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Policial paulista com câmera na farda: em SP, petista é a favor da ideia e candidato de Bolsonaro é contrário
Policial paulista com câmera na farda: em SP, petista é a favor da ideia e candidato de Bolsonaro é contrário| Foto: Governo de São Paulo

A utilização de câmeras nas fardas dos policiais, medida que se transformou em um dos principais temas do debate pré-eleitoral em São Paulo, divide opiniões entre os principais pré-candidatos dos estados mais populosos do Brasil - e não apenas com os esperados contrastes de opinião entre direita e esquerda, mas sim com discordâncias entre representantes do mesmo grupo ideológico. Alguns pré-candidatos alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) aprovam a medida, enquanto nomes de centro-esquerda mostram ressalva à ação.

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Em São Paulo, a iniciativa lançada pelo governo do PSDB (com João Doria e, depois, Rodrigo Garcia) foi elogiada pelo pré-candidato Fernando Haddad (PT) e criticada pelo ex-governador Márcio França (PSB), que deve ser o nome ao Senado na chapa de Haddad. O nome de Bolsonaro para o governo paulista, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), também se colocou contra a ideia.

A Gazeta do Povo consultou a opinião dos principais pré-candidatos ao governo nos cinco estados mais populosos do Brasil depois de São Paulo: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, e também verificou posicionamentos expressos pelos políticos em entrevistas à imprensa sobre o tema.

Os pré-candidatos foram selecionados de acordo com seus desempenhos em pesquisas eleitorais, especificadas no fim do texto.

Confira, abaixo, a opinião dos pré-candidatos:

Minas Gerais

Governador e pré-candidato à reeleição, Romeu Zema (Novo) está implantando as câmeras de segurança nas fardas dos policiais do estado. Ele defendia a medida desde 2018, quando concorreu pela primeira vez ao governo. Na ocasião, Zema apresentava uma abordagem que repetiu como governador - a de que o uso das câmeras é facultativo. Zema apoiou Bolsonaro em 2018 e, para 2022, os dois mantêm uma relação de “distância estratégica”: não se assumem como nomes preferenciais um do outro, mas deixam no ar uma possível aliança.

O pré-candidato oficial do partido de Bolsonaro, o senador Carlos Viana (PL), é também favorável ao uso de câmeras. Em entrevista recente ao UOL, ele se posicionou de modo favorável à medida e colocou que as câmeras dão mais segurança aos próprios policiais.

A Gazeta do Povo não recebeu retorno da assessoria do pré-candidato Alexandre Kalil (PSD).

Rio de Janeiro

Assim como o que ocorre em Minas Gerais, no Rio um governador alinhado à direita também está executando a medida no estado. Cláudio Castro (PL) lançou as câmeras em maio e participou da solenidade de início do uso dos dispositivos.

Os outros pré-candidatos que lideram a corrida eleitoral, Marcelo Freixo (PSB) e Anthony Garotinho (União Brasil) são também favoráveis à medida. “O bom policial não tem medo de câmera”, declarou Garotinho, em entrevista ao Valor Econômico.

Bahia

O ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), que lidera a corrida eleitoral na Bahia, é contrário ao uso de câmeras nas fardas dos policiais. O posicionamento é o mesmo do deputado João Roma (PL), o pré-candidato que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro.

Já o ex-secretário Jerônimo Rodrigues (PT), o candidato da situação na disputa pelo governo baiano, defende a medida. ACM, Roma e Rodrigues expuseram suas opiniões sobre o tema em entrevistas concedidas ao portal UOL.

Paraná

O governo do Paraná não implantou as câmeras de segurança nas fardas dos seus policiais. A Secretaria de Estado de Segurança disse à Gazeta do Povo, em março, que aguardava a conclusão de estudos que norteariam uma tomada de decisão sobre o tema. A Gazeta voltou a procurar a assessoria do governador Ratinho Junior (PSD), pré-candidato à reeleição, mas não recebeu retorno até a conclusão desta reportagem.

Já o ex-senador e ex-governador Roberto Requião (PT), também pré-candidato ao governo, defendeu a proposição: “isso representa trazer mais transparência para as ações policiais, que não podem ser secretas. Diminui a violência”.

Na mão oposta, o nome do PSDB ao Palácio Iguaçu, César Silvestri Filho (PSDB), condenou a ideia. “Vocês já imaginaram quanto isso vai custar aos cofres públicos? Imagina ter que adquirir 16 mil câmeras para toda a tropa, contratar serviço para armazenar esses vídeos vindos de 16 mil câmeras, que vão gravar 24 horas por dia, 365 dias ao ano. Estamos falando de bilhões de reais de investimento dentro do mandato. Será que é essa a prioridade para segurança pública nesse momento?”, questionou em junho, durante uma reunião em Curitiba, segundo o portal Extra Guarapuava.

Rio Grande do Sul

Os posicionamentos dos pré-candidatos ao governo do Rio Grande do Sul foram destacados em reportagem do jornal Zero Hora sobre o tema. Pré-candidato ao governo e titular do cargo até o início do ano, Eduardo Leite (PSDB) defende a medida, assim como o nome do PT, Edegar Pretto (PT).

Outro pré-candidato que defende a medida é o senador Luis Carlos Heinze (PP). “Trará proteção ao próprio militar”, disse. A postura do parlamentar contrasta com a de outro apoiador do governo Bolsonaro que tenta administrar o governo do Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni (PL). O deputado e ex-ministro foi taxativo ao expor sua opinião sobre o tema: “se eu for governador, isso não vai acontecer”.

Representante da centro-esquerda, Beto Albuquerque (PSB) disse que não é por princípios contrário à medida, mas defende que a adoção das câmeras tenha como ponto de partida a realidade do próprio Rio Grande do Sul, e não de outros estados. Segundo ele, os índices de violência policial no estado gaúcho são bem menores do que os verificados em, por exemplo, Rio de Janeiro e São Paulo.

Metodologia das pesquisas citadas

Para a definição de quais pré-candidatos que seriam consultados para a reportagem, a Gazeta do Povo avaliou os números de pesquisas eleitorais recentes. As especificações seguem abaixo.

Minas Gerais (Datafolha)
O Datafolha entrevistou 1.204 pessoas por entrevista, entre os dias 29 de junho e 1º de julho, em 52 municípios de Minas Gerais. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com os números MG-07688/2022 e BR-08684/2022.

Rio de Janeiro (Datafolha)
O Datafolha entrevistou 1.218 eleitores do Rio de Janeiro entre os dias 29 de junho e 1 de julho. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com os números RJ-00260/2022 e BR-03991/2022.

Bahia (Paraná Pesquisas)
O Paraná Pesquisas entrevistou 1.640 pessoas, entre os dias 30 de junho e 4 de julho. A margem de erro do levantamento é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com o número BA-07579/2022.

Paraná (IRG Pesquisa)
A IRG Pesquisa realizou 1.500 entrevistas por telefone com eleitores no estado do Paraná entre os dias 29 de junho e 3 de julho. A pesquisa tem margem de erro de 2,5 pontos percentuais e nível de confiança de 95%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o protocolo PR-03374/2022.

Rio Grande do Sul (Paraná Pesquisas)
O Paraná Pesquisas entrevistou 1.540 pessoas, entre os dias 27 de junho e 1º de julho. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com o número RS-07079/2022.

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