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Lula reconhece corrupção durante seu governo, mas volta a atacar operação Lava Jato
O ex-presidente Lula participou de sabatina na noite desta segunda-feira na CNN| Foto: Reprodução

Em sabatina promovida pela CNN na noite desta segunda-feira (12), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputa a corrida presidencial, reconheceu que houve escândalos de corrupção em seu governo, mas negou ter participado dos crimes. O petista voltou a atacar a Lava Jato e alegou que a operação teria sido “transformada numa questão política” para retirá-lo da vida pública.

Questionado sobre o que de fato aconteceu nos escândalos de corrupção durante seu governo, disse que “a minha versão é que algum diretor da Petrobras que reconheceu que roubou, pagou o preço. Eu não posso dizer que não houve corrupção se as pessoas delataram”, declarou o ex-presidente.

Lula, entretanto, criticou o mérito das delações premiadas que, segundo ele, teriam como objetivo tentar culpá-lo. O petista também fez críticas a integrantes da Lava Jato alegando que houve “maracutaia” e “falcatrua” durante os processos nos quais foi acusado.

Por fim, Lula repetiu o discurso que já havia mencionado no debate entre os presidenciáveis veiculado pela TV Bandeirantes no final de agosto, segundo o qual ele teria sido absolvido em 26 processos. “Fui absolvido pela Suprema Corte, fui absolvido na ONU, na primeira e segunda instância. Ou seja, eu sou um cidadão livre, embora pelo fato de as pessoas terem passado cinco anos acreditando na mentira, não querem reconhecer”.

Como mostrado pela Gazeta do Povo, Lula não foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nos dois processos em que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro – nos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia –, as sentenças foram anuladas por questões processuais e não em razão de uma revisão sobre a ocorrência ou não dos pagamentos de propina e tentativas de ocultar a vantagem indevida.

O ex-presidente foi denunciado por corrupção pelo Ministério Público Federal e condenado pela 13ª Vara Federal de Curitiba nos casos do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. Lula ficou preso por 580 dias pelo caso do tríplex, mas foi solto após o STF ter mudado o entendimento sobre a prisão em segunda instância, determinando que ela só pode ocorrer após o trânsito em julgado (fim dos recursos) da ação.

Em 2021, o STF anulou as condenações contra Lula alegando que a 13ª Vara de Curitiba não era o juízo natural da causa e remeteu as investigações para a Justiça Federal do Distrito Federal. Na prática, isso abriu caminho para a prescrição dos crimes. Meses depois, o Supremo declarou o ex-juiz Sergio Moro, que havia condenado Lula, parcial na condução dos processos da Lava Jato contra o ex-presidente.

A anulação das condenações devolveu os direitos políticos ao ex-presidente, que pôde se candidatar nas eleições deste ano ao deixar de ser considerado ficha suja com base na Lei da Ficha Limpa.

Outros temas abordados

Na sabatina, Lula também foi perguntado sobre sua ciência a respeito da existência de loteamento político em cargos de diretoria na Petrobras e questionado a respeito de como faria a nomeação para cargos estratégicos caso seja eleito. O ex-presidente afirmou que a indicação de nomes sugeridos por partidos que apoiam o governo para cargos estratégicos faz parte da democracia e que, caso eleito, isso será mantido, inclusive na indicação para os próximos ministros do STF.

“Como é que você escolhe um ministro da Suprema Corte? Como é que você escolhe um diretor da Polícia Federal? Como é que você escolhe um procurador-geral da República? Como é que você indica os diretores para o Conselho da Petrobras ou para o conselho de outra empresa? É indicação das pessoas que participaram do seu processo”, disse, em referência a integrantes dos partidos coligados em sua chapa.

Sobre a relação de seu governo, caso eleito, com o Legislativo, Lula disse que o objetivo de seu convite para Geraldo Alckmin (PSB) ser o candidato a vice em sua chapa é para que o ex-tucano contribua na articulação com os parlamentares e o presidente da República não seja “refém do Congresso Nacional”.

Ao ser perguntado sobre como seria sua política quanto à demarcação de terras indígenas – umas das exigências de Marina Silva para apoiar a chapa de Lula nestas eleições –, o petista disse que seu eventual governo apoiará a demarcação de terras.

Questionado sobre a falta de apoio do agronegócio à sua candidatura, o presidenciável alegou que “o problema deles conosco hoje é porque eles sabem que no governo do PT não vai ter desmatamento na Amazônia”. E emendou, em seguida: “Há pessoas dentro do setor que são responsáveis e que cuidam do meio ambiente. Essa gente vai continuar trabalhando, e essa gente conosco ganhou muito dinheiro”, afirmou.

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