do PT, a avaliação é de que o ex-governador pode apresentar sinalizações do plano de governo como as propostas de Parcerias Público-Privadas (PPPs).

Enquanto esteve à frente do governo de São Paulo, Alckmin foi um dos principais articuladores desse modelo de investimentos em infraestrutura. Em 2004, por exemplo, incluiu a criação da CPP (Companhia Paulista de Parcerias), uma espécie de fundo garantidor para as empresas privadas que participassem de projetos do estado.

Para atrair o mercado, a ideia da campanha petista é de que Alckmin explore pontos que já estão sendo discutidos para o plano de governo de Lula. A medida será uma forma de o PT mensurar a reação desses setores ao projeto que vem sendo discutido pela campanha.

Além disso, Alckmin deverá centrar esforços na área agrícola, buscando atrair parte do setor para a chapa petista. "O ex-governador Geraldo Alckmin tem um papel importante com os setores que ele tem mais facilidade de conversação, o agronegócio e o setor empresarial. [Ele pode] fazer essa ponte, mostrando que não temos uma candidatura da radicalidade, do extremo, que estão aqui os democratas que estiverem sempre na luta pela democracia no país", diz a deputada Gleisi Hoffmann.

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