A presença de dezenas de candidatos que carregam um sobrenome de algum político já conhecido no Paraná se repetiu na corrida eleitoral de 2022, com vitórias e derrotas nas urnas, e também com a formação de uma curiosa ligação familiar entre Curitiba e Brasília. Seis dos 30 deputados federais eleitos para atuarem na Câmara têm vínculo familiar com um deputado estadual eleito para uma cadeira na Assembleia Legislativa, na capital paranaense. Os Barros, os Wandscheer, os Francischini, os Maria, os Litro e os Cruz de Oliveira terão um representante em cada Casa. A lista poderia ser maior, não fosse a derrota parcial dos Canto, dos Canziani e dos Dantas. E o fracasso da família “Boca Aberta”, que não conseguiu nenhuma das duas cadeiras que disputava.
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O deputado federal reeleito Toninho Wandscheer (Pros) conseguiu eleger o filho Alisson Wandscheer (Pros) para deputado estadual. Ex-vereador de Fazenda Rio Grande, Alisson Wandscheer já tinha tentado uma vaga na Assembleia Legislativa em outros pleitos, sem sucesso. Outro estreante na Assembleia Legislativa será Matheus Veloso Maria, o Matheus Vermelho (PP), que é filho do deputado federal reeleito Nelsi Coguetto Maria (PL), o Vermelho.
Além disso, uma dobradinha já conhecida do eixo entre Curitiba e Brasília se mantém: o deputado federal reeleito Ricardo Barros (PP) e sua filha Maria Victoria Borghetti Barros (PP), reeleita deputada estadual.
A família Francischini também permanece no poder: embora Fernando Francischini tenha sido cassado e perdido o mandato de deputado estadual conquistado em 2018, sua esposa, a vereadora de Curitiba Flávia Francischini (União), foi eleita agora para a Assembleia Legislativa. Do outro lado, na Câmara em Brasília, Felipe Francischini (União), filho de Fernando, foi reeleito para mais um mandato de deputado federal.
Outra família que sai vitoriosa nas urnas do último dia 2 é a dos irmãos de Ponta Grossa Sandro Alex (PSD) e Marcelo Rangel (PSD), da família Cruz de Oliveira. Sandro Alex foi reeleito deputado federal e Marcelo Rangel ganhou um mandato de deputado estadual. Ex-prefeito de Ponta Grossa, Rangel já tinha exercido mandato na Assembleia Legislativa.
A família Litro também terá um representante em cada Casa. O atual deputado estadual Paulo Litro (PSD), filho do ex-deputado estadual Luiz Fernandes Litro, foi eleito deputado federal. Para a Assembleia Legislativa, foi eleito Adão Fernandes Litro (PSD), tio de Paulo Litro.
Parcialmente vitoriosos
Outros políticos que fizeram campanhas ao lado de parentes tiveram vitórias parciais. A deputada estadual Mabel Canto (PSDB) conseguiu ser reeleita, mas o seu pai, o ex-deputado estadual Jocelito Canto (PSDB), foi barrado pela Justiça Eleitoral e a vaga de deputado federal conquistada nas urnas acabou ficando com Beto Richa (PSDB). Jocelito Canto ainda recorre. O ex-deputado federal Alex Canziani (PSD) também não conseguiu se eleger deputado estadual, ao contrário da filha, Luísa Canziani (PSD), reeleita deputada federal.
Ao contrário das famílias Canto e Canziani, os Dantas ainda não possuem uma longa trajetória na vida política. Mas, conseguiram eleger o empresário Samuel Dantas (Pros) para a Assembleia Legislativa. Seu irmão Rafael Dantas (Pros) não foi eleito deputado federal.
Além disso, também o ex-senador Roberto Requião (PT) não conseguiu voltar ao Palácio Iguaçu, mas o deputado estadual Requião Filho (PT) foi reeleito para a Assembleia Legislativa.
Transferência de votos?
