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Institutos de pesquisa divulgaram levantamentos de intenção de voto após início oficial da campanha| Foto: Gazeta do Povo

Na primeira semana com a campanha eleitoral, quatro institutos de pesquisa divulgaram levantamentos de intenção de voto para presidente: Quaest, PoderData, Ipec e Datafolha.

Em todos eles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa pela Presidência. A vantagem do petista sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), varia de sete a 15 pontos percentuais.

  • Quaest: Lula tem 45%, contra 33% de Bolsonaro;
  • PoderData: Lula tem 44%, contra 37% de Bolsonaro;
  • Ipec: Lula tem 44%, contra 32% de Bolsonaro;
  • Datafolha: Lula tem 47%, contra 32% de Bolsonaro. 

Ainda que existam diferenças entre os institutos, algumas tendências aparecem nas quatro pesquisas. Veja, a seguir, quatro pontos em comum entre os levantamentos.

1. Estabilidade de Lula e crescimento lento de Bolsonaro

As pesquisas têm demonstrado certa estabilidade de Lula, enquanto Bolsonaro vem, aos poucos, crescendo na preferência do eleitorado.

No caso do Datafolha, pesquisa realizada em maio mostrava Lula com 48%, e Bolsonaro, com 27% (diferença de 21 pontos percentuais). Na pesquisa desta semana, a vantagem do petista ainda é grande, mas diminuiu para 15 pontos percentuais. 

A Quaest também apontou para aumento da preferência por Bolsonaro, enquanto Lula permaneceu no mesmo patamar. O petista oscilou dentro da margem de erro entre maio e agosto (de 46% para 45%). Já Bolsonaro foi de 29% para 33%, crescimento de dois pontos percentuais além da margem de erro, que também é de dois pontos.

Se considerarmos pesquisas mais antigas, o aumento de Bolsonaro é mais significativo: em janeiro, 23% dos eleitores diziam que votariam nele, contra 45% de Lula, segundo a Quaest. 

No levantamento do PoderData, Lula saiu de 43% em maio para 44% em agosto, enquanto Bolsonaro foi de 35% para 37%. Nesse caso, a oscilação foi dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais.

2. Eleitores decididos

As pesquisas também apontam número significativo de eleitores que afirmam já ter decidido em quem votarão para presidente. Segundo o Ipec, 77% já sabem em quem vão votar. Se considerados apenas os que declararam voto em Lula ou em Bolsonaro, o percentual sobe para 82%.

No Datafolha, eleitores que se dizem decididos quanto a seu voto são 75%. Entre os que vão votar em Lula, a certeza é de 83%; e, junto aos que dizem que escolherão Bolsonaro, de 80%.

Segundo Lucas Fernandes, coordenador de análise política da BMJ Consultores Associados, ainda que as pessoas afirmem estar decididas, pode haver alguma mudança dependendo do que ocorrer da campanha.

“A diferença é que tanto o Lula quanto o Bolsonaro são muito conhecidos, então é difícil imaginar algum elemento que faça essas pessoas mudarem de ideia. Quem vota no Bolsonaro hoje vota sabendo o que ele fez; quem vota no Lula, também”, explica. 

Segundo o Datafolha, eleitores menos convictos estão com Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB): no primeiro caso, 64% afirmam que ainda podem mudar de candidato; no segundo, 55% admitem a possibilidade de mudança. 

“O voto do Ciro tende a ir para o Lula, por uma questão ideológica. Se houver um fenômeno do voto útil, por exemplo, esse eleitor poderia acabar definindo as eleições ainda no primeiro turno”, opina Fernandes.

3. Voto por religião e sexo

Os levantamentos também demonstraram tendências entre eleitores de dois grupos religiosos. 

De um lado, evangélicos têm preferência por Bolsonaro: no Datafolha, 49% dos eleitores desse segmento afirmam que votarão no presidente; no Ipec, 47%; no PoderData e na Quaest, 52%.

De outro, entre os católicos, há vantagem de Lula. Nas pesquisas do Ipec e do PoderData, 51% dos católicos dizem que votarão em Lula; no Datafolha e na Quaest, 52%.

