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Lula Bolsonaro segundo turno
A propaganda eleitoral de Lula e Bolsonaro, para o segundo turno, foi retomada nesta sexta no rádio e TV.| Foto: montagem/programas

A propaganda eleitoral do segundo turno no rádio e na TV foi retomada nesta sexta-feira (7) com agradecimentos às votações da primeira fase da eleição, defesa de legados e ataques entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Os programas e as inserções ao longo do dia mostraram os candidatos à Presidência da República alternando entre um tom moderado e de críticas ao adversário. O candidato petista também mudou o discurso em relação às pautas de costumes. Veja abaixo como foi o primeiro dia de propaganda eleitoral dos candidatos:

Lula foca na pauta de costumes e ataques a Bolsonaro

No programa do horário eleitoral que foi exibido na TV às 13h, Lula enalteceu a votação expressiva que teve no primeiro turno, afirmando que foi a “maior votação da história [57 milhões de votos]”. Ele disse ainda que “a grande maioria dos brasileiros mostrou que não aceita mais o presidente que está aí”, referindo-se aos eleitores que votaram nele, Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), entre outros, e não em Bolsonaro.

Logo depois, o candidato petista entra em cena dizendo que o atual presidente “foi um desastre na economia, debochou da pandemia, trouxe a fome de volta, e hoje milhões de famílias estão endividadas”. Então, ele fala do legado de quando governou o país e ressaltou que o Brasil chegou a ser a sexta economia do mundo.

No entanto, dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que o país começou o governo Lula na 14ª posição do ranking das maiores economias do mundo, em 2003, e chegou à sétima colocação entre 2010 e 2014. A sexta posição foi uma estimativa não concretizada de um estudo feito pelo Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR) em 2011.

Na sequência, Lula ataca Bolsonaro dizendo que ele espalha fake news pela internet e diz que sempre respeitou as famílias, sancionou a Lei da Liberdade Religiosa, a criação do Dia do Evangélico e a Marcha para Jesus, em um aceno aos evangélicos.

Falou, ainda, de propostas para ajudar as famílias endividadas, o reajuste do salário mínimo acima da inflação e a geração de empregos através de grandes obras de infraestrutura; dos apoios recebidos neste segundo turno, em especial de Tebet, do PDT e de governadores como Helder Barbalho (MDB), entre outros. A propaganda termina resgatando uma peça veiculada no primeiro turno, em que fala do desempenho de Bolsonaro como parlamentar que “só aprovou dois projetos em 26 anos de Congresso”, da gestão da pandemia, entre outros.

Outro ataque, ao final do programa, é semelhante ao da primeira inserção do dia na programação, em que a campanha de Lula resgata um vídeo de 2016 em que Bolsonaro – deputado federal à época – diz ao jornal The New York Times que quase participou de uma cerimônia canibal ao visitar uma comunidade indígena em Roraima. O vídeo viralizou nas redes sociais nesta semana e foi levado para a campanha no rádio e na TV, sem que Lula fosse citado na inserção.

Além da cena da entrevista, a peça resgata momentos polêmicos da vida parlamentar de Bolsonaro, como um trecho em que simula uma metralhadora usando um tripé de câmera, outro discutindo com a deputada Federal Maria do Rosário (PT-RS), um seguinte com uma criança no colo fazendo sinal de arma com a mão, entre outros.

Em outra peça, Lula muda o discurso em relação ao aborto e diz que é contra a realização do procedimento, um aceno à pauta de costumes diferente do dito em abril. Na época, ele afirmou que a interrupção da gravidez deveria ser transformada em uma questão de saúde pública no Brasil.

“Não só eu sou contra o aborto como todas as mulheres que eu casei são contra o aborto. E eu acho que quase todo mundo é contra o aborto. Não só porque nós somos defensores da vida, mas porque deve ser uma coisa muito desagradável e muito dolorida alguém fazer um aborto”, afirmou Lula na propaganda eleitoral.

A mudança de discurso foi vista várias vezes ao longo das disputas presidenciais que participou, desde 1994, em que alternou ser contra e favorável em entrevistas.

Bolsonaro aposta na economia e questiona institutos de pesquisa

Já o programa de Jair Bolsonaro enalteceu a votação de aliados e correligionários do PL à Câmara dos Deputados e ao Senado, formando a maioria no Congresso para governar com mais afinidade ao presidente, agradeceu aos 51 milhões de votos que recebeu, e diz que agora terá “a paz que tantos procuramos, teremos agora, com a muito melhor harmonia entre o legislativo e o poder Executivo”.

Também mostrou os apoios que tem recebido principalmente de governadores aliados eleitos, como Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Ratinho Junior (PSD-PR) e o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), seguido de pessoas declarando voto nele.

Em outro momento, o programa de Bolsonaro faz um aceno às mulheres, com uma apresentadora enaltecendo a votação de deputadas mulheres, “as mais votadas do país que apoiam o presidente”, e que os partidos ligados a ele elegeram também parlamentares negros.

Também fala de propostas, como a de conceder mais títulos de propriedade a assentados, investimentos no agronegócio, em infraestrutura de rodovias, ferrovias e portos, a criação de 6 milhões de empregos e a abertura de creches para as mães deixarem os filhos enquanto trabalham.

E atacou a imprensa e os institutos de pesquisa, dizendo que a mídia não mostra os feitos do governo, o que acabou provocando uma diferença entre o que os levantamentos apontam e o que se viu nas urnas. A fala do narrador é ilustrada com manchetes de notícias sobre os erros cometidos pelos institutos de pesquisa no primeiro turno da eleição: “Sabe por que, né? É que a mamata acabou”, disse seguido de um jingle que repete diversas vezes que: “A mamata acabou. Quem mamou, não mama mais”.

Por outro lado, uma das inserções de Bolsonaro na programação das emissoras teve um tom mais brando, mais uma vez exaltando a votação de aliados do seu partido para o Congresso, e conclamou aos seus eleitores para conversarem com conhecidos, amigos e familiares a ajudarem a “virar o voto” neste segundo turno. O candidato à reeleição terminou o primeiro turno com pouco mais de 6,1 milhões de votos atrás de Lula.

“Quero, primeiramente, agradecer aos 51 milhões de brasileiros e brasileiras que acreditaram em mim no último dia 2 de outubro. [...] Eu peço a vocês que continuem trabalhando insistentemente com seu vizinho, seu amigo, com seu colega de trabalho, para mostrar que o Brasil está dando certo”, disse Bolsonaro na peça.

Um narrador complementa a fala dizendo que o povo brasileiro “elegeu a grande maioria de deputados e senadores que apoiam Bolsonaro” e que é preciso eleger um presidente que trabalhe “junto com os representantes que você escolheu”.

Vale tudo pelo voto

A expectativa é de que o tom usado por ambas as campanhas alterne entre o equilíbrio e ataques mútuos ao longo deste segundo turno, assim como aconteceu nas últimas duas semanas do primeiro, com peças enaltecendo o legado de ambas as gestões. Ao todo, Lula e Bolsonaro terão 25 minutos diários de inserções no rádio e na TV.

Já os programas da propaganda eleitoral gratuita serão veiculados de segunda a sábado, das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40 na TV. Já no rádio, das 7h às 7h10 e das 12h às 12h10, ambos até o dia 28 de outubro.

A ordem de exibição será alternada a cada dia, começando com Lula nesta sexta (7), Bolsonaro no sábado (8), e assim por diante.

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