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A ex-presidente Dilma Rousseff durante solenidade do Mais Médicos, em 2016
A ex-presidente Dilma Rousseff durante solenidade do Mais Médicos, em 2016| Foto: Palácio do Planalto

A retomada do programa Mais Médicos está entre as prioridades do PT caso o partido vença as eleições presidenciais de outubro e isso está na prévia do plano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Mais Médicos levou profissionais de saúde para periferias de grandes cidades e regiões afastadas do Brasil – onde a assistência de saúde é deficitária. Mas, principalmente, foi alvo de críticas por trazer cubanos sem a mesma qualificação profissional que os médicos brasileiros e de ser uma forma de o PT financiar a ditadura de Cuba – a maior parte dos salários pagos aos médicos cubanos (até 75%) ficava com o governo do país caribenho. Além das denúncias de trabalho escravo.

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), médico e ministro da Saúde durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, confirmou à Gazeta do Povo que o partido pretende retomar o Mais Médicos se Lula for eleito.

Padilha defende a contratação dos cubanos. Ele argumenta que os médicos de Cuba estão "em mais de 80 países pelo mundo" e que a atuação deles foi essencial para que a pandemia de Covid-19 causasse menos efeitos em "países europeus e asiáticos". Segundo ele, no caso do Mais Médicos, a medida representou economia ao orçamento brasileiro, porque os cubanos intensificaram a atenção básica na saúde, o que levou à redução de internações.

Segundo Padilha, a pandemia de coronavírus ampliou a necessidade de retomada do Mais Médicos. "A pandemia traz vários problemas de saúde represados, como cirurgias não realizadas, diagnóstico de câncer não realizados, perda de atenção a doenças crônicas, o que vai exigir uma atenção primária em saúde mais forte ainda. Vai exigir a ampliação da cobertura. Vai exigir médicos mais próximos das pessoas nas áreas vulneráveis", diz.

O deputado petista afirma ainda que o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), que é médico e será vice na chapa de Lula, terá "um papel importante" na montagem do novo programa. Segundo Padilha, Alckmin "apoiou o programa" quando era governador de São Paulo, "como todos os governadores na época apoiaram". "A Secretaria de Saúde de São Paulo teve um papel de apoio muito importante, além das secretarias municipais. O Mais Médicos foi um programa construído a partir da demanda dos municípios em parceria com os governadores de todo o país", afirma o ex-ministro do PT.

Padilha afirma que o Mais Médicos foi formado por três eixos – reforço das unidades básicas de saúde, critérios para a formação de médicos e o provimento em áreas carentes. Ele critica o fato de a discussão sobre o projeto estar focada quase sempre no terceiro eixo, que é o que envolve a contratação dos médicos cubanos. Na avaliação do deputado e ex-ministro, as realizações do Mais Médicos passam por um processo de "desmonte" que se iniciou ainda na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB).

O Mais Médicos foi criado em 2013, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, e perdurou até 2019. O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) encerrou o programa e implantou em seu lugar o Médicos Pelo Brasil. Bolsonaro sempre foi crítico do Mais Médicos, principalmente por causa da contratação de cubanos e do modo como eles eram remunerados – na avaliação do presidente e de grande parte dos críticos do programa, a iniciativa tinha como uma de suas principais metas financiar o regime ditatorial de Cuba. O afastamento entre o governo cubano e o Brasil se deu no fim de 2018, ainda antes de Bolsonaro tomar posse na chefia do Executivo.

A irresponsabilidade

O deputado Luiz Ovando (PP-MS), que é médico e apoiador do governo Bolsonaro, considera a proposta de retomada do Mais Médicos uma "demonstração de irresponsabilidade". Segundo o parlamentar, o projeto criado na gestão PT trouxe ao Brasil "11 mil médicos cubanos, que a gente tem dúvida sobre o fato de serem verdadeiramente médicos, ou se são guerrilheiros infiltrados".

"Eles [PT] não estavam preocupados verdadeiramente com a saúde da população brasileira, com os mais humildes, os dos rincões desse país. Eles estavam preocupados em colocar alguém que fosse fazer a política de divulgação e doutrinamento ideológico que sempre fizeram. E, além disso, também buscavam a desqualificação médica", diz Ovando.

Para o deputado do PP, o Mais Médicos foi "uma tentativa de doutrinar a população". "Eles [cubanos] não conseguiam resolver absolutamente nada. Com raríssimas exceções... A gente via um ou outro médico que tinha uma certa formação. Mas a grande maioria não tinha noção de prescrição, de medicamento, de farmacologia, de absolutamente nada", afirma Ovando.

O deputado contesta ainda o que considera uma expansão excessiva de faculdades de Medicina que teria ocorrido durante as gestões do PT. Segundo o parlamentar, os governos petistas autorizaram a criação de cursos de Medicina em cidades de menor porte e com pouca capacidade de conceder a formação adequada aos estudantes. "Não são escolas médicas formadoras de profissionais de qualidade. São locais de doutrinação ideológica pura e simples. Ninguém consegue ter um curso médico com essa condição que eles impuseram nesse país."

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