As pesquisas também mostram que mulheres e homens diferem no voto para presidente. Entre os homens, a diferença entre Lula e Bolsonaro é menor. Enquanto para as mulheres a preferência pelo presidente varia entre 27% (Ipec) e 31% (PoderData), entre os homens vai de 35% (Datafolha) e 44% (PoderData).

4. Auxílio Brasil

O efeito do aumento do valor do Auxílio Brasil ainda está sendo medido pelas pesquisas eleitorais, já que a primeira parcela de R$ 600 começou a ser paga no dia 9 de agosto. Todos os levantamentos apontam que, ainda com o benefício, Lula lidera entre os mais pobres.

Segundo o Ipec, Lula tem 52% das intenções de voto entre eleitores que moram em domicílios nos quais alguém recebe um benefício do governo federal. Bolsonaro marcou 27%.

No Datafolha, quem recebe ou mora com alguém que recebe o Auxílio Brasil também afirmou preferir Lula (56%) a Bolsonaro (28%).

A pesquisa da Quaest tem diagnóstico parecido: 57% dos que recebem o benefício dizem que irão votar em Lula, frente a 27% de Bolsonaro.

A pesquisa do PoderData, por sua vez, mostra uma diferença bem menor entre Lula e Bolsonaro quando considerados apenas os beneficiários do Auxílio Brasil, mesmo que Lula ainda lidere neste segmento do eleitorado. Segundo o levantamento, o petista tem 47% das intenções de voto nesse segmento, frente a 39% de Bolsonaro.

Os resultados distintos têm relação com a metodologia das pesquisas, explica Otávio Catelano, doutorando em Ciência Política pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). O PoderData realiza as entrevistas por telefone, enquanto os demais institutos fazem as perguntas em conversas face a face.

“Isso influencia [o resultado] por vários motivos. Por exemplo, a pessoa que vai ficar diante de um telefone respondendo perguntas de pesquisa é mais interessada [em política], tem mais certeza sobre seu voto. É difícil de convencer alguém menos interessado a responder por telefone”, diz. 

Além disso, as ligações podem ter mais dificuldade em alcançar as pessoas que recebem o auxílio, que podem viver em condições mais precárias.

Isso não significa, porém, que os resultados estejam errados ou que não devam ser considerados. “A gente nunca pode olhar uma pesquisa de forma isolada, mas sim em conjunto com as outras”, afirma Catelano.

Metodologia das pesquisas citadas

PoderData 

Maio

O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3 mil eleitores em 301 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 22 e 24 de maio de 2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-05638/2022.

Agosto

O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3,5 mil eleitores em 331 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 14 e 16 de agosto de 2022. As entrevistas foram feitas por telefone, para fixos e celulares. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-02548/2022.

Datafolha 

Maio

O Datafolha entrevistou 2.556 eleitores entre os dias 25 e 26 de maio em 181 cidades. O levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-05166/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

Agosto

O Datafolha entrevistou 5.744 eleitores entre os dias 16 e 18 de agosto em 281 cidades. O levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo e pela TV Globo e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-09404/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

Ipec

O Ipec entrevistou 2 mil eleitores em 130 municípios entre os dias 12 e 14 de agosto de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e está registrada no TSE com o protocolo BR-03980/2022.

Quaest 

Janeiro

A pesquisa do Instituto Quaest, encomendada pelo Banco Genial, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00075/2022. O levantamento ouviu 2 mil eleitores entre os dias 6 e 9 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos; e o nível de confiança é de 95%.

Maio

A pesquisa foi realizada pelo instituto Quaest e contratada pelo Banco Genial. Foram ouvidos 2.000 eleitores entre os dias 5 e 8 de maio de 2022 em todas as regiões do país. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral, sob o protocolo BR-01603/2022.

Agosto

A pesquisa divulgada pela CNN Brasil em 17 de agosto foi realizada pelo instituto Quaest e contratada pelo Banco Genial. Foram ouvidos 2.000 eleitores presencialmente entre os dias 11 de agosto e 14 de julho de 2022 em todas as regiões do país. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral, sob o protocolo BR-01167/2022.

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