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Simone Tebet entre Renan Calheiros e Eduardo Braga: senadores são contra candidatura de colega ao Planalto
Simone Tebet entre Renan Calheiros e Eduardo Braga, senadores que são contra candidatura dela ao Planalto.| Foto: Waldemir Barreto /Agência Senad

A candidatura da senadora Simone Tebet (MS) à Presidência da República enfrenta dissidências dentro de seu próprio partido, o MDB; e inclusive corre risco. Uma ala da legenda, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se mobilizou para tentar adiar a convenção do MDB que deve oficializar Tebet como candidata ao Planalto. O encontro está marcado para a próxima quarta-feira (27). O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), reforçou na quarta-feira (20) que pretende realizar convenção nacional na data marcada, mas o grupo pró-Lula promete ir à Justiça para reverter a oficialização da candidatura.

As alas do MDB que defendem a candidatura de Lula ainda estudam o que fazer se realmente a convenção ocorrer e o nome de Tebet for homologado. Uma certeza é que o grupo permanecerá ao lado do petista, seja qual for a decisão da executiva nacional de seu próprio partido.

O senador Renan Calheiros (AL) sugeriu que pode ir aos tribunais para derrubar a convenção do partido. "A postura do Baleia de não conversar sobre alternativas e levar à frente essa obsessão de uma candidatura sem chance nos deixa com um único caminho: a judicialização", disse, em entrevista ao jornal O Globo.

O também senador Marcelo Castro, presidente do diretório do MDB no Piauí, diz que integrantes do partido podem simplesmente desconsiderar o resultado da convenção, sem contestá-la e nem serem por ela influenciados. "Se ela [Simone Tebet] realmente for candidata, ninguém vai criar objeção. Mas aqueles que, pela realidade de seus estados, preferirem apoiar Lula ou [Jair] Bolsonaro (PL), vão continuar apoiando", afirma.

Calheiros e Castro estiverem em um encontro com Lula na última segunda-feira (18), em que representantes do MDB de 11 estados anunciaram o apoio ao ex-presidente. Participaram da reunião outros pesos-pesados do partido, como o líder na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), o do Senado, Eduardo Braga (AM), e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE). O ex-senador busca ser candidato ao governo do Ceará neste ano, com o apoio de Lula.

O grupo pró-Lula do MDB acionou o ex-presidente Michel Temer para pedir a ele que convencesse Baleia Rossi a mudar de opinião e reagendar a convenção do MDB. Mas a estratégia, ao menos em um primeiro momento, não deu certo. Foi após o encontro com Temer que Baleia reiterou o interesse em fazer a convenção no dia 27.

No seu perfil no Twitter, Baleia publicou que a decisão de marcar a convenção para o dia 27 foi tomada de forma unânime em uma reunião no último dia 15. Ele disse que vê possibilidades de crescimento na pré-candidatura de Simone Tebet.

"É praticamente impossível falar de outro candidato", diz senador pró-Lula

A pequena evolução de Simone Tebet, registrada por pesquisas eleitorais, é o que motiva membros do MDB a apoiarem desde já a candidatura de Lula (e, em menor grau, a do presidente Jair Bolsonaro). A senadora ficou em quarto lugar nos levantamentos mais recentes divulgados pelos institutos FSB, Paraná Pesquisas e PoderData. Em todos, está distante de Lula e Bolsonaro e até mesmo de Ciro Gomes (PDT), que tampouco ameaça os líderes.

"Nós torcíamos para que ela crescesse. Mas, infelizmente, o que a gente constata é que ela continua no mesmo patamar", diz o senador Marcelo Castro. O parlamentar explica que a adesão à candidatura de Lula também se explica pela alta popularidade do petista em seu estado. "O Piauí foi o estado que deu a maior votação proporcional ao Fernando Haddad em 2018. Foram 77% dos votos válidos ao PT no segundo turno. Agora, nós esperamos que o desempenho do Lula seja daí para melhor. E onde Lula soma 77%, fica impossível falar em outro candidato", diz.

Castro afirma ainda que tanto Lula quanto Bolsonaro "são conhecidos por 100% do eleitorado", e este ambiente reduz a possibilidade de reviravoltas na disputa atual. "A situação de hoje está cristalizada do seguinte modo: quem é Lula é Lula; e quem é anti-Lula vota no Bolsonaro, que é o mais forte para derrotar o Lula. E a mesma coisa vale para o Bolsonaro. As pessoas que são anti-Lula ou anti-Bolsonaro não escolhem outra opção. Com isso, a terceira via vai sendo esquecida", diz.

PSDB e Cidadania vão apoiar uma candidatura do MDB rachado?

O impasse sobre a oficialização da candidatura de Simone Tebet, com risco de judicialização, pode afetar também o futuro de outros dois partidos: PSDB e Cidadania. As duas legendas anunciaram apoio à pré-candidata do MDB. Mas isso também tem de ser oficializado nas convenções dessa siglas, também marcadas para o dia 27 – a mesma data do evento do MDB. O PSDB deve indicar o vice de Tebet, e o senador Tasso Jereisssati (CE) é o nome mais cotado para o posto.

Caso o MDB realmente confirme a candidatura da senadora e vá "rachado" para a disputa eleitoral, repetirá o que fez em 2018. Na ocasião, o partido lançou o ex-ministro Henrique Meirelles, e a candidatura passou longe de ser endossada pela totalidade da legenda. Meirelles acabou a disputa na sétima colocação.

Metodologia das pesquisas citadas na reportagem

BTG/FSB
O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, dois mil eleitores entre os dias 8 e 10 de julho de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-09292/2022.

Paraná Pesquisas
O Paraná Pesquisas entrevistou pessoalmente 2.020 pessoas com 16 anos ou mais entre os dias 30 de junho e 5 de julho de 2022 em 162 municípios brasileiros, em 26 estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. O levantamento foi contratado pela corretora BGC Liquidez e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-09408/2022.

PoderData
O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3 mil eleitores em 309 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 17 e 19 de julho de 2022. As entrevistas foram feitas por telefone, para fixos e celulares. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-07122/2022.

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