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discurso Bolsonaro em Brasília
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), fala diante de centenas de seus apoiadores durante manifestação do 7 de Setembro| Foto: EFE/Joedson Alves

A grande presença da população nas ruas neste 7 de setembro não deixa dúvidas a aliados políticos do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que sua candidatura à reeleição vai "decolar" nas pesquisas eleitorais. Embora muitos desconfiem dos resultados registrados pelos mais diferentes institutos de pesquisa, apoiadores apontam que um possível avanço seria uma confirmação da força que o chefe do Executivo federal tem junto à população.

O deputado federal Coronel Tadeu (PL-SP), vice-líder do partido na Câmara, é um dos que tem o entendimento de que as manifestações impulsionam a candidatura de Bolsonaro. Em vídeo, ele até analisa que, "por certo", o presidente já "está na frente nas pesquisas". "Mas elas não são, muitas vezes, ditas com clareza. Mas no dia 2 [de outubro, data do primeiro turno das eleições] a melhor pesquisa vai ser divulgada quando as urnas serão fechadas, e tenho a certeza que o presidente Bolsonaro será o vitorioso", destaca.

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), vice-líder do governo na Câmara, partilha do mesmo entendimento. "A população que não vota no presidente Bolsonaro ou que não votaria nele começa, a partir de hoje, a oficialmente duvidar das pesquisas eleitorais. Por quê? Porque hoje ficou muito claro para a população de uma maneira geral, inclusive para os esquerdistas, que é impossível alguém que lota a Praia de Copacabana e a Esplanada [dos Ministérios] estar atrás em qualquer pesquisa eleitoral", sustenta.

O entendimento de Otoni é que o 7 de setembro vai ajudar Bolsonaro a consolidar votos entre eleitores indecisos e converter aqueles que, por ventura, estivessem dispostos a votar em alguma candidatura da chamada terceira via. "A manifestação de hoje traz um legado. Nós tivemos, hoje, uma quantidade de pessoas em Copacabana que se assemelha ao nosso Reveillon", avalia.

A imagem das milhares de pessoas nas ruas em Copacabana, Brasília e na Avenida Paulista é visto por aliados como determinante por mostrar força popular. "O apoio ao presidente Jair Bolsonaro foi maciço. Milhões nas ruas. Alguns possam dizer até que não tinha tudo isso, mas tinha sim", diz Tadeu.

Campanha de Bolsonaro quer 7 de setembro na propaganda eleitoral

O entusiasmo de aliados é partilhado entre coordenadores eleitorais de Bolsonaro, que já haviam tomado a decisão de reproduzir as imagens das manifestações no horário eleitoral gratuito. A campanha presidencial identifica a associação do presidente às celebrações do povo nas ruas como uma tática para demonstrar força e fortalecer as demais estratégias adotadas até o momento.

A decisão de adversários eleitorais de questionar atos do 7 de setembro na Justiça Eleitoral não mudarão a estratégia da campanha. A presidenciável do União Brasil, senadora Soraya Thronicke, pretende protocolar uma ação para evitar que o núcleo político de Bolsonaro use as imagens captadas nas manifestações na propaganda eleitoral.

O deputado Otoni de Paula desdenha da decisão tomada pelos opositores e confirma que não muda o planejamento da campanha. "Essas imagens já estarão na próxima propaganda eleitoral do presidente, isso já está certo, está fechado, vai entrar com o que aconteceu hoje", afirma.

O parlamentar auxilia a campanha no Rio de Janeiro e confirma a informação após conversas com membros da campanha presidencial. Otoni destaca, ainda, ter dado sugestões sobre como a campanha pode trabalhar o 7 de setembro em uma possível situação da Justiça Eleitoral derrubar a propaganda eleitoral.

"Se eles fizerem isso, nós já estamos programando de entrar na propaganda eleitoral justamente com essas imagens desfocadas e cobertas com a mensagem: "Em respeito à decisão do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], essas imagens da manifestação do dia 7 de setembro foram proibidas", explica Otoni.

"Eles ainda não entenderam que, hoje, o maior cabo eleitoral do presidente Bolsonaro é o TSE, o STF [Supremo Tribunal Federal]. O maior cabo eleitoral do presidente Bolsonaro chama-se Alexandre de Moraes. Eles ainda não entenderam isso, que quanto mais eles ajuízam ações contra o presidente da República, mais o presidente cresce", complementa o vice-líder do governo.

Redes sociais vão massificar imagens dos atos de 7 de setembro

Além da aposta na propaganda eleitoral, a campanha de Bolsonaro vai usar sua estratégia de redes sociais para massificar a reprodução das imagens das manifestações de 7 de setembro. Já é uma tática usada pelo próprio presidente da República em suas redes sociais. Aliados prometem ajudá-lo no processo.

O objetivo é evidenciar as ruas lotadas de norte a sul do país. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), por exemplo, enaltece a presença maciça da população não apenas na Avenida Paulista, mas também em outras cidades do país.

