O deputado federal Luciano Bivar (PE) deverá ser lançado até o fim do mês como pré-candidato à Presidência da República pelo União Brasil. Ele é o presidente nacional da agremiação, que foi formada recentemente com a junção de PSL e DEM. O projeto, entretanto, será exposto ao público já sob restrições. O União Brasil vê a pré-candidatura mais como uma forma de "marcar posição" e tem planos para discutir uma coalizão com os nomes da chamada terceira via na corrida presidencial, como Simone Tebet (MDB), Sergio Moro (Podemos) e João Doria (PSDB).
"[Bivar] nunca externou publicamente o desejo de ser candidato. Mas é um ótimo nome. Ele tem condições de encabeçar essa discussão", afirmou o deputado federal Júnior Bozzella, que é o presidente do partido em São Paulo.
Bivar disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que sugere a criação de um "colégio eleitoral" com a participação de membros do União Brasil e de outros partidos da terceira via para que, juntas, as agremiações apresentem um único nome para a sucessão de Jair Bolsonaro (PL). A ideia do parlamentar é definir a candidatura de acordo com o desempenho dos nomes apresentados nas pesquisas até 1º de junho e referendar a decisão por meio de uma votação em que seriam ouvidos representantes de todos os partidos.
"Isso é uma ideia viável, que está sendo discutida. Nosso objetivo é tentar encontrar uma candidatura que tenha a menor rejeição possível, e que não gere prejuízos nas composições dos estados", declarou o deputado federal Marcelo Freitas, presidente do União Brasil em Minas Gerais.
O União Brasil foi fundado em outubro do ano passado. Na ocasião, o partido falava em três pré-candidatos à Presidência: o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o senador Rodrigo Pacheco (MG) e o jornalista José Luiz Datena. De lá até os dias atuais, os três nomes deixaram de ser opção para a agremiação.
Mandetta informou que pretende concorrer ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, Pacheco migrou para o PSD e Datena não vingou no União – flertou com Republicanos, PL, MDB e, mais recentemente, foi convidado pelo PDT para ser o vice de Ciro Gomes.
Candidatura é para "defender princípios", dizem deputados
O nome de Bivar não chegou a ser testado em pesquisas eleitorais recentes. Os últimos levantamentos de Ipespe e Paraná Pesquisas, divulgados respectivamente nos dias 9 e 11, não consideraram candidaturas do União Brasil. E o deputado não é historicamente um campeão de votos: nunca venceu uma eleição majoritária e nem sequer chegou a ser eleito para a Câmara nas eleições de 2014. Assumiu a cadeira após um dos titulares ser indicado para uma secretaria no governo de Pernambuco.
Mesmo com este cenário desfavorável, membros do União Brasil veem em Bivar um nome ideal para "defender os princípios" do partido. "O partido já nasceu com a proposta da candidatura própria. Nosso DNA é o de combater extremos. E de defender liberalismo, liberdade e o Estado Democrático de Direito. Uma proposta deste tamanho teria que ter uma candidatura à Presidência", reforça Bozzella, que vê em Bivar as credenciais para "capitanear o projeto de unir as forças democráticas".
"Nós temos tempo de rádio e TV para fomentar nossas bandeiras e princípios", reforçou o deputado Freitas. O União Brasil nasceu como o maior partido do Congresso, o que garante à agremiação tempo de destaque nas programações gratuitas de rádio e televisão.
O próprio nome do União Brasil também serviria para aplacar as diferentes correntes que existem no partido. Hoje, a agremiação reúne seções favoráveis a uma composição com Bolsonaro e outras que rejeitam o presidente da República – o deputado Bozzella é um exemplo deste último grupo, formado principalmente por antigos apoiadores de Bolsonaro que posteriormente se apresentaram como desiludidos com o governo.
"A questão nacional não influencia na disputa local. O diretório nacional nos deu liberdade para conduzir as negociações de forma mais tranquila possível", afirmou Freitas. O partido, em Minas, cogita apoiar a reeleição do governador Romeu Zema (Novo).
Bivar ficou em último lugar em 2006
Se Luciano Bivar realmente disputar a eleição presidencial, será a segunda experiência dele como candidato ao principal posto da República. A primeira foi em 2006, quando concorreu pelo PSL, partido do qual já era o presidente.
A experiência não foi positiva para Bivar. Ele foi o último colocado da disputa, vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então candidato à reeleição. Bivar ficou atrás também de Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (Psol), Cristovam Buarque (PDT), Ana Maria Rangel (PRP) e José Maria Eymael (PSDC). Ele teve pouco mais de 62 mil votos – menos do que obteve em 2018, quando foi eleito deputado federal por Pernambuco.
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