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bolsonaro - rejeição - 7 de setembro
Bolsonaro durante desfile do 7 de setembro em Brasília: campanha do presidente acredita em reverter rejeição após força das manifestações| Foto: Alan Santos/PR

O otimismo tomou conta do comitê de campanha de Jair Bolsonaro (PL) após as manifestações do 7 de setembro. Os coordenadores eleitorais do presidente acreditam que os atos devem reduzir a taxa de rejeição e alavancar a candidatura à reeleição. Para eles, o percentual de pessoas que dizem não votar em Bolsonaro de jeito nenhum vai cair até o primeiro turno de votação. A análise futura toma por base dados mais recentes das últimas pesquisas Modalmais/Futura Inteligência e Genial/Quaest.

A Moldamais/Futura aponta que a rejeição de Bolsonaro recuou de 39,9%, na pesquisa publicada em 1º de setembro, para 38,7%, no levantamento divulgado na última quinta-feira (8). No mesmo período, a rejeição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu de 40,7% para 42%. A diferença mais recente entre os dois candidatos é de 3,3 pontos percentuais, acima da margem de erro, de 2,2 pontos.

A Genial/Quaest, por sua vez, aponta que a rejeição de Bolsonaro desacelerou de 55%, na pesquisa publicada em 31 de agosto, para 53% no levantamento divulgado na quarta-feira (7). O recuo veio exatamente dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais. Já o percentual de entrevistados que alegam não votar em Lula em nenhuma hipótese ficou estável em 44% no mesmo período.

As últimas pesquisas Genial/Quaest e Moldamais/Futura tiveram seus dados coletados antes do 7 de setembro e, por isso, coordenadores eleitorais de Bolsonaro creem que as manifestações do Dia da Independência possam ter alguma influência positiva nos próximos levantamentos de ambos os institutos.

Enquanto rejeição recua, intenção de voto sobe

Mesmo com dados de rejeições ainda favoráveis, existe algum grau de ceticismo entre alguns coordenadores eleitorais sobre as últimas pesquisas Genial/Quaest e Moldamais/Futura — que aponta o presidente com 41,8% dos votos, a frente de Lula, com 35,7%. Alguns até desconfiam dos resultados.

Para o núcleo político da campanha, os movimentos de queda da rejeição são diretamente proporcionais ao aumento das curvas de intenção de voto entre os dados dos dois institutos.

O recuo da rejeição de Bolsonaro é de 1,2 ponto percentual pelo levantamento da Moldamais/Futura, enquanto a curva de intenção de voto subiu 1,7 ponto percentual, de 40,1% para 41,8%. A alta de 1,3 ponto de Lula em rejeição, por sua vez, vem acompanhado de uma queda de 1,2 ponto na intenção de voto do petista.

Já pela Genial/Quaest, a intenção de voto em Bolsonaro subiu de 32% para 34% — os mesmos 2 pontos de recuo de sua rejeição. Lula, por sua vez, permaneceu estável nos dois indicadores, com o índice de votos estacionado em 44%.

Como a campanha quer influenciar o eleitor e combater a rejeição

A fim de melhorar a percepção dos eleitores sobre Bolsonaro, a campanha decidiu reproduzir imagens das manifestações nas próximas propagandas eleitorais e também usá-las na internet. Isso já pode ser visto no horário eleitoral gratuito desta sexta-feira (9).

O núcleo político entende que o 7 de setembro representa o "auge" da campanha e que a associação entre Bolsonaro e a presença do povo nas ruas ajuda a fortalecer as estratégias já vigentes, como reivindicar a paternidade do Auxílio Brasil no valor de R$ 600, falar sobre ações do governo e ampliar a polarização com Lula.

Coordenadores de campanha acreditam que o uso eleitoral das imagens das manifestações pode converter votos de eleitores da terceira via e conquistar os indecisos. O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP), vice-presidente nacional do partido, concorda com a análise da campanha.

"Obviamente que o 7 de setembro ajuda muito para computar votos entre os indecisos. Temos uma parcela muito grande da população que, em uma série de circunstâncias, não acompanha muito a política, mas vai observando e sendo induzida por pesquisas que estimulam a pessoa a votar no [candidato] mais forte", avalia. "Acredito que, com essas estratégias, a rejeição vai diminuindo conforme as pessoas forem vendo o que foi feito pelo governo".