"Este ano conseguimos encher quarteirões e mais quarteirões [de pessoas] na Paulista, concentrou mais gente que no ano passado. Foi super positivo, Brasília estava lotada, é muito difícil colocar aquele tanto de gente ali. Copacabana também foi um baita sucesso, meu marido lá no Ceará disse que nunca viu a Praça Portugal [em Fortaleza] cheia. O Farol da Barra lotado em Salvador. Alagoas também, a orla [orla da Jatiúca, em Maceió] bastante cheia", destaca.

Para Zambelli, o sucesso foi tremendo que ela fala em "vitória" de Bolsonaro. No entendimento da parlamentar, o presidente se fortalece mais para a corrida presidencial. "Até porque muita gente que estava ali a partir de hoje começa a trabalhar mais ainda, sai com um gás gigantesco. Estou bastante otimista com o resultado de hoje", celebra.

A análise de "vitória" de Bolsonaro com a data também é destacada pelo deputado federal Sanderson (PL-RS), vice-líder do governo na Câmara. "Provou não só ao Brasil, mas ao mundo todo — porque as imagens correram o mundo —, de que o presidente Bolsonaro conta com o apoio, a confiança, tem o prestígio nacional e, por isso, deve ganhar as eleições mesmo contra tudo e contra todos", comenta.

"As manifestações são mais uma prova do prestígio e da força que o presidente Bolsonaro tem no seio da sociedade brasileira. Em Brasília vimos a Esplanada lotada hoje, estava pintada de verde e amarela, uma cena, inclusive, emocionante de ver todo aquele povo para aplaudir, abraçar e emprestar apoio e confiança integral àquele que, em 2 de outubro, enfrenta alguém que, provavelmente, não coloca 100 pessoas em qualquer praça Brasil afora", acrescenta Sanderson.

O deputado federal Gurgel (PL-RJ) é outro a enaltecer a presença da população nas ruas e a entender que isso pode ajudar a reeleger Bolsonaro. "[Foi] uma honra fazer parte da comitiva junto ao presidente Bolsonaro, esse líder nato que temos hoje como presidente da República. E, se Deus quiser, será reeleito. Entendo eu que em primeiro turno, diante desse amor que vimos os brasileiros demonstrarem hoje. Estamos juntos por um Brasil melhor e futuro melhor a todas as nossas crianças e brasileiros", comenta.

Qual é a avaliação feita por organizadores de movimentos de rua

Embora a convocação da população para as ruas em apoio a Bolsonaro não fosse uma pauta oficial e nem a principal meta dos movimentos de rua, seus organizadores admitem que Bolsonaro sai fortalecido pelas imagens com as milhares de pessoas nas ruas, principalmente em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

O empresário Paulo Generoso, um dos organizadores dos atos do 7 de setembro e criador e coadministrador da página "República de Curitiba" na internet, reconhece que as manifestações podem ser um divisor de águas para a campanha de Bolsonaro.

"Esperamos que seja uma grande vitória do presidente nestas eleições. Não dá para esquecer, realmente, que estamos no meio de uma campanha eleitoral e acredito que não só hoje a esquerda passa vergonha como passará domingo quando eles têm uma manifestação programada. Passará vergonha pois é impossível conseguir concentrar a quantidade de pessoas que a gente colocou nas ruas de todo o Brasil", destaca.

O coordenador pondera, contudo, que não houve campanha por parte dos organizadores e celebra um dia de manifestações pacíficas, ordeiras. "Pudemos celebrar junto com os brasileiros sem incidentes, e foi uma das maiores manifestações da história. É o povo, realmente, demonstrando toda a sua determinação de continuar lutando pela liberdade, pela nossa democracia, nossa Constituição, e que não aceitamos bandidos na Presidência e comunismo no Brasil", diz Generoso.

O empresário Tomé Abduch, fundador e coordenador do movimento Nas Ruas, é outro organizador a destacar a pauta defendida pelos brasileiros, independentemente se possa ou não ajudar a campanha de Bolsonaro. "Acho que a manifestação é muito além de a gente conseguir aumentar o número de votos. Falamos da maturidade de uma nação que esteve nas ruas aos milhões nas capitais, na grande maioria das cidades do país, para defender nossa democracia e Constituição. Isso nunca vimos acontecer com a força e energia que observamos hoje", declara.

O coordenador do Nas Ruas reconhece, porém, que houve uma resposta positiva da sociedade a um candidato que representa as mesmas bandeiras da população que foi às ruas. "Hoje, temos um candidato que defende as pautas das pessoas que estão nas ruas de verde e amarelo. E ficou muito visível o desejo e anseio dessa população em reeleger o presidente que está no poder e não deixar que ladrões voltem ao poder", sustenta.

Abduch destaca, ainda, o respeito das pessoas nas ruas e o alinhamento da população com as pautas defendidas pelos movimentos. "Eram senhores, senhoras, crianças, famílias inteiras, pais, filhos, todos de maneira educada, gentil, não houve nenhum tipo de conflito, agressão, nada que justifique qualquer comentário ruim da grande mídia, muito pelo contrário. Não chegamos nem a ver aqueles cartazes que uma pessoa ou outra que não está na mesma pauta que nós, organizadores, que colocavam algum tipo de cartaz 'fora Supremo', 'artigo 142', nós não vimos iso, porque a sociedade brasileira não quer nada que seja feito de maneira antidemocrática, nós não respeitamos as pessoas que não valorizam a democracia", destaca.

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