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Lula e Ciro
Lula e Ciro Gomes: votos do pedetista estão no alvo do ex-presidente.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil e André Carvalho/CNI

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai intensificar a busca pelo voto útil numa estratégia de tentar vencer as eleições ainda no primeiro turno. Em reunião nesta semana, o comitê do PT definiu que o foco deve ser conquistar os eleitores de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB). E, no caso de Ciro, o próprio candidato já vem sendo alvo de críticas mais duras da parte do petistas, que o acusam de ter dado uma guinada à direita e ter se aliado a Bolsonaro nos ataques a Lula.

De acordo com o levantamento Ipec, divulgado na última segunda-feira (5), Lula tem 50% dos votos válidos e, dentro da margem de erro, mantém a possibilidade de ser eleito já no primeiro turno. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou menos, o que significa que o petista teria de 48% a 52% dos votos válidos no momento em que a pesquisa foi realizada.

Atrás do candidato petista, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, somou 35% dos votos válidos. O cálculo dos votos válidos desconsidera brancos e nulos, que no levantamento Ipec somam 6% das respostas, e também os eleitores que não responderam, que foram 5%. No cenário geral, quando são levados em conta todos os eleitores ouvidos pelo Ipec, Lula tem 44% das intenções de voto no primeiro turno. Na sequência, Bolsonaro alcança 31%, Ciro Gomes marca 8% e Simone Tebet, 4%.

"Estou convencido de que, se a gente continuar trabalhando do jeito que estamos trabalhando, a gente pode definir essas eleições no primeiro turno. Se por acaso o povo não quiser primeiro turno, e quiser segundo turno, nós vamos ganhar também, como já ganhamos tantas eleições", declarou Lula.

Lula deve subir o tom contra Ciro Gomes na busca pelo voto útil 

Para tentar avançar na estratégia de atrair o voto útil, a campanha de Lula pretende fazer acenos principalmente para os eleitores de Ciro Gomes e de Simone Tebet. Para isso, os aliados de Lula pretendem sinalizar ao eleitorado que em segundo turno, Bolsonaro poderia contestar o resultado das urnas.

"Não tem por que ter vergonha de tentar ganhar no 1.º turno. Se quem tem 5% sonha em ter 40%, porque quem tem mais de 40% não pode sonhar em ter mais um pouquinho e ganhar no primeiro turno?", declarou Lula, sem citar o pedetista e a emedebista.

Na avaliação do entorno de Lula, as candidaturas de Ciro Gomes e de Simone Tebet ganharam fôlego depois da exposição na propaganda eleitoral e no debate da TV Band. Além disso, os aliados do candidato petista acreditam que os dois candidatos cresceram diante dos "ataques" ao nome de Lula.

"E eles me atacam porque têm medo que eu ganhe as eleições no primeiro turno. Eles não querem. E a gente não tem que ter vergonha de dizer que quer ganhar no primeiro turno", comentou Lula.

Recentemente, integrantes do PT subiram o tom contra Ciro Gomes diante de falas do pedetista contra Lula. Para a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, o candidato do PDT se uniu a Bolsonaro para tentar crescer na disputa eleitoral. 
"O presidente Lula foi muito simpático em relação ao Ciro, mas também colocou as coisas como tinha que colocar, a responsabilidade política dele perante o Brasil. Eu só lamento que ele [Ciro] tenha feito uma aliança com o Bolsonaro para atacar o Lula", disse a petista depois do debate da Band.

Nesta semana, em entrevista para a rádio Jovem Pan, Ciro disse que nunca viu "Lula tão enfraquecido, tão debilitado psicologicamente". Para os aliados de Lula, o pedetista enveredou para a direita. Por isso defendem que o petista não deve poupar Ciro Gomes na reta final da disputa presidencial.

"A ideia é tentar resolver a parada no primeiro turno. Vamos fazer um apelo. O eleitor do Ciro e da Tebet não vai votar em Bolsonaro. Temos que dialogar para puxar esse eleitorado", defendeu o deputado José Guimarães (PT-CE), um dos articuladores de Lula.

Campanha de Lula vai centrar agendas em São Paulo, Rio e Minas Gerais 

Além de mirar no eleitorado de Ciro e Tebet, a campanha de Lula vai focar as agendas do petista nos estados do Sudeste. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais concentram cerca de 40% do eleitorado e na avaliação dos petistas estas regiões serão decisivas na estratégia de tentar garantir a vitória ainda no primeiro turno.

Além dos comícios da quinta-feira (8) no Rio de Janeiro e o do próximo sábado (10), em São Paulo, o ex-presidente prepara para o dia 18 de agosto uma agenda em Belo Horizonte. De acordo com o Ipec, o petista tem 41% das intenções de voto na região com os três maiores colégios eleitorais do Brasil. Na sequência, o presidente Bolsonaro aparece como opção de voto de 30% dos entrevistados.

Além do Sudeste, o petista também pretende promover uma rodada de agendas em estados do Sul. Dentro da campanha de Lula, aliados do petista acreditam que, caso haja uma ampliação de votos em estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no Paraná, as chances de vitória no primeiro turno serão ampliadas. Haverá também um esforço para aumentar a participação da militância nas atividades até o dia 2 de outubro, data do primeiro turno.

"A ideia é padronizar e unificar a campanha nesses 20 e poucos dias, de cima a baixo", defendeu o deputado José Guimarães (PT).

Metodologia da pesquisa citada na reportagem 

A pesquisa Ipec, encomendada pela TV Globo, entrevistou presencialmente 2.512 eleitores entre 2 e 4 de setembro. A margem de erro é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos, para um intervalo de confiança de 95%. O estudo está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00922/2022.

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