Para alguns casos, o sobrenome pesou na corrida eleitoral. O atual deputado estadual Francisco Bührer (PSD) preferiu não disputar a reeleição, mas, conseguiu transferir votos para o filho Thiago Bührer (União), que conquistou uma vaga na Assembleia Legislativa. De Cascavel, Nelson Fernando Padovani (União), filho do ex-deputado federal Nelson Padovani, conquistou uma vaga para a Câmara dos Deputados.
Já a família Arns – do atual senador Flávio Arns (PODE) – não comemorou o resultado do último dia 2: sua filha Carol Arns (PODE) não foi eleita deputada estadual. A empresária de Londrina Alessandra de Andrade Vieira (Republicanos) – que é filha do ex-senador José Eduardo de Andrade Vieira, falecido em 2015 - também não fez número de votos suficientes para ganhar uma cadeira de deputada federal.
Outro que não foi eleito foi o candidato Alborghetti Neto (PP), que tentava uma vaga de deputado federal. Ele é neto do ex-deputado estadual e apresentador de televisão Luiz Carlos Alborghetti, morto em 2009. Matheus Simões (PP) também não conseguiu uma cadeira de deputado estadual. Ele é filho do ex-deputado estadual por cinco mandatos e apresentador de televisão Carlos Simões, morto em abril último.
A candidata a deputada federal Carla Scarpelini (Solidariedade), de Apucarana, também não foi eleita. Ela é filha do ex-deputado federal Carlos Scarpelini e sobrinha do ex-deputado estadual por quatro mandatos José Domingos Scarpelini, falecido em 2018. O ex-prefeito de União da Vitória Santin Roveda (União), filho do ex-deputado federal Airton Roveda, também não foi eleito deputado federal.
Além disso, há os políticos que começaram a trajetória na vida pública “apadrinhados” pelo sobrenome, mas que já exerceram até mais de um mandato eletivo e seguem no poder: caso, por exemplo, do deputado federal reeleito Pedro Lupion (PP) e dos deputados estaduais reeleitos Tiago Amaral (PSD), Anibelli Neto (MDB), Cristina Silvestri (PSDB) e Artagão Junior (PSD).
Família Boca Aberta tem dupla derrota
Já a família Boca Aberta, de Londrina, saiu duplamente derrotada nas urnas do último dia 2. A vereadora de Londrina Marly de Fátima Ribeiro, a Mara Boca Aberta (Pros), não conseguiu se eleger deputada federal. Ela tinha o marido como principal cabo eleitoral, o ex-vereador e ex-deputado federal Emerson Miguel Petriv, o Boca Aberta. Ele perdeu o mandato de deputado federal no final do ano passado, quando o TSE concluiu que a cassação em 2017, na Câmara de Londrina (por quebra de decoro parlamentar), o tornava inelegível por 8 anos. Assim, o TSE tirou o diploma obtido por ele em 2018 para a vaga na Câmara dos Deputados. Já o filho do casal, o atual deputado estadual Matheus Viniccius Ribeiro Petriv, o Boca Aberta Junior (Pros), não conseguiu ser reeleito e ficou de fora da Assembleia Legislativa.
Casais
A família Moro saiu vitoriosa: o casal Sergio Moro e Rosângela Moro, ambos do União Brasil, foram eleitos senador pelo Paraná e deputada federal por São Paulo. Na esteira disso, também sai bem das urnas o empresário Ricardo Augusto Guerra (União), segundo suplente de Sergio Moro e irmão do deputado estadual reeleito Luiz Fernando Guerra Filho (União). Eles são sobrinhos do ex-deputado federal Alceni Guerra, que foi ministro da Saúde na gestão Collor.
Quem também figurava em uma chapa ao Senado era a vereadora de Assis Chateaubriand Franciane Micheletto (PL), primeira suplente do candidato derrotado nas urnas Paulo Martins (PL). Ela é esposa do deputado estadual reeleito Marcel Micheletto (PL), que, por sua vez, é filho do ex-deputado federal Moacir Micheletto. Ele exercia o sexto mandato na Câmara Federal quando faleceu, vítima de um acidente de carro, em 2012.
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