• Carregando...
currículos
Uma educação pública focada nas novas tecnologias – com aulas de programação e robótica, por exemplo – pode contribuir até mesmo para romper os ciclos da desigualdade| Foto: JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO

Foco no essencial: esse deveria ser, para os próximos anos, o lema das políticas educacionais no Brasil. No Pisa, que avalia o desempenho nas habilidades básicas – leitura, matemática e ciências –, nossos estudantes estão estagnados há anos nas últimas posições em comparação com outros países. Enquanto boa parte dos jovens não sabe fazer contas básicas ou ler uma frase de maneira fluente, alguns educadores e formadores de opinião continuam insistindo na importância de levar às escolas públicas pautas ideológicas e métodos alternativos de educação cujos malefícios já ficaram evidentes.

O sucesso do modelo de Sobral (CE) mostra que uma metodologia simples e bem executada – o feijão com arroz bem feito – produz bons resultados. No município cearense, fez-se aquilo que todos os países com bom desempenho no campo educacional costumam fazer: elaborar currículos com objetivos claros, unificar o material didático para as disciplinas básicas e realizar boas avaliações de como esses currículos e materiais estão sendo aplicados. Os resultados têm ficado claros com a evolução e o destaque de Sobral nas avaliações da educação básica no Brasil.

Também devem ganhar mais atenção nos currículos as tecnologias digitais, tanto como meio para educar nas disciplinas básicas quanto como caminho para que as futuras gerações se preparem para os novos tempos. Uma educação pública focada nas novas tecnologias – com aulas de programação e robótica, por exemplo – pode contribuir até mesmo para romper os ciclos da desigualdade, abrindo portas a pessoas de diferentes classes sociais nos âmbitos de mercado e conhecimento criados pela revolução digital. Países como Japão, Cingapura, Finlândia e Austrália são pioneiros em integrar esse tipo de habilidades ao currículo escolar, e os resultados têm sido muito positivos.

Num mundo em que o conhecimento se obtém cada vez mais pelos meios de comunicação digitais, seria um anacronismo que as escolas não tirassem proveito deles ao ministrar as disciplinas. A discussão sobre a forma como se devem introduzir essas inovações no contexto escolar e sobre como o governo pode incentivar isso é complexa, porque pode se confundir, em alguma medida, com as dúvidas sobre a conveniência do uso de dispositivos eletrônicos nas salas de aula do ponto de vista disciplinar. De todo modo, o assunto precisa ganhar muito mais atenção no debate sobre políticas públicas educacionais.

Também devem ser tratados com mais crédito, tanto na educação básica como na superior, os temas e obras clássicas da literatura, das humanidades, das artes e das ciências. Infelizmente, os clássicos têm sido alvos de preconceito por parte de certas correntes ideológicas muito influentes entre professores e gestores educacionais, segundo as quais trazer de volta o que se pensou e se produziu no passado poderia representar uma ameaça ao progresso. Na definição de currículos para a educação básica e superior, deve-se evitar essa visão de mundo estreita e melindrosa. Justamente por ser atemporal e não se esgotar na época ou no espaço geográfico em que se originou, o clássico costuma ter muito a nos dizer sobre a natureza humana, o desenvolvimento de suas potencialidades e o progresso da sociedade.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]