O deputado federal Coronel Armando (PL-SC), vice-líder do partido, concorda que as manifestações podem ajudar Bolsonaro a reduzir a rejeição. "É óbvio que existe [rejeição], mas não acredito nas premissas de rejeição ditas por aí", diz. "O presidente agora tem a oportunidade de mostrar imagens que podem contestar as pesquisas. Nunca vi manifestações tão grandes, apesar de algumas pessoas e grupos de comunicação tentarem alegar o contrário", acrescenta.

Rejeição de Bolsonaro pode cair mesmo?

O cientista político e sociólogo Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avalia que a campanha de Bolsonaro acerta com a estratégia de conquistar o voto do eleitor indeciso e em mirar na conversão de votos da terceira via. Porém, o analista não acredita que a candidatura à reeleição será tão impulsionada como aliados e estrategistas pensam.

"Eles estão certos na análise deles. O 7 de setembro pode ser a alavanca do voto útil e, portanto, eleitores que não querem Lula e estão com Ciro [Gomes, do PDT], Simone [Tebet, do MDB] e Soraya [Thronicke, do União Brasil] podem, neste momento, perceber que esses três não vão ganhar e passar para Bolsonaro. O que eu não acredito é que cresça em ritmo de superar Lula. Tudo isso que falam [sobre conversão de votos] vai acontecer, mas em ritmo menor do que a expectativa que eles querem", avalia Baía.

O cientista político não acredita, porém, na capacidade de Bolsonaro ser menos ou mais rejeitado em decorrência disso. "Também não creio que a rejeição seja um problema, tanto dele quanto de Lula. Os dois têm rejeições elevadíssimas, mas isso não é um problema, pois essa rejeição já é estruturada. Quem não gosta do Lula não vai passar a ficar em dúvida. Quem não gosta do Bolsonaro também vai ficar em dúvida. Ela não cresce nem diminui", analisa.

Baía avalia que a eleição deste ano não será decidida pela rejeição, mas pela aceitação dos candidatos. "É o número de pessoas que dizem que votarão em Bolsonaro quando apresenta o nome dele ao pesquisado", diz. O cientista político não acredita em reversão do atual quadro no primeiro turno.

"Essa melhora é em progressão aritmética. E Bolsonaro precisa de uma progressão exponencial. O ritmo é que está lento e, com esse ritmo, chegaremos ao dia 2 [de outubro, data do primeiro turno das eleições] com uma eleição que irá para o segundo turno não pelo crescimento de Bolsonaro, mas sobretudo da Simone Tebet", destaca.

O cientista político Jonatas Varella, diretor de processamento de dados da Quaest, é outro a destacar a dificuldade de queda da curva de rejeição. "Rejeição é um indicador muito difícil de mudar. Mudar a opinião de uma pessoa que diz não votar em um candidato de jeito nenhum e em nenhuma hipótese é algo muito complicado", observa.

O analista pondera, porém, que é possível ter maiores chances de mudar uma curva de rejeição com estratégias voltadas para a economia, questões sociais e saúde, que correspondem aos principais problemas destacados pelos entrevistados nas pesquisas Genial/Quaest. "Atacar esses três eixos principais pode ajudar, sem dúvida, na rejeição do presidente", avalia.

Metodologias das pesquisas citadas

A pesquisa Modalmais publicada em 8 de setembro, realizada pelo instituto Futura Inteligência, foi contratada pelo Banco Modal. Foram entrevistados 2 mil eleitores de todo o país entre os dias 5 e 6 de setembro. A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-02618/2022.

A pesquisa Modalmais publicada em 1º de setembro, realizada pelo instituto Futura Inteligência, foi contratada pelo Banco Modal. Foram entrevistados 2 mil eleitores de todo o país entre os dias 24 e 25 de agosto. A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. O registro no TSE é BR-07568/2022.

A pesquisa Genial/Quaest divulgada em 7 de setembro foi realizada pelo instituto Quaest e contratada pelo Banco Genial. Foram ouvidos 2 mil eleitores presencialmente entre os dias 1 e 4 de setembro de 2022 em todas as regiões do país. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. O levantamento foi registrado no TSE sob o protocolo BR-00807/2022.

A pesquisa Genial/Quaest divulgada em 31 de agosto foi realizada pelo instituto Quaest e contratada pelo Banco Genial. Foram ouvidos 2 mil eleitores presencialmente entre os dias 25 e 28 de agosto de 2022 em todas as regiões do país. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-00585/2022.

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