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Lula e Bolsonaro
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Ricardo Stuckert/PT e Isac Nóbrega/PR

Duas pesquisas eleitorais para presidente divulgadas nesta quarta-feira (8), do PoderData e da Genial/Quaest, indicam a consolidação de um cenário de polarização entre os pré-candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com vantagem para o petista. Contudo, os números captados pelas empresas são diferentes.

Em um cenário de primeiro turno com 13 pré-candidatos, a pesquisa Genial/Quaest mostra uma diferença de 16 pontos percentuais entre Lula e Bolsonaro. Com 46% das intenções de voto em Lula contra 41% dos demais pré-candidatos (Bolsonaro marcou 30%), a sondagem sugere que o petista poderia ter vencido no primeiro turno se as eleições tivessem ocorrido no dia em que a pesquisa foi feita. A margem de erro é de dois pontos percentuais (veja a metodologia abaixo).

Apesar disso, o próprio CEO da Quaest, Felipe Nunes, disse, ao avaliar os resultados da pesquisa, não acreditar que as eleições de outubro sejam decididas em primeiro turno. "Tendo a ser um pouco mais conservador na análise. Acho que uma eleição [decidida] em primeiro turno é difícil", comentou, ressaltando que a campanha eleitoral, que ainda não começou, pode mudar o cenário observado agora.

Segundo ele, o que pode aumentar as chances de uma definição em primeiro turno daqui para frente é a diminuição do número de candidatos na disputa e o aumento da avaliação negativa da administração do presidente Jair Bolsonaro. Segundo a Genial/Quaest de junho, 54% disseram que o governo estava "pior do que esperavam" – seis pontos percentuais a mais do que o registrado na pesquisa de maio, mas próximo do nível captado em janeiro (55%).

Já o PoderData traz um cenário mais equilibrado entre os dois principais pré-candidatos: Lula com 43% e Bolsonaro com 35%. Ou seja, uma diferença de oito pontos percentuais. Se considerada a margem de erro de dois pontos percentuais, a diferença mínima poderia ser de quatro pontos e a máxima, de 12.

A diferença entre os institutos pode ser explicada por um fenômeno chamado house effects, que são os vieses ou vícios estatísticos associados à maneira como o instituto faz a pesquisa, como mostrou a Gazeta do Povo em uma reportagem recente. O PoderData, por exemplo, faz as entrevistas por telefone, enquanto a Quaest faz pesquisas presenciais.

Lula e Bolsonaro: a intenção de voto por região

As duas pesquisas também mostraram as intenções de voto por região no primeiro turno.

Segundo o PoderData, Lula lidera no Nordeste, com 57%, contra 22% do presidente. Nas demais regiões, há empate técnico, já que a margem de erro da amostra estratificada é maior do que a da pesquisa geral – varia de 2,7 pontos percentuais no Sudeste a 6,9 pontos no Centro-Oeste.

Bolsonaro tinha uma vantagem numérica de sete pontos sobre Lula no Sul (41% contra 34%), de dois pontos no Centro-Oeste (41% contra 39%) e de quatro pontos no Norte (39% contra 35%). No Sudeste, a vantagem era de Lula. Ele tinha um ponto a mais do que Bolsonaro (40% do petista, contra 39%).

A Genial/Quaest também mostrou uma liderança consolidada de Lula no Nordeste, com 65% das intenções de voto. Lá, o presidente tinha 16%. Mas diferentemente do PoderData, a Quaest indicou uma vantagem maior do petista no Sudeste: uma diferença de 11 pontos (42% contra 31%). Por outro lado, a empresa sugere que Bolsonaro lidera no Centro-Oeste: ele tinha 47% e o petista, 23%. No Norte e no Sul eles apareciam empatados tecnicamente, com pequena vantagem para o petista.

PoderData: Bolsonaro tem 49% das intenções de voto dos evangélicos

O PoderData também acompanha as intenções de voto por religião dos entrevistados. A pesquisa desta quarta-feira mostra que Jair Bolsonaro é o pré-candidato favorito dos eleitores que se declararam evangélicos. Ele aparecia com 49% das intenções de voto no primeiro turno, enquanto Lula marcava 26%.

Entre os católicos, porém, a vantagem está com Lula. Quando a pesquisa foi feita, ele era o preferido de 50% dos eleitores deste segmento. Bolsonaro tinha 30% das intenções de votos.

Genial/Quaest: o impacto da economia

A Genial/Quaest traz, em uma série de perguntas, números que indicam uma rejeição maior do presidente, em relação a Lula. Em uma delas, 62% responderam que Bolsonaro não merece um segundo mandato, enquanto 54% disseram que o petista não merece voltar a ser presidente.

Parte dessa insatisfação com o governo parece estar relacionada à economia, considerado por 44% dos entrevistados como o principal problema do país. A preocupação com a inflação, segundo a Quaest, vem aumentando consistentemente desde o começo do ano, sendo elencada como principal problema por 23% dos eleitores entrevistados. O levantamento também mostrou que 63% consideravam que a economia piorou no último ano – e para 56% dos eleitores entrevistados, a situação econômica influencia muito na hora de escolher um candidato a presidente.

Também pesa sobre o presidente a questão do aumento dos preços dos combustíveis: 28% o consideram responsável por isso. Dentre as outras opções de resposta (Petrobras, governadores, guerra Rússia-Ucrânia, etc), ele foi o mais citado.

De acordo com a Quaest, 47% dos entrevistados tem uma avaliação negativa do governo de Jair Bolsonaro. O número, porém, já foi pior no começo do ano, quando passou de 50%. A aprovação está em 25%, enquanto que 26% consideram a gestão regular.

Na avaliação de José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, a situação econômica do país é extremamente delicada, principalmente devido à inflação de cerca de 12%. Apesar do índice de desemprego estar caindo – o que deve favorecer Bolsonaro, segundo o especialista –, a inflação deve ter um peso eleitoral maior porque afeta a sociedade como um todo. Por isso, avalia Camargo, o governo tem adotado medidas no intuito de atacar esse problema, seja ao trocar o presidente da Petrobras (algo que, segundo a pesquisa foi aprovado por 42% dos entrevistados) ou ao propor a redução de ICMS e impostos federais sobre os combustíveis (o que não foi medido pela pesquisa).

"Se essa redução do ICMS realmente chegar ao valor final dos bens, você terá uma sensação de aumento de bem estar, porque a renda real das famílias vai efetivamente aumentar, o que pode afetar o cenário eleitoral nos próximos meses", finalizou.

Metodologia das pesquisas citadas

O levantamento do PoderData, feito com recursos próprios, ouviu 3 mil eleitores em 309 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 5 a 7 de junho de 2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-01975/2022.

A pesquisa foi realizada pelo instituto Quaest e contratada pelo Banco Genial. Foram ouvidos 2.000 eleitores entre os dias 2 e 5 de junho de 2022 em todas as regiões do país. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no TSE, sob o protocolo BR-03552/2022, e pode ser acessado na íntegra neste link.

Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais

A Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. Você pode conferir os levantamentos mais recentes neste link, além de reportagens sobre o tema.

As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população. Métodos de entrevistas, a composição e o número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar o resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.

Feitos esses apontamentos, a Gazeta considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.

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