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Lula reta final
Lula vai ampliar agendas ao lado de Alckmin na reta final da campanha eleitoral| Foto: Ricardo Stuckert/PT

Com possibilidade de vencer a disputa presidencial ainda no primeiro turno, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende reforçar os acenos ao centro e a fatias importantes do eleitorado, como religiosos e mulheres, na reta final da campanha. A estratégia passa por centrar as agendas do candidato petista e do vice Geraldo Alckmin (PSB) nos estados do Sul e Sudeste nas próximas semanas.

"Eu nunca fiz eleição para ganhar no segundo turno. Eu tenho que acreditar que é possível nos próximos dias conquistar a porcentagem que falta, sem desprezo a ninguém", afirmou Lula nesta semana.

Pesquisa Ipec divulgada na última segunda-feira (12) mostrou Lula com 46% das intenções de voto. Em relação ao levantamento anterior do instituto, de 5 de setembro, Lula oscilou dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais para cima ou para baixo – antes, ele tinha 44%. Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se manteve com 31% nos dois levantamentos.

Agora, os aliados de Lula querem ampliar os esforços para conquistar mais votos nos estados do Sudeste e do Sul. Na avaliação do comitê de campanha, o movimento pode atrair eleitores que hoje estão com Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), mas que tem Lula como segunda opção de voto num eventual segundo turno contra Bolsonaro. Nas contas dos aliados, no entanto, essa migração só deve ocorrer na última semana da campanha.

Depois de realizar atos no Rio de Janeiro e em São Paulo, o candidato petista desembarca em Montes Claros (MG), nesta quinta-feira (15). Será a segunda agenda do petista em Minas Gerais em menos de uma semana – no último dia 10, ele esteve em Contagem. Na sequência, fará comícios nas capitais do Rio Grande do Sul (na sexta, dia 16), Paraná (no sábado, dia 17) e Santa Catarina (domingo, dia 18).

Parte importante dessa estratégia é, de acordo com líderes petistas, utilizar mais a imagem de Geraldo Alckmin ao lado de Lula nessas agendas. Em Minas, por exemplo, além de participar do ato com o ex-presidente em Montes Claros, o candidato a vice terá agendas solo em cidades como Poços de Caldas, Uberlândia e Minas Gerais.

Na terça-feira (13), Alckmin já fez campanha em Belo Horizonte. "Minas é o segundo maior colégio eleitoral, e Minas é decisiva. Se você pegar as últimas seis, sete, dez eleições, quem ganhou em Minas ganhou a eleição no Brasil. Então, é o nosso dever", afirmou.

A intensificação das agendas no estado ocorre em meio a uma tendência de crescimento de Bolsonaro entre os mineiros. Segundo pesquisa Quaest divulgada na sexta-feira (9), Lula lidera no estado com 43% dos votos, um ponto a mais do que na última rodada da sondagem. Já Bolsonaro subiu de 33% para 36% dos votos.

Lula quer avançar entre mulheres e captar voto de religiosos

Em outra frente, a campanha de Lula pretende explorar a rejeição de Bolsonaro entre o eleitorado feminino nessa reta final da campanha. Nessa estratégia, os aliados petistas planejam reproduzir o vídeo em que um homem negou uma marmita para uma mulher que declarou voto em Lula, em Itapeva, interior de São Paulo.

O vídeo foi publicado no último sábado (10) nas redes sociais e viralizou desde então. "Ela é Lula. A partir de hoje não tem mais marmita", afirma ele, após ouvir que a senhora tem preferência pelo petista. "A senhora peça para o Lula agora, beleza?", ironizou o homem.

Na visão da campanha petista, o episódio pode ampliar a rejeição de Bolsonaro junto ao eleitorado feminino. Atualmente, as mulheres representam 52,6% do eleitorado nacional e, segundo a última edição da pesquisa Ipec, Lula pontua 45% sobre o voto feminino, enquanto Bolsonaro alcança somente 26%.

Paralelamente, a campanha de Lula vai explorar a aliança como a ex-ministra Marina Silva (Rede) como forma de ampliar a base junto aos evangélicos. Marina é integrante da Assembleia de Deus e é vista pelo PT como um reforço para o ex-presidente conquistar mais votos entre as mulheres evangélicas.

"Hoje é um dia histórico pois, diante de atitudes que levam à banalização do mal, é necessária a união política e programática daqueles que querem salvaguardar a democracia, melhorar a vida do nosso povo e proteger nossos bens naturais", afirmou Marina na última segunda-feira (12), quando declarou apoio a Lula.

Nas contas do PT, a aliança com a ex-ministra nessa reta final da campanha pode ter o mesmo efeito da composição com Alckmin. A avaliação interna é de que as ambas as composições servem para mostrar ao eleitorado "que os divergentes se unem para derrotar Bolsonaro".

Marina Silva estava rompida com o PT há pelo menos 13 anos, depois que ela deixou, em 2008, o Ministério do Meio Ambiente por causa de divergências políticas com Lula. Em 2014, ela chegou a declarar voto em Aécio Neves (PSDB) no segundo turno, depois de ser alvo de ataques por parte da campanha de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno.

Mobilização de militantes e apoiadores na reta final da campanha

Além disso, Lula quer intensificar a mobilização de militantes e influenciadores como forma de ampliar a presença do petista nas redes sociais. Na última terça-feira (13), o petista reuniu mais de 6 mil apoiadores para pedir mais engajamento nas próximas semanas, que são cruciais para uma eventual vitória em primeiro turno.

"Nós temos uma vantagem em relação aos robôs deles. Nós não somos algoritmos; nós somos seres humanos e não queremos perder nossos sentimentos. Temos de colocar nas nossas mensagens aquilo que mais toca o ser humano, que é o coração. Por isso que falar de amor, de esperança, de futuro é tão importante", disse Lula no encontro.

Integrante do núcleo duro da campanha, o deputado André Janones (Avante-MG) sugeriu que os influenciadores adotem um tom sereno e conciliador, e que incentiva o orgulho em defender Lula na reta final da disputa. Na mesma linha, Janja, a esposa do ex-presidente, disse que os termos corretos para utilizar na reta final são “conquistar votos” e “conquistar mais votos”.

Articulador da comunicação da campanha petista, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), defende que a estratégia se torna mais forte que os "robôs e as fake news da campanha de Bolsonaro". “Não vamos competir com a mesma estratégia de robôs, gabinete do ódio. Vamos nos organizar. Organizados, somo mais fortes, porque, se eles têm robôs, nós temos sonhos”, afirmou. A expectativa da campanha é que artistas influentes nas redes, como a cantora Anitta e o ator Bruno Gagliasso, também participem desse esforço.

A campanha prepara ainda mobilizações de rua nos 13 dias que vão anteceder o primeiro turno, marcado para 2 de outubro. O plano é realizar panfletagem e bandeiraços em locais de grande fluxo de pessoas, como avenidas, estações de ônibus e metrô, com o auxílio dos candidatos nos estados que têm apoio de Lula.

Metodologia de pesquisas citadas

A pesquisa Ipec, encomendada pela TV Globo, ouviu 2.512 pessoas entre os dias 9 e 11 de setembro em 158 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-01390/2022.

A pesquisa da Quaest, encomendada pelo banco Genial, entrevistou 2 mil pessoas presencialmente, entre os dias 3 e 6 de setembro. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com os números MG-09401/2022 e BR-06180/2022